“Já não é tabu ir trabalhar com dor”, diz ministra da Igualdade espanhola sobre licença menstrual

“Já não é tabu ir trabalhar com dor”, diz ministra da Igualdade espanhola sobre licença menstrual


Esta medida foi implementada, pela primeira vez, no Japão, em 1947, para que as operárias fabris não estivessem sujeitas a tanto esforço físico durante a fase menstrual.


Espanha tornou-se no primeiro país da Europa a aprovar uma licença menstrual de três dias. Volvida uma semana da apresentação, por parte do Executivo de esquerda espanhol, de um projeto que cria uma “baixa menstrual” para as mulheres a partir dos 16 anos que sofrem de fortes dores quando têm a menstruação, o prometido foi cumprido.

“Vamos ser o primeiro país da Europa a introduzir uma licença temporária por doença totalmente financiada pelo Estado para períodos dolorosos e incapacitantes”, explicou a ministra da Igualdade, Irene Montero, em conferência de imprensa após a apresentação do novo projeto de lei, adiantando que “já não é tabu ir trabalhar com dor, ter de tomar comprimidos antes de ir trabalhar ou ter de esconder”.

A dirigente que pertence ao partido de extrema-esquerda Podemos, parceiro minoritário no Governo “feminista” liderado pelo Partido Socialista espanhol (PSOE), já informara que esta nova licença teria de ser assinada pelo médico que acompanha e trata a doente e “não teria um limite de tempo”. No entanto, numa versão preliminar do projeto de lei, à qual os órgãos de informação tiveram acesso, era referida a duração de três dias que poderia ser prolongada até cinco.

Esta medida foi implementada, pela primeira vez, no Japão, em 1947, para que as operárias fabris não estivessem sujeitas a tanto esforço físico durante a fase menstrual. De seguida, foi adotada por países como a Coreia do Sul e Taiwan. Posteriormente, foi instaurada em nações como a Indonésia e a Zâmbia, sendo que, nesta última, curiosamente, falar sobre a menstruação ainda constitui um tabu.

Segundo as conclusões de um estudo publicado no British Medical Journal, no ano passado, 14% das 32.748 mulheres holandesas em período fértil inquiridas pediram baixa laboral ou escolar durante a sua fase menstrual. Por outro lado, cerca de 68% admitiram que gostariam de ter a oportunidade de usufruir de um horário de trabalho ou estudos mais flexível durante estes dias.

Mais de 80% das inquiridas – mais exatamente, 81% – indicaram que foram trabalhar independentemente da fase em que se encontravam, apesar de reconhecerem que podem ter sido menos produtivas.