Cerca de 40% dos portugueses revela que, depois do pagamento das suas contas, sobra-lhes menos 10% do seu rendimento. E, para muitos, é provável que existam difculdades em conseguir suportar este aumento generalizado de preços.
Esta é uma das principais conclusões do estudo European Consumer Payment Report, da Intrum, que revela ainda que os consumidores portugueses estão entre os que sentem maiores dificuldades para gerir o pagamento das suas dívidas.
“À medida que a recuperação da economia acelera, o aumento da inflação em toda a Europa está a fazer com que alguns consumidores vejam as suas finanças a degradar-se. Este crescimento da inflação na Europa, causado em grande parte pelo aumento dos preços da energia e cadeias de abastecimento interrompidas, já está afazer disparar a ansiedade financeira entre os consumidores”, diz a Intrum.
Os dados mostram ainda que apenas 64% dos inquiridos entendem como o seu dinheiro seria afetado se a inflação fosse maior do que a taxa de juros sobre a poupança, por exemplo, o que realça a necessidade de uma educação financeira mais sólida.
No contexto de inflação, os dados demonstram também que um em cada sete (16%) dos inquiridos afirma que não tem controlo sobre o seu endividamento. Em Portugal, 10% afirma não saber quanto deve.
Por grupos etários, a Intrum diz que as gerações mais jovens são as que revelam menos interesse em saber o valor total das suas obrigações financeiras. Dos inquiridos portugueses, a geração Z (18-21 anos) destaca-se com 23%, praticamente o dobro do grupo etário dos 22 aos 37 anos, com 12%. Já os homens afirmam ter menos interesse no conhecimento das suas obrigações financeiras (13%) do que as mulheres (7%).
Mas há mais. 70% dos portugueses diz estar preocupado que as taxas de juro elevadas do seu país possam ter um impacto negativo no seu bem-estar financeiro. O valor é muito superior ao da média europeia: 48%.
A Intrum revela também que 25% dos europeus pede emprestado mensalmente, um valor entre dez e vinte e cinco por cento dos seus rendimentos mensais. Em Portugal, este valor situa-se nos 23%, um aumento significativo de cinco pontos percentuais face a 2020. “Situação que pode trazer preocupações adicionais com o aumento da inflação e em particular para quem afirma não ser sua prioridade saber o impacto que eventuais alterações nas taxas de juro possam ter nas obrigações financeiras assumidas (21% dos inquiridos em Portugal)”, diz.
“A pandemia deixou alguns grupos de consumidores em situação financeira delicada e alguns contraíram dívidas adicionais para sobreviverem até ao fim do mês. O nosso estudo revela que muitos perderam a noção do valor total da sua dívida”, diz Luís Salvaterra, diretor-geral da Intrum Portugal, acrescentando que, “por este motivo e com o aumento da inflação, esperamos mais problemas com pagamentos no futuro. As empresas irão precisar de rever as suas estratégias de gestão de crédito para enfrentar os desafios futuros e reduzir as perdas por incobráveis. Por outro lado, os consumidores devem ter um comportamento responsável nas suas compras e aquisições de bens”, finaliza.