O ex-presidente do governo catalão, o independentista Carles Puigdemont, vai abandonar a presidência do Juntos pela Catalunha (JxCat) no congresso do partido que se realiza a 04 de junho em Argelers, no sul de França, foi hoje divulgado.
Puigdemont, que é eurodeputado europeu e encontra-se fugido à Justiça espanhola desde 2017, anunciou a sua decisão numa carta aos militantes da força partidária avançada pela imprensa catalã e citada pela agência EFE.
Na missiva conclui que "é agora necessário" que o JxCat "tenha uma nova presidência", que "participe permanentemente nas reuniões executivas, que participe em profundidade nas decisões políticas que têm de ser adotadas", algo de que ele, a partir da Bélgica, se tem distanciado para se concentrar no Conselho para a República, uma outra instituição independentista.
"É por isso que não vou apresentar a minha candidatura à renovação da presidência do partido", anunciou Puigdemont, o que deixa a renovação da liderança do JxCat ainda mais aberta, uma vez que o atual secretário-geral, Jordi Sànchez, anunciou também que não se candidatará à reeleição.
O partido criado por Puigdemont pretende renovar os seus dirigentes e aspira voltar a ser a formação independentista mais votada na região autónoma da Catalunha.
A tentativa de autodeterminação da Catalunha em outubro de 2017 foi uma das piores crises que a Espanha viveu desde o fim da ditadura de Franco, em 1975.
O governo regional liderado então por Puigdemont realizou um referendo sobre a autodeterminação em 01 de outubro de 2017, que foi marcado por violência policial e seguido, algumas semanas mais tarde, por uma declaração de independência.
O executivo central, em Madrid, na altura liderado pelo Partido Popular (direita), colocou a região sob tutela e prendeu os principais líderes do movimento que não tinham fugido para o estrangeiro.
Em fuga desde 2017 devido ao seu papel na tentativa falhada de independência da região, Carles Puigdemont continua a ser procurado pelo sistema judicial espanhol, que o acusa de "sedição" e "apropriação indevida de fundos públicos".
O movimento independentista, apesar de continuar a ser maioritário na Catalunha, tem perdido a força reivindicativa, nomeadamente depois de em 2021 o Governo liderado pelo socialista Pedro Sánchez ter concedido indultos a nove líderes independentistas que foram detidos em 2017 e condenados à prisão em 2019, depois de um julgamento histórico em que Puigdemont foi o principal ausente.