CNPD vai investigar se foram violados dados de refugiados em Setúbal. Lisboa foi multada em 1,2 milhões

CNPD vai investigar se foram violados dados de refugiados em Setúbal. Lisboa foi multada em 1,2 milhões


Anúncio foi feito pelo primeiro-ministro este domingo


O primeiro-ministro anunciou este domingo que o Governo vai remeter o pedido de um inquérito feito pela Câmara de Setúbal sobre o controverso acolhimento de ucranianos no concelho, onde participaram elementos de uma associação de imigrantes de leste acusada de propaganda russa, às entidades competentes. António Costa, que falou aos jornalistas à entrada para uma peça de teatro, não escondeu no entanto o mal-estar gerado por esta situação: “A Câmara de Setúbal não nos pediu qualquer esclarecimento nem sobre a associação nem sobre o senhor referido na notícia do semanário Expresso. A carta o que contém são, essencialmente, vários protestos por declarações da senhora embaixadora da Ucrânia em Portugal, e nós remetemos para o Ministério dos Negócios Estrangeiros para os fins tidos por convenientes”, começou por explicar o primeiro-ministro.

António Costa acrescentou que “a Câmara de Setúbal pediu agora um inquérito” mas ao Ministério da Administração Interna. "Também não sei porquê. O senhor ministro vai remeter para as duas entidades que têm competência pata fazer algum inquérito nesta matéria: por um lado, a Comissão Nacional de Proteção de Dados para saber se houve ou não violação das regras de proteção de dados”, adiantou. Por outro, a pasta será passada à Ministra da Coesão.

“Não vale a pena estarmos a alimentar suspeições e dúvidas, se houver algum comportamento ilegal as instituições atuarão, se não houver toda a ajuda é bem-vindo e não podemos estar sempre a levantar suspeições sobre tudo”, defendeu António Costa, apelando à serenidade enquanto se aguardam conclusões.

Segundo o que tem sido veiculado, as questões aos ucranianos que chegaram a Setúbal incluíam pedidos de informação sobre o paradeiro de familiares na Ucrânia e dados de identificação.

Recorde-se que a Comissão Nacional de Proteção de Dados investigou já no ano passado a polémica da cedência de dados à embaixada russa por parte da Câmara de Lisboa. No início do ano, a CML foi multada em 1,2 milhões de euros pela CNPD, a soma de 225 coimas parcelares por violação de várias disposições" do Regimento Geral sobre a Proteção de Dados, nomeadamente "falta de licitude, violação dos princípios da minimização e da conservação dos dados e incumprimento das obrigações de transparência".