Num momento em que o PPD/PSD se digladia (uma vez mais), para construir um novo rumo, novos campeões se apresentam para a justa.
Nos últimos dois anos, as candidaturas de Luís Montenegro e Paulo Rangel, compreenderam que era fundamental reformar o partido para melhor servir os portugueses. Porém, das duas vezes, uma maioria tangencial chumbou essa reforma e elegeu Rui Rio.
Depois os portugueses chumbaram Rui Rio.
A próxima liderança está fadada a um primeiro mandato num ciclo sem legislativas ou autárquicas. Para uns, um deserto, para outros, uma oportunidade de reorganizar, reformar e preparar o partido para um novo horizonte de serviço público e de proximidade política.
Desde a sua criação que o PPD/PSD está, basicamente, organizado da mesma maneira. Estamos desde 1974 a clamar por proximidade da sociedade civil, porém alicerçados na mesma estrutura centralizadora que fundou o partido. Nessa altura, esse centralismo era característico de organizações embrionárias, porém há muito que o PSD deixou de ser uma organização embrionária.
Hoje em dia as estruturas centralizadoras nada mais servem do que potenciar tiques isolacionistas, criando as condições para promoção de purgas ou para a introdução do delito de opinião na reflexão partidária. Se os portugueses entendessem que o pensamento único era o caminho para a expressão democrática, o PCP teria maiorias absolutas consecutivas.
A grande verdade que os últimos anos deveriam ter ensinado a alguns, é que não há um bom projeto para Portugal, sem um bom projeto para o PPD/PSD. Isto porque o PPD/PSD é, naturalmente, autofágico. Quando alguns Senadores sentem o cheiro a sangue, chamam César ao Senado.
O resto é história: fizeram-no a Santana Lopes e a Passos Coelho.
É por isso que o próximo momento eleitoral tem de ser de afirmação de uma nova forma de fazermos política, em que quem se afirma diferente, possa clamar pelo seu campeão, o melhor entre os melhores.
Por isso, desconfio daqueles que dizem representar uma nova atitude, clamando um espírito reformista, mas que continuam as velhas práticas de enxovalhar quem pensa de forma diferente, e que revelam nada mais ser do que um regresso ao triste passado recente do PPD/PSD.
Como é que podemos ambicionar conquistar a confiança dos portugueses se só lhes mostramos que no PPD/PSD ainda reina alguma imaturidade política e muita imaturidade democrática?
Os portugueses esperam da social-democracia portuguesa, liderança e pragmatismo.
A Liderança que resulta de quem compreende que unir é mais importante que sanear.
Que o futuro se faz na evolução do passado e não na rotura com o passado.
Que um partido cresce na inclusão de quem pensa diferente, procurando convergências representativas, abraçando vários nichos, mas não nos tornando num. Sermos a voz de muitos e não do ódio de alguns.
Importa por isso compreender que o partido não se reforma contra o partido, que não vale a pena promover a ideia de que as estruturas são cinzentas, quando destas surgem vitórias autárquicas, as únicas vitórias que o PPD/PSD tem podido reclamar nos últimos anos.
Como podemos criticar aqueles que conquistam a confiança local das comunidades que servem? Os que atingiram a verdadeira proximidade com a sociedade civil, pela qual tantos clamam?
É nesta contradição que temos de promover a verdadeira clarificação.
Temos de largar os sebastianismos, saudosismos e as más fotocópias.
Há um futuro que requer uma escolha clara, numa liderança que tem de conhecer a realidade do partido e a realidade do País.
Eu escolho Acreditar.
Presidente da concelhia do PSD/Lisboa e presidente da Junta de Freguesia da Estrela