Moreira da Silva quer Governo sombra a fazer ‘marcação direta’ a Costa

Moreira da Silva quer Governo sombra a fazer ‘marcação direta’ a Costa


Jorge Moreira da Silva apresentou aos jornalistas a sua candidatura à presidência do PSD.


Jorge Moreira da Silva anunciou, ontem, a sua candidatura à presidência do PSD, e deixou algo claro: quer fazer campanha ‘à maneira antiga’, com debates e fora das sedes. O famalicense, que deixou para trás o cargo na OCDE para tentar a sua sorte na corrida eleitoral interna do PSD, frente-a-frente com Luís Montenegro, tomou o seu tempo junto dos jornalistas, no Parque Florestal do Monsanto, em Lisboa, para apresentar as suas ideias e propostas, não só para o partido mas para o país. E entre elas destaca-se uma sugestão inovadora: a criação de um estilo de Governo sombra, para fazer ‘marcação direta’ aos ministros de António Costa, e ao próprio primeiro-ministro. “Ficam os ministros e os secretários de Estado do Governo socialista a saber que, a partir de agora, terão uma marcação direta por parte dos ministros-sombra e dos secretários de Estado sombra do PSD. E fica António Costa a saber que terá em mim um adversário enérgico. Não lhes daremos descanso, em nome do mandato que os portugueses nos conferiram”, augurou o candidato social-democrata.

Mas não só de ‘sombras’ é feita a sua candidatura. Moreira da Silva quer fazer do PSD um partido ‘start-up’ “e não de incumbente”. “Seremos um partido-movimento, orientado por causas, de eleitores e de militantes,  organizado matricialmente e não apenas territorialmente, que sairá das sedes e estará em contacto direto com os cidadãos, ouvindo-os, auscultando-os e envolvendo-os nos nossos processos de decisão interna”, explicou ainda.

Na apresentação da candidatura à comunicação social, que se alongou durante mais de uma hora, ficaram ainda algumas garantias: apesar de ser rotulado como ‘passista’, Moreira da Silva disse ‘não ter paciência’ para este tipo de ligações a antigos líderes do partido, pedindo que “não existam Moreiristas”.

 “O meu pai chama-se Antero, não se chama Pedro nem Rui. Nem o Pedro nem o Rui têm filhos chamados Jorge ou Luís”, ironizou, em resposta aos jornalistas, sobre ser um ‘passista’. “Nunca deixei de me bater, frontalmente, por causas e ideias. Mas nunca perdi um minuto que fosse na guerrilha e na conspiração. Não tenho contas a acertar nem posicionamentos equívocos a justificar. Conseguirei facilmente unir porque nunca andei a dividir”, disparou ainda, em crítica indireta a Luís Montenegro, com quem, no entanto, admite ter uma relação positiva.

Moreira da Silva apresentou-se só, acompanhado apenas pela mulher e pelo filho, e a decisão não foi inócua. “Quis estar hoje aqui sozinho para mostrar que não ando na vida política de calculadora na mão. Leio, estudo, oiço, a minha força vem dessa capacidade de pensar. Mas também não ando nisto há dois dias. É altamente precipitada a avaliação que fazem de que não tenho apoio público. Tenho recebido um nível de apoio que até me impressiona”, disse.