Domingo “voto” Macron


Uma democracia a 27.  É um caminho poderoso como demonstram mais de seis décadas de paz e progresso, mas é também um caminho sempre dependente da vontade livre expressa por quem vota.


A Democracia é o menos imperfeito dos sistemas políticos e aquele em que a vontade de todos e de cada um de nós melhor se pode expressar em liberdade. Num tempo de aceleração rápida, multiplicação da informação, variação brusca dos equilíbrios globais e forte ondulação emocional, a democracia sendo o mais sofisticado dos sistemas que os povos podem escolher para percorrer o seu caminho e desenvolverem as comunidades e os territórios em que vivem, é também o mais frágil e o mais sujeito às ventanias sistémicas, como as que têm vindo a varrer o planeta, de que são exemplo a pandemia ou a invasão da Ucrânia e os seus impactos.

Este Domingo em França, a tectónica democrática estará de novo sobre forte pressão, num quadro em que, na sequência da primeira volta das eleições presidenciais, a fratura entre a esquerda e a direita tradicional implodiu com estrondo e com ela quase desapareceram também o Partido Socialista Francês (PS) e o Partido Republicano (LR), dois grandes partidos históricos da quinta República.

A Democracia move-se. Em França a “República em Marcha” de Macron foi um excelente exemplo de um movimento que mudou o xadrez a seu favor nas presidenciais de 2017, sobreviveu à primeira volta das presidenciais em curso e gerou para a escolha decisiva da segunda volta de Domingo um grau inusitado e mesmo inesperado de incerteza e risco.

Em 24 de abril os eleitores do hexágono, em sentido lato, vão escolher o rumo de França e de forma indireta da União Europeia, depois de um mandato presidencial que os indicadores qualitativos aprovariam, mas os fluxos emocionais desafiam. A sua escolha primeira será entre o humanismo democrático e pró-europeísta representado por Macron e o autoritarismo populista e xenófobo de Le Pen. Nesta componente da escolha tenho a convicção que a lucidez de uma nação grandiosa na sua história e cosmopolita no seu quotidiano se imporá.

No entanto, a fratura exposta de mundovisões e a mutação ideológica em curso não serão as únicas a determinar a decisão final dos franceses. Os propagandistas encartados do iliberalismo semearam a perceção de que Macron simboliza a França dos poderosos e das elites e de que a amiga de Putin toma por seus os interesses dos desvalidos. Algum erro haverá na ação de Macron e algum mérito terá o discurso de Le Pen para que a perceção distorcida se tenha enraizado e multiplicado com tanto vigor.

A Democracia move-se. Depois da resposta cooperante, articulada e solidária com que a União Europeia tem estado a reagir às crises globais mais recentes e que consolidou transversalmente a validade do seu projeto e a sua relevância para os cidadãos e para o mundo, não era previsível ser sujeita assim, de repente e de supetão a um teste de sobrevivência num dos seus pilares estruturais.

A verdade, no entanto, é que o futuro do projeto europeu, tal como o conhecemos, está nas mãos do eleitorado francês. É assim uma democracia a 27. É um caminho poderoso como demonstram mais de seis décadas de paz e progresso, mas é também um caminho sempre dependente da vontade livre expressa por quem vota. Domingo “voto” Macron.

 

Eurodeputado do PS

Domingo “voto” Macron


Uma democracia a 27.  É um caminho poderoso como demonstram mais de seis décadas de paz e progresso, mas é também um caminho sempre dependente da vontade livre expressa por quem vota.


A Democracia é o menos imperfeito dos sistemas políticos e aquele em que a vontade de todos e de cada um de nós melhor se pode expressar em liberdade. Num tempo de aceleração rápida, multiplicação da informação, variação brusca dos equilíbrios globais e forte ondulação emocional, a democracia sendo o mais sofisticado dos sistemas que os povos podem escolher para percorrer o seu caminho e desenvolverem as comunidades e os territórios em que vivem, é também o mais frágil e o mais sujeito às ventanias sistémicas, como as que têm vindo a varrer o planeta, de que são exemplo a pandemia ou a invasão da Ucrânia e os seus impactos.

Este Domingo em França, a tectónica democrática estará de novo sobre forte pressão, num quadro em que, na sequência da primeira volta das eleições presidenciais, a fratura entre a esquerda e a direita tradicional implodiu com estrondo e com ela quase desapareceram também o Partido Socialista Francês (PS) e o Partido Republicano (LR), dois grandes partidos históricos da quinta República.

A Democracia move-se. Em França a “República em Marcha” de Macron foi um excelente exemplo de um movimento que mudou o xadrez a seu favor nas presidenciais de 2017, sobreviveu à primeira volta das presidenciais em curso e gerou para a escolha decisiva da segunda volta de Domingo um grau inusitado e mesmo inesperado de incerteza e risco.

Em 24 de abril os eleitores do hexágono, em sentido lato, vão escolher o rumo de França e de forma indireta da União Europeia, depois de um mandato presidencial que os indicadores qualitativos aprovariam, mas os fluxos emocionais desafiam. A sua escolha primeira será entre o humanismo democrático e pró-europeísta representado por Macron e o autoritarismo populista e xenófobo de Le Pen. Nesta componente da escolha tenho a convicção que a lucidez de uma nação grandiosa na sua história e cosmopolita no seu quotidiano se imporá.

No entanto, a fratura exposta de mundovisões e a mutação ideológica em curso não serão as únicas a determinar a decisão final dos franceses. Os propagandistas encartados do iliberalismo semearam a perceção de que Macron simboliza a França dos poderosos e das elites e de que a amiga de Putin toma por seus os interesses dos desvalidos. Algum erro haverá na ação de Macron e algum mérito terá o discurso de Le Pen para que a perceção distorcida se tenha enraizado e multiplicado com tanto vigor.

A Democracia move-se. Depois da resposta cooperante, articulada e solidária com que a União Europeia tem estado a reagir às crises globais mais recentes e que consolidou transversalmente a validade do seu projeto e a sua relevância para os cidadãos e para o mundo, não era previsível ser sujeita assim, de repente e de supetão a um teste de sobrevivência num dos seus pilares estruturais.

A verdade, no entanto, é que o futuro do projeto europeu, tal como o conhecemos, está nas mãos do eleitorado francês. É assim uma democracia a 27. É um caminho poderoso como demonstram mais de seis décadas de paz e progresso, mas é também um caminho sempre dependente da vontade livre expressa por quem vota. Domingo “voto” Macron.

 

Eurodeputado do PS