A cada ciclo interno, uma oportunidade externa


No campo das ideias, sendo ainda muito cedo para concluir pois faltam muitas semanas de minicomícios em cada sede de seção do PSD de norte a sul e milhares de ideias ou declarações em cada rede social, parece que também no campo das ideias o Partido encontrou o rumo.


Após um resultado nas eleições legislativas que não deixou margem para dúvidas, de quão mau foi, o PSD caminha a passos largos para novo processo eleitoral interno. Jorge Moreira da Silva oficializou esta quarta-feira a candidatura e juntou-se na corrida à liderança a Luís Montenegro. Os critérios diferenciadores entre cada um dos candidatos caberá aos militantes do PSD decidir, em votação direta, ou seja, cada militante com quota paga tem um voto, no próximo mês de maio.

O que deve ser visto, sempre, é que cada ciclo interno de um Partido político é sobretudo uma enorme oportunidade externa para a conquista da sua credibilidade junto não só dos seus simpatizantes, mas de todo o eleitorado. A primeira oportunidade de um Partido político crescer em simpatia é mesmo através das suas ideias que leva a debate interno. Pela credibilidade, pela adequação à realidade da sociedade e pelo realismo que carreguem.

Nesse campo, depois de resultados que demonstraram demasiado afastamento desta credibilidade interna do PSD perante os eleitores portugueses, com disputas internas fulanizadas e não de debate construtivo de ideias, o PSD tem agora uma oportunidade grande de voltar ao debate interno em torno de ideias, dos portugueses e do futuro que este sempre grande partido ambiciona.

Sobretudo, a nível de respeito, há já uma grande diferença aparente. Ambos os candidatos voltam a fazer crer que o PSD terá uma disputa entre dois companheiros de partido que, após o 28 de maio, sabem que seguirão juntos enquanto militantes do PSD. O país registou no passado recente das últimas eleições diretas internas do PSD que, tal a disputa e críticas entre os ex-candidatos, os candidatos pareciam adversários e jamais companheiros de partido. Parte do resultado desse episódio foi o que os portugueses sufragaram em urna.

Naturalmente que é muito significativo para a credibilidade, também, saber quem acompanha cada candidato. Um projeto nunca é unipessoal, sendo que a linha e trave-mestra do programa político pode ser de facto individualizado em quem lidera.

Porém, essa análise (dos militantes do PSD, para já), ainda demorará a ser possível.

No campo das ideias, sendo ainda muito cedo para concluir pois faltam muitas semanas de minicomícios em cada sede de seção do PSD de norte a sul e milhares de ideias ou declarações em cada rede social, parece que também no campo das ideias o Partido encontrou o rumo.

Jorge Moreira da Silva esteve focado e concreto nas ideias e na estratégia, sendo conhecido e reconhecido como um dos grandes pensadores e criadores de propostas deste espectro ideológico ao longo de toda a sua carreira, assim como Luís Montenegro também se apresentou a muito bom plano e com a capacidade de oratória acima da média a que habituou os seus militantes enquanto líder parlamentar de sucesso. Em comum, outra coisa: Ambos a falar de ideias e com muito respeito, simpatia, companheirismo e amizade pelo adversário momentâneo das diretas do seu mesmo Partido. É de louvar, o PSD já tinha saudades desta salutar elevação interna.

Claro que o facto do PSD saber que tem mais de 4 anos de travessia no deserto, previsível face à maioria absoluta surpreendente de António Costa e do PS, também acalma as hostes e permite preparar terreno com outra aparente tranquilidade e ponderação. Todos sabemos isso. O último duelo (ríspido) entre Rui Rio e Paulo Rangel tinha eleições Legislativas à porta e, porventura, talvez isso tenha feito descambar muita da serenidade que uma oportunidade de disputa interna confere.

Porém, agora, o PSD está com a elevação que habituou os portugueses enquanto um dos grandes partidos políticos fundadores da nossa democracia. Ainda bem.

Em suma, o PSD parece ter recuperado a estrada da normalidade de aproveitar uma disputa interna para valorizar-se externamente. Focando-se naquilo que deve fazer para convencer no voto quem ainda tem dúvidas e sem olhar meramente para os posicionamentos internos daqueles que para além de militantes já estão totalmente certos no seu voto no PSD.

Dois bons arranques.

Luís Montenegro avançou bem com a proposta do índice de felicidade interna bruto, com a preocupação humanista que tão bem caracteriza a ideologia do PSD. Curto ainda nas ideias globais e estratégia para o país, mas na sua apresentação lançou ainda alguns dados e reforçou o foco no elevador social ou no alívio da fiscalidade. Curto, mas todo o país sabe que terá nesta fase o trabalho a ser desenvolvido por Joaquim Miranda Sarmento, dos melhores quadros políticos que Rui Rio lançou e que o PSD aproveitou ao coordenar muito bem o CEN, que coordenará o seu programa a apresentar aos militantes social-democratas.

Jorge Moreira da Silva foi manifestamente mais detalhado, mais objetivo e deixou ideias já maturadas e aprofundadas que trouxe outrora a debate nacional através da sua (fundou-a) Plataforma para o Crescimento Sustentável. Confirmou que, a vencer, o PSD terá um efetivo Governo sombra ao governo socialista. Naturalmente falou e bem de ambiente, das alterações climáticas onde é conhecido o seu ímpeto reformista, mas também como quer ver o PSD crescer em militância e penetração na sociedade civil ou ainda como afasta partidos extremistas. Várias ideias e posições que deixaram clara a linha do ex-líder da JSD e ex-governante de Durão Barroso, Santana Lopes e Pedro Passos Coelho.  

Parece que o PSD está pronto para agarrar a oportunidade exterior de se credibilizar e sobretudo de se fazer reacreditar enquanto Partido de Governo e não meramente de oposição, diminuindo-se a uma espécie de partido médio que batalha contra a segunda metade da tabela apenas como alternativa a um PS que tem ganho todas as eleições nacionais que se disputaram desde a segunda vitória de Pedro Passos Coelho em 2015.

Ainda falta mais de um mês para as eleições diretas. Para já: Dois candidatos que se apresentaram com ideias, propostas, elevação e conhecimento interno do seu PSD. É um bom (re)começo para um novo PSD que o país precisa.

Veremos se agarram a oportunidade.

 

 

A cada ciclo interno, uma oportunidade externa


No campo das ideias, sendo ainda muito cedo para concluir pois faltam muitas semanas de minicomícios em cada sede de seção do PSD de norte a sul e milhares de ideias ou declarações em cada rede social, parece que também no campo das ideias o Partido encontrou o rumo.


Após um resultado nas eleições legislativas que não deixou margem para dúvidas, de quão mau foi, o PSD caminha a passos largos para novo processo eleitoral interno. Jorge Moreira da Silva oficializou esta quarta-feira a candidatura e juntou-se na corrida à liderança a Luís Montenegro. Os critérios diferenciadores entre cada um dos candidatos caberá aos militantes do PSD decidir, em votação direta, ou seja, cada militante com quota paga tem um voto, no próximo mês de maio.

O que deve ser visto, sempre, é que cada ciclo interno de um Partido político é sobretudo uma enorme oportunidade externa para a conquista da sua credibilidade junto não só dos seus simpatizantes, mas de todo o eleitorado. A primeira oportunidade de um Partido político crescer em simpatia é mesmo através das suas ideias que leva a debate interno. Pela credibilidade, pela adequação à realidade da sociedade e pelo realismo que carreguem.

Nesse campo, depois de resultados que demonstraram demasiado afastamento desta credibilidade interna do PSD perante os eleitores portugueses, com disputas internas fulanizadas e não de debate construtivo de ideias, o PSD tem agora uma oportunidade grande de voltar ao debate interno em torno de ideias, dos portugueses e do futuro que este sempre grande partido ambiciona.

Sobretudo, a nível de respeito, há já uma grande diferença aparente. Ambos os candidatos voltam a fazer crer que o PSD terá uma disputa entre dois companheiros de partido que, após o 28 de maio, sabem que seguirão juntos enquanto militantes do PSD. O país registou no passado recente das últimas eleições diretas internas do PSD que, tal a disputa e críticas entre os ex-candidatos, os candidatos pareciam adversários e jamais companheiros de partido. Parte do resultado desse episódio foi o que os portugueses sufragaram em urna.

Naturalmente que é muito significativo para a credibilidade, também, saber quem acompanha cada candidato. Um projeto nunca é unipessoal, sendo que a linha e trave-mestra do programa político pode ser de facto individualizado em quem lidera.

Porém, essa análise (dos militantes do PSD, para já), ainda demorará a ser possível.

No campo das ideias, sendo ainda muito cedo para concluir pois faltam muitas semanas de minicomícios em cada sede de seção do PSD de norte a sul e milhares de ideias ou declarações em cada rede social, parece que também no campo das ideias o Partido encontrou o rumo.

Jorge Moreira da Silva esteve focado e concreto nas ideias e na estratégia, sendo conhecido e reconhecido como um dos grandes pensadores e criadores de propostas deste espectro ideológico ao longo de toda a sua carreira, assim como Luís Montenegro também se apresentou a muito bom plano e com a capacidade de oratória acima da média a que habituou os seus militantes enquanto líder parlamentar de sucesso. Em comum, outra coisa: Ambos a falar de ideias e com muito respeito, simpatia, companheirismo e amizade pelo adversário momentâneo das diretas do seu mesmo Partido. É de louvar, o PSD já tinha saudades desta salutar elevação interna.

Claro que o facto do PSD saber que tem mais de 4 anos de travessia no deserto, previsível face à maioria absoluta surpreendente de António Costa e do PS, também acalma as hostes e permite preparar terreno com outra aparente tranquilidade e ponderação. Todos sabemos isso. O último duelo (ríspido) entre Rui Rio e Paulo Rangel tinha eleições Legislativas à porta e, porventura, talvez isso tenha feito descambar muita da serenidade que uma oportunidade de disputa interna confere.

Porém, agora, o PSD está com a elevação que habituou os portugueses enquanto um dos grandes partidos políticos fundadores da nossa democracia. Ainda bem.

Em suma, o PSD parece ter recuperado a estrada da normalidade de aproveitar uma disputa interna para valorizar-se externamente. Focando-se naquilo que deve fazer para convencer no voto quem ainda tem dúvidas e sem olhar meramente para os posicionamentos internos daqueles que para além de militantes já estão totalmente certos no seu voto no PSD.

Dois bons arranques.

Luís Montenegro avançou bem com a proposta do índice de felicidade interna bruto, com a preocupação humanista que tão bem caracteriza a ideologia do PSD. Curto ainda nas ideias globais e estratégia para o país, mas na sua apresentação lançou ainda alguns dados e reforçou o foco no elevador social ou no alívio da fiscalidade. Curto, mas todo o país sabe que terá nesta fase o trabalho a ser desenvolvido por Joaquim Miranda Sarmento, dos melhores quadros políticos que Rui Rio lançou e que o PSD aproveitou ao coordenar muito bem o CEN, que coordenará o seu programa a apresentar aos militantes social-democratas.

Jorge Moreira da Silva foi manifestamente mais detalhado, mais objetivo e deixou ideias já maturadas e aprofundadas que trouxe outrora a debate nacional através da sua (fundou-a) Plataforma para o Crescimento Sustentável. Confirmou que, a vencer, o PSD terá um efetivo Governo sombra ao governo socialista. Naturalmente falou e bem de ambiente, das alterações climáticas onde é conhecido o seu ímpeto reformista, mas também como quer ver o PSD crescer em militância e penetração na sociedade civil ou ainda como afasta partidos extremistas. Várias ideias e posições que deixaram clara a linha do ex-líder da JSD e ex-governante de Durão Barroso, Santana Lopes e Pedro Passos Coelho.  

Parece que o PSD está pronto para agarrar a oportunidade exterior de se credibilizar e sobretudo de se fazer reacreditar enquanto Partido de Governo e não meramente de oposição, diminuindo-se a uma espécie de partido médio que batalha contra a segunda metade da tabela apenas como alternativa a um PS que tem ganho todas as eleições nacionais que se disputaram desde a segunda vitória de Pedro Passos Coelho em 2015.

Ainda falta mais de um mês para as eleições diretas. Para já: Dois candidatos que se apresentaram com ideias, propostas, elevação e conhecimento interno do seu PSD. É um bom (re)começo para um novo PSD que o país precisa.

Veremos se agarram a oportunidade.