Centenas de afegãos manifestaram-se hoje de novo, em Cabul, contra alegadas agressões a refugiados do seu país no Irão, mostradas em vídeos divulgados nas redes sociais, por parte da população e de membros das forças de segurança.
"Hoje, mais de 500 membros de sociedades e associações civis no Afeganistão reúnem-se para condenar a opressão e tortura dos emigrantes afegãos pelo povo e membros da segurança do Irão", disse à EFE o organizador da manifestação, Zaheer Khan Zurmati, também presidente do Centro de Sociedades Civis e Associações Civis do Afeganistão.
As manifestações públicas são proibidas pelos talibãs, mas esta foi autorizada, sob a supervisão cuidadosa das forças de segurança.
Os protestos surgem depois de terem começado a circular vídeos, no fim de semana, mostrando homens retratados como guardas fronteiriços iranianos e cidadãos iranianos a bater em refugiados afegãos.
A sua autenticidade não pôde ser verificada de forma independente e, numa declaração no domingo, a embaixada iraniana em Cabul classificou-os como "infundados".
O Irão, que já acolhe mais de três milhões de refugiados afegãos, confronta-se com uma nova vaga de chegadas após os talibãs tomarem o poder, em agosto de 2021, com milhares a tentar entrar em território iraniano para ali encontrarem trabalho ou depois tentarem chegar à Europa.
Na segunda-feira já tinham havido protestos e dezenas de afegãos entoaram "morte ao Irão" no exterior do consulado iraniano em Herat (Oeste), queimaram uma bandeira iraniana, partiram câmaras de vigilância do edifício e atiraram pedras, segundo um jornalista da AFP.
Estes atos violentos foram também confirmados e denunciados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, que, em consequência, anunciou, em comunicado, que os serviços consulares da sua embaixada em Cabul cessariam as suas operações até novas ordens.
Após a chegada dos talibãs ao poder, em agosto passado, entre 4.000 e 5.000 refugiados afegãos chegam diariamente ao Irão, segundo dados do Conselho Norueguês dos Refugiados.