Indonésia. Aprovada pela primeira vez lei contra a violência sexual

Indonésia. Aprovada pela primeira vez lei contra a violência sexual


Nova legislação prevê que que agressores sexuais sofram uma pena de até 12 anos de prisão.


Apesar de ter sido proposta pela primeira vez em 2012, foi aprovada pela primeira vez no parlamento da Indonésia uma lei contra a violência sexual que se compromete a oferecer um maior apoio às vítimas que procuram justiça.
A maioria dos legisladores apoiaram esta proposta, sugerida depois de um um surto de ataques contra mulheres durante a pandemia de covid-19, superando-se à oposição conservadora no país com a maior população muçulmana do mundo — 87% dos mais de 270 milhões de habitantes.
“Esta lei é uma verdadeira manifestação dos esforços do país para prevenir todas as formas de violência sexual e para cuidar, proteger, restaurar e fazer justiça às vítimas”, disse no parlamento a ministra do Empoderamento da Mulher e do Bem-Estar da Criança, Bintang Puspayoga, citada pela agência de notícias francesa AFP.
Esta é um passo em frente”, disse o jurista da Escola de Direito Jentera, Asfinawati, citado pelo Al Jazeera, embora tenha alertado que a definição de “violação” como surge no código criminal da Indonésia ainda precisa de ser tornado mais claro. 
As agressões sexuais dentro e fora do casamento são agora puníveis com até 12 anos de prisão e os casamentos forçados, incluindo os de menores, com até nove anos de prisão, e casamentos entre violadores e as suas vítimas, e quatro anos pela circulação de conteúdos sexuais não consentidos.
A lei estipula ainda que os abusadores condenados devem pagar restituições às vitimas e as autoridades são obrigadas a fornecer aconselhamento às vítimas, muitas das quais escolheram não denunciar abusos no passado.
A divulgação de conteúdos sexuais sem o consentimento das vítimas pode ser punida com até quatro anos de prisão.
O Presidente indonésio, Joko Widodo, apelou ao parlamento, em janeiro, para acelerar a revisão da lei após o julgamento, em 2021, de um professor que violou 13 dos seus alunos menores de idade, um caso que chocou a opinião pública.
Os ativistas queixam-se de que a nova legislação não inclui sanções por violações e abortos forçados, que são abrangidos por outras leis.