França. Macron pode recuar no aumento da idade de reforma

França. Macron pode recuar no aumento da idade de reforma


A controversa posição de Macron em relação à idade da reforma gerou inúmeros protestos e contribuíram para a sua queda nas sondagens.


Como parte da sua campanha para a segunda volta das eleições francesas, o atual Presidente Emmanuel Macron indicou que poderia alterar a sua controversa proposta para subir a idade de reforma em três anos, para os 65, um dos motivos que explicam a sua descida de popularidade.
Um assunto especialmente sensível na sociedade francesa, tendo gerado greves a nível nacional, em 2019, quando o governo pretendia alterar o sistema de pensões e aumentar a idade da reforma, a implementação de reformas durante os primeiros cinco anos da sua presidência foram um pilar da campanha de reeleição de Macron, mas, agora, enquanto se prepara para enfrentar a candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, na segunda volta das eleições presidenciais, num “combate” político que promete ser bastante renhido, o Presidente está a começar a “aligeirar” as suas propostas.
“Estou pronto para alterar a linha temporal e reforço que não precisamos necessariamente de colocar esta reforma em prática até 2030 se isso preocupar as pessoas”, disse Macron durante uma visita ao norte de França, citado pelo Guardian, acrescentando ainda que estaria disposto a alterar a idade oficial da reforma para 64 anos, em oposição dos 65 anos propostos inicialmente. 
“Abrirei esta porta se isso significar um consenso”, revelou. “Sou o Presidente de França e quero falar com todas as pessoas. Este país está dividido”.
A idade atual de reforma é de 62 anos, contudo o Presidente francês defendeu que, uma vez que as pessoas vivem mais, o sistema de pensões da França, que depende dos trabalhadores que pagam diretamente por aqueles que já terminaram a sua carreira, não pode ser equilibrado financeiramente sem o aumento da reforma. 
A proposta original previa o aumento da idade de reforma em quatro meses a cada ano até atingir os 65 anos até 2032.
Em resposta a esta possível mudança de opinião de Macron, a candidata de extrema-direita criticou aquilo que considera ser uma “manobra” de seu rival na disputa pela presidência.
“Não confio nada em Macron, nada, e muito menos a 10 dias da segunda volta das eleições”, disse Le Pen à rádio France Inter, acusando o Presidente de tentar atrair eleitores de esquerda com esta mudança de posição.
Le Pen disse que manterá a idade da reforma da França nos 60 anos, mas só para os franceses que têm uma carreira completa e começaram a trabalhar entre os 17 e os 20 anos. “Não há nada que esperar de Emmanuel Macron (…) Vai até o fim em sua obsessão, pois a idade de aposentadoria de 65 anos é sua obsessão, só fala sobre isto”, acrescentou Le Pen, que no primeiro turno se apresentou como a defensora das classes populares.
Macron e Le Pen disputam o eleitorado de esquerda que tinha sido conquistado na primeira volta das eleições por Jean-Luc Mélenchon, candidato da esquerda radical que ficou em terceiro lugar com 20% dos votos.
Numa primeira reação, Mélenchon pediu aos seus eleitores para não votarem em Le Pen: “Sabemos em quem vamos votar. Não podemos dar o nosso voto a Le Pen”, afirmou imediatamente após ser anunciado o resultado das eleições, apesar de também não ter sido frontal no seu apoio a Macron, como foi o caso de Valérie Pécresse, candidata do partido de direita conservadora, Os Republicanos, com 5% dos votos.
Muitos eleitores de esquerda, não sentido representados pelo candidato de centro-direita e de extrema-direita, revelaram que não vão votar na segunda ronda das eleições, que irá decorrer no dia 24 de abril.