Pandemia afetou plano de promoção de atividade física no SNS

Pandemia afetou plano de promoção de atividade física no SNS


Programa nos centros de saúde ainda está longe de abranger o total de utentes e recuperação em 2021 não se verificou em Lisboa e no Alentejo. Relatório da DGS classifica portugueses de “ativos mas sedentários”.  


Desde que foi lançado o programa de avaliação e registo de atividade física nos centros de saúde do SNS, em 2017, foram feitas um total de 261 476 consultas de medicina geral e familiar com esta componente, quase um quarto no último ano, mas a cobertura diminuiu nos últimos dois anos.

Os dados constam de um avaliação do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física (PNPAF), a que o i teve acesso, e que a Direção Geral da Saúde divulga esta quarta-feira para assinalar o Dia Mundial da Atividade Física. O programa ainda está longe de abranger a maioria da população, já que segundo as contas da DGS apenas dois em cada 100 utentes que passam pelos cuidados primários são avaliados, e o relatório mostra que a pandemia afetou a resposta também nesta vertente, com uma recuperação nos últimos meses de 2021 mas que não foi transversal a todo o país. 

O relatório revela que os números mais elevados quer de avaliações nesta área nos cuidados de saúde primários quer de “prescrições” de atividade física, na forma de guias de aconselhamento à prática de exercício, registaram-se até aqui em 2019, tendo caído a pique em 2020 e recuperado em 2021, embora ainda aquém dos resultados pré-pandémicos. 

O documento mostra que a Administração Regional do Centro registava, antes da pandemia, uma maior incidência de avaliações físicas por cada 100 mil doentes atendidos, seguindo-se a ARS Norte, a ARS de Lisboa e Vale do Tejo, o Algarve e por im o Alentejo. No ano passado, a liderança coube à Administração Regional de Saúde Norte, com 878,1 utentes avaliados pelo menos uma vez em 2021 por cada 100 mil atendidos. Em ex aequo surgem a ARS Centro e a ARS do Algarve, na casa das 727,8 avaliações por cada 100 mil utentes. Sinais menos auspiciosos em Lisboa e no Alentejo, onde no final do ano passado ainda não havia qualquer melhoria e o balanço foi pior do que no ano anterior.

Em Lisboa a implementação do programa baixou de 946,4 avaliações por cada 100 mil utentes atendidos em 2029 para apenas 464,3 por cada 100 mil atendimentos em 2021 e, no Alentejo, de 755,5 avaliações por cada 100 mil utentes em 2019 para 437,7 em 2021. 

Os dados da DGS indicam ainda que no que diz respeito ao aconselhamento de atividade física, os utentes a quem foram dadas orientações aumentaram no ano passado, mas também em números aquém de 2019. Desde o final de 2017, quando começou o programa, foram emitidos 42 645 guias de aconselhamento breve para a atividade física. A partir de março de 2020, ocorreu um decréscimo acentuado, lê-se no documento, ao qual se segue uma ténue recuperação, atingindo um novo mínimo histórico em julho de 2021, com ténue tendência de aumento até ao final de 2021, lê-se no relatório.

Os resultados destas avaliações indicam que, desde 2017, 32,8% dos utentes avaliados atingia a recomendação de prática de, pelo menos, 150 minutos semanais de atividade física de intensidade moderada. É na população mais velha que se encontram menores níveis de prática de atividade física, sendo os homens mais ativos ao longo de todo o ciclo de vida. Por outro lado, cerca de metade dos utentes reportam passar 4 ou mais horas sentados por dia. Os maiores níveis de sedentarismo encontram-se na população entre os 15 e 29 anos (25% passa mais de 7 horas por dia sentado), seguindo-se o grupo dos maiores de 70 anos (21% passa mais de sete horas por dia sentado). 

A DGS conclui, após um inquérito nacional feito em 2021, que apesar de atividade física ter aumentado no ano passado – 54% dos portugueses têm níveis de atividade física adequados – aumentou também a percentagem dos que dizem passar mais de sete horas por dia sentados, cerca de 46%. O que leva a autoridade de saúde a concluir que os portugueses têm um perfil de “ativos mas sedentários”.

Entre os objetivos para este ano, pode ler-se no documento, está reforçar a sensibilização, melhorar a capacitação da população e a qualidade da oferta de oportunidades de atividade física em diferentes contextos, não sendo dados exemplos. O documento adianta que está prevista para este ano uma orientação técnica para a promoção da atividade física no SNS e oferta de um curso online sobre aconselhamento de exercício destinado aos profissionais de saúde.