Homeostasia


Em última análise todos os povos do mundo poderão preferir ser multilaterais se sentirem que ganham alguma coisa com isso.


Escolhi intitular esta crónica com um termo que se aplica à capacidade dos organismos se manterem em equilíbrio mesmo em condições adversas, para justificar porque razão vou escrever sobre as relações entre a União Europeia e os Países de África, Caraíbas e Pacífico, quando todo o foco geopolítico está centrado nas interações entre outros territórios, potências, espaços e alianças.

Não escondo que há uma razão primordial que me induziu à reflexão breve que aqui partilho. A partir de amanhã e até domingo realiza-se em Estrasburgo a 41ª Sessão da Assembleia Parlamentar Paritária África, Caraíbas e Pacífico / União Europeia (APP ACP/UE) à qual copresidirei na minha condição de Presidente da Delegação Europeia. Nunca é demais recordar que esta Assembleia é a segunda maior Assembleia Interparlamentar do mundo, depois da União Interparlamentar que funciona no contexto da Organização das Nações Unidas e que nela se reúnem representantes de parlamentos de 105 Estados independentes, perfazendo assim mais de 50% dos Estados -membros das Nações Unidas.

A APP ACP UE prevalecerá no quadro de referência do acordo Pós Cotono que aguarda o desbloqueio final da sua entrada em vigor (esse não deixará de ser um tema chave do conclave de Estrasburgo) e será ainda complementada com 3 Assembleias Paritárias Regionais, designadamente as APP Africa /UE, Caraíbas /UE e Pacífico / UE.

A parceria ACP/UE é uma parceria que pretende ser cada vez mais entre iguais e baseada num contexto multilateral. O multilateralismo tem vindo de novo a ser profundamente debatido num quadro geopolítico em que se teme uma consolidação da fratura conflitual entre a ordem liberal e a ordem imperial que tem marcado a invasão da Ucrânia pela Federação Russa e todos os seus impactos.

Em última análise todos os povos do mundo poderão preferir ser multilaterais se sentirem que ganham alguma coisa com isso. Se assim for, o grande desafio global com que somos desafiados é desenhar um quadro multilateral em que todos ganhem alguma coisa, em vez de insistir em quadros de relação que perpetuam desequilíbrios, tutelas, dependências e ressentimentos. É vasto o debate sobre se os Estados se devem mover por valores ou por interesses. Não me parece que haja um caminho alternativo a uma boa combinação entre as duas perspetivas, robustecida se os interesses forem legítimos e os valores fortes.

Com uma agenda rica e atual, que inclui na sua ordem de trabalhos o debate da Invasão da Ucrânia pela Federação Russa e o seu impacto global, das ameaças à estabilidade, à segurança e à democracia na África ocidental e no Sahel, dos riscos e da resiliência dos pequenos Estados insulares face às catástrofes climáticas e do impacto global da covid-19 e da forma de lhe dar resposta, espero que a 41.ª JPA ACP UE dê um passo firme no sentido certo de um multilateralismo saudável e benéfico para todos. No sentido, em última análise, de um novo equilíbrio global, baseado na tolerância, na diversidade e em valores humanistas partilhados.

 

Homeostasia


Em última análise todos os povos do mundo poderão preferir ser multilaterais se sentirem que ganham alguma coisa com isso.


Escolhi intitular esta crónica com um termo que se aplica à capacidade dos organismos se manterem em equilíbrio mesmo em condições adversas, para justificar porque razão vou escrever sobre as relações entre a União Europeia e os Países de África, Caraíbas e Pacífico, quando todo o foco geopolítico está centrado nas interações entre outros territórios, potências, espaços e alianças.

Não escondo que há uma razão primordial que me induziu à reflexão breve que aqui partilho. A partir de amanhã e até domingo realiza-se em Estrasburgo a 41ª Sessão da Assembleia Parlamentar Paritária África, Caraíbas e Pacífico / União Europeia (APP ACP/UE) à qual copresidirei na minha condição de Presidente da Delegação Europeia. Nunca é demais recordar que esta Assembleia é a segunda maior Assembleia Interparlamentar do mundo, depois da União Interparlamentar que funciona no contexto da Organização das Nações Unidas e que nela se reúnem representantes de parlamentos de 105 Estados independentes, perfazendo assim mais de 50% dos Estados -membros das Nações Unidas.

A APP ACP UE prevalecerá no quadro de referência do acordo Pós Cotono que aguarda o desbloqueio final da sua entrada em vigor (esse não deixará de ser um tema chave do conclave de Estrasburgo) e será ainda complementada com 3 Assembleias Paritárias Regionais, designadamente as APP Africa /UE, Caraíbas /UE e Pacífico / UE.

A parceria ACP/UE é uma parceria que pretende ser cada vez mais entre iguais e baseada num contexto multilateral. O multilateralismo tem vindo de novo a ser profundamente debatido num quadro geopolítico em que se teme uma consolidação da fratura conflitual entre a ordem liberal e a ordem imperial que tem marcado a invasão da Ucrânia pela Federação Russa e todos os seus impactos.

Em última análise todos os povos do mundo poderão preferir ser multilaterais se sentirem que ganham alguma coisa com isso. Se assim for, o grande desafio global com que somos desafiados é desenhar um quadro multilateral em que todos ganhem alguma coisa, em vez de insistir em quadros de relação que perpetuam desequilíbrios, tutelas, dependências e ressentimentos. É vasto o debate sobre se os Estados se devem mover por valores ou por interesses. Não me parece que haja um caminho alternativo a uma boa combinação entre as duas perspetivas, robustecida se os interesses forem legítimos e os valores fortes.

Com uma agenda rica e atual, que inclui na sua ordem de trabalhos o debate da Invasão da Ucrânia pela Federação Russa e o seu impacto global, das ameaças à estabilidade, à segurança e à democracia na África ocidental e no Sahel, dos riscos e da resiliência dos pequenos Estados insulares face às catástrofes climáticas e do impacto global da covid-19 e da forma de lhe dar resposta, espero que a 41.ª JPA ACP UE dê um passo firme no sentido certo de um multilateralismo saudável e benéfico para todos. No sentido, em última análise, de um novo equilíbrio global, baseado na tolerância, na diversidade e em valores humanistas partilhados.