Porque é que um jovem como o Fábio Guerra, que tinha escolhido como objetivo de vida garantir a segurança de todos nós, acaba por ser ele próprio vítima de uma agressão violenta?
A pandemia e os condicionamentos que esta trouxe secundarizaram os problemas de segurança que ganhavam dimensão na noite da cidade de Lisboa. Porém, os primeiros sinais após o desconfinamento alertavam-nos para a necessidade de recuperarmos soluções que haviam ficado em suspenso com a CoVid-19.
Ainda nem as discotecas haviam aberto e já as imagens de multidões que ocupavam vastas áreas do espaço público da capital, perturbando a ordem pública, preocupavam as forças policiais.
E em setembro de 2021, os próprios comerciantes do Bairro Alto alertavam para o sentimento de insegurança, ao mesmo tempo que as forças policiais alertavam para a sua incapacidade de projetar na cidade um número de efetivos suficientes para acudir a todas as envolventes dos espaços de diversão noturna.
Se é verdade que os estabelecimentos de diversão noturna conseguem assegurar um elevado grau de segurança no interior das suas instalações, não é menos verdade que, uma vez fora desses espaços, os desacatos tendem a proliferar.
Isto acontece por variadas razões, porém aponto duas que me parecem pesar mais: por um lado a ideia de que o espaço público não é tão vigiado como o espaço privado; por outro lado, a impossibilidade de ter policiamento à porta de cada estabelecimento de diversão noturna.
A conjugação destas duas razões é apontada como um dos fatores mais determinantes para o sentimento de insegurança.
Relatos de insultos, agressões, assaltos e (infelizmente) mortes, têm sido uma trágica constante.
Por isso é por demais evidente a necessidade de assegurarmos a proteção daqueles que, na noite, só procuram a diversão, compreendendo que as zonas envolventes desses espaços, são aquelas onde os relatos de violência proliferam.
Torna-se para isso fundamental que possamos agir na vontade de criar as condições que invertam esta ideia de que na rua tudo se pode fazer. Incluindo matar.
Para combater o sentimento de que o espaço público não é tão vigiado, que pode levar alguns a pensar que tudo podem fazer, urge implementar um sistema de video proteção nas zonas de diversão noturna da cidade de Lisboa.
Relembro que, já em Maio de 2018, o PSD levou a debate e votação na Assembleia Municipal de Lisboa uma recomendação sobre “Segurança e Qualidade de Vida Noturna na Cidade de Lisboa”. Nessa recomendação, aprovada, já os problemas ficaram identificados e as soluções apontadas.
Se a morte de Fábio Guerra aconteceu perante umas poucas testemunhas horrorizadas, facto determinante para se identificarem os autores, já o desaparecimento de João Medeiros, em fevereiro de 2013, continua por explicar.
A segurança de todos nós, sobretudo em pleno séc. XXI, não pode ser entregue à sorte e, se não se conseguem capacitar adequadamente as nossas forças de segurança para que ocupem mais território, então temos de implementar medidas de salvaguarda que atuem de forma complementar e preventiva.
E por isso não podemos mais adiar a implementação de um sistema de vídeo proteção nas zonas envolventes aos edifícios de diversão noturna.
Quando este sentimento de impunidade desaparecer, e que é potenciado pelo conhecimento das dificuldades de vigilância do espaço público, poderemos efetivamente evitar uma repetição do que aconteceu com João Medeiros ou com Fábio Guerra.
Que a vídeo proteção seja implementada rapidamente. Será esta a melhor forma de fazer justiça a Fábio Guerra e a todos os outros jovens barbaramente assassinados nas madrugadas de Lisboa.
Presidente da concelhia do PSD/Lisboa e presidente da Junta de Freguesia da Estrela