Por António Miguel Pina, Presidente da Câmara Municipal de Olhão e presidente da AMAL
Com a dissolução da União Soviética em 1991, e após a realização de um referendo, a Ucrânia proclama a sua independência e torna-se um Estado soberano.
A soberania de um Estado pressupõe princípios de autodeterminação da nação, da democracia, do poder governamental executivo, da cidadania, da supremacia territorial, da independência económica, da segurança ambiental, do desenvolvimento cultural, da segurança interna e externa e das relações internacionais.
Não querendo enveredar por análises geopolíticas, interesses económicos, militares, de acordos firmados ou interpretações de parcerias assinadas “por outros atores e cenários desajustados à data de hoje”, e muito menos enfatizar a tragédia que o que o mundo vê, minuto a minuto, em tempo real – a ofensiva militar da Rússia sobre o Estado Soberano da Ucrânia – a verdade é que este país está desde 2014 em guerra!
Não devemos, igualmente, esquecer que este povo vive paredes-meias com Estados Soberanos que conseguiram um dos maiores feitos na História do continente europeu: a construção da União Europeia, com políticas e cidadania comuns, sem que cada país perdesse a sua Soberania.
Putin quer demonstrar o poder do imperialismo russo e desafiar o direito internacional estabelecido, servindo um propósito que se desconhece. Será que estamos perante a “loucura” de um homem só, como já aconteceu na História recente da 2ª Guerra Mundial ou mesmo nas invasões napoleónicas? A ser, torna todo este cenário ainda mais negro e perigoso!
Mas vejamos a outra face da moeda, sem que, com isso nos desviemos da dura realidade, da tragédia e do sofrimento que este povo vive!
Este ato de tirania de Putin fez com que a identidade ucraniana e a pertença do seu território saíssem reforçadas juntos dos seus! Ao longo dos séculos a Ucrânia teve diversas fronteiras e vários domínios!
Não se avizinha uma resolução fácil para este conflito. Serão as sanções decretadas à Rússia suficientes? É que a “linha vermelha” do Ocidente/Nato é não permitir que o conflito Ucrânia-Rússia se transforme numa guerra global, devastadora para a humanidade.
Portugal, a União Europeia, a ONU e outras instituições nacionais e internacionais de solidariedade têm, desde o primeiro minuto, apoiado de todas as formas possíveis, este povo. Mas a pergunta que se impõe é: até onde estamos dispostos a ir?!…
A existência de uma considerável comunidade de ucranianos em Portugal, bem como a nossa intrínseca disponibilidade de/para ser solidários, fez com que, rapidamente muitos ajudassem, fosse através da entrega de alimentos, roupas ou facilitando o transporte e alojamento de refugiados, entre outras.
É surpreendente o nosso poder de mobilização…. Foi assim com a pandemia e volta a ser assim com esta guerra, igualmente próxima da nossa zona de conforto.