A palavra violência pode ser utilizada quando alguém pratica uma agressão a terceiros, ou quando alguém sofre os efeitos dessa agressão por parte desses terceiros. À primeira chamamos agente ativo, à segunda agente passivo. Há que distinguir ainda entre violência física e violência psicológica. As agressões são, ou podem ser, de vária ordem: de cariz físico-corporal, psicológico, moral, de cariz sexual, como o assédio, fraudes, de natureza variada, corrupção, plágio, etc. etc..
Mas a violência no desporto tem dois aspetos distintos, e com origens e objetivos diferentes, ou seja, a que é produzida por agentes ativos e aquela outra que a sociedade impõe aos próprios “atletas”, como forma de promoção social, de saída do anonimato, da miséria, ou de acesso a determinada profissão, para a qual têm que demonstrar capacidades muito acima da média, levando, por vezes, a situações de violentação da própria personalidade e do organismo para que sejam atingidos os objetivos almejados, levando ainda o próprio individuo a superar-se, no dia-a-dia, pondo, inclusive, em risco em sua vida e sua estabilidade emocional, que muitos não conseguem superar, levando a depressões profundas e a coisas piores…
A violência no desporto profissional está bem patente na necessidade de ganhar a qualquer preço, de tudo fazer para vencer, e, se preciso arriscando a saúde e por vezes a própria vida. É preciso proteger e preservar a saúde e a vida dos cidadãos, quando se está a falar de desporto amador, mas o futebol profissional não necessita de controlo anti-dopping, mas sim de medidas protetoras para quando acabam a atividade profissional e começam uma “reforma” que deverá assegurar a subsistência de uma pessoa com o mínimo de dignidade (Victor Baptista).
O desporto escolar (secundário e universitário) é que deve ser a oportunidade de o Estado através do Ministério da Saúde, e em colaboração com o da Educação, investir na saúde dos futuros cidadãos e desta forma baixar os custos com a saúde dos portugueses, com menos doenças, menos baixas médicas, menos abstenção e maior produtividade, com maior “Felicidade Nacional Bruta” como disse Tinbergen, em oposição ao Produto Nacional Bruto (PNB).
O espectáculo desportivo profissional do futebol, deve no entanto adotar medidas especiais contra a violência nos estádios, de duas ordens: a das bancadas contra aos “artistas” que estão a trabalhar no palco (que é o campo) e aquela outra que se passa no campo, entre jogadores, e desses contra os árbitros.
Impõe-se hoje uma medida excecional para proteção dos árbitros a sua equiparação a juízes com a criminalização de qualquer agressão contra eles classificada como crime público. Num país civilizado o desporto amador é a base da medicina preventiva. Nos países pouco desenvolvidos, pratica-se a medicina curativa. É o caso de Portugal…