1. Com a violência sanguinária que vemos em direto, prosseguem a invasão e aniquilação da Ucrânia, um país que queria caminhar para a liberdade, tentando desfazer-se da corrupção e violência que o minavam. Essa Ucrânia não vai existir. Será, provavelmente, parte da Rússia ou uma entidade como a Bielorrússia, conduzida por um fantoche. Tem sido notável a onda solidária que corre o mundo em apoio aos refugiados desta guerra, o que já não acontece aos que de lá fogem sem serem ucranianos.
É o caso dos originários de África, do Médio Oriente e do Oriente, muitos dos quais estavam lá fugidos de outros horrores. Esta vaga não pode ser um fogacho. Ora, todos sabemos que os portugueses são tão generosos como pouco persistentes e desorganizados. Também sabemos que a especialidade nacional é governar de anúncio, com muita propaganda à mistura, umas câmaras de televisão apontadas a soluções demagógicas, para que todos possamos dormir descansados.
Mas a realidade é sempre diferente. Viu-se com a reconstrução depois dos grandes incêndios. Resultou numa inacreditável roubalheira à conta de um drama sem igual. Para além de governos centrais e autárquicos propagandísticos, temos uma administração pública lenta, ineficaz e pérfida, especialista em dificultar tudo através de uma insuperável teia burocrática e manhosa. A maioria dos refugiados políticos e económicos que, até hoje, vieram cá parar sabem isso perfeitamente. Não é por acaso que partem logo que podem.
Uma bela prova da opacidade da nossa administração pública e das teias de corrupção que a envolvem está na forma como o Estado despachou para uma comunidade não pública a responsabilidade de constituir o dossier que serve de base à atribuição da nacionalidade a judeus descendentes de sefarditas. Estava na cara que vinha aí golpada. Confirmou-se pela detenção e limitação de liberdade do rabino do Porto.
E há de se reconfirmar, se houver uma investigação séria a alguns gabinetes de advogados. A lei em causa é justa, mas a sua aplicação foi corrompida. Só não viam a administração pública, o SEF, o MAI e o Ministério Público. Até o caso Abramovich teria passado de fininho, se não houvesse a invasão da Ucrânia.
Com a chegada de refugiados, emergem perigos de serem explorados por gente sem escrúpulos, como as próprias máfias ucranianas que pactuam tranquilamente com as da Rússia. A prostituição, o tráfico de crianças, de órgãos, de armas, de droga e a exploração no trabalho são crimes associados à migração de gente fragilizada. Não se diga que são fenómenos de outras paragens europeias. Sucederam abundantemente cá, nos anos 90, após o desmoronamento do comunismo. Para evitar uma repetição é preciso um Estado forte, competente, justo e eficaz nos apoios e no processo de integração. E isso é tudo aquilo que não temos.
Dois casos dos últimos dias são ilustrativos. Um ucraniano naturalizado português esteve oito horas nas urgências de um hospital da zona de Lisboa. Não foi visto. Remeteram-no para um centro de saúde onde também não foi assistido. No hospital apenas souberam cobrar-lhe 16 euros de taxa moderadora. É o Portugal solidário! Conhecia-se, entretanto, o simples caso de uma jovem estudante italiana que está em casa de uma família portuguesa, ao abrigo de um intercâmbio internacional. Já se dirigiu várias vezes a um centro de saúde de Lisboa para obter um número de utente provisório, a fim de terminar o ciclo vacinal contra a covid. Depois de quatro insistências, finalmente, lá lhe mandaram enviar um email para esse mesmo centro com cópia dos seus documentos.
Era uma coisa básica que devia ser explicada de início por um dos indolentes funcionários, os quais não aceitaram documentos em mão porque ainda haveria limitações por causa da pandemia! Se a resposta não chegar depressa, será melhor a adolescente meter-se na easyJet e ir vacinar-se a Itália e voltar. Se tal acontece a uma miúda de um país fundador da UE que está cá junto de uma família inserida e informada, então o que poderá acontecer futuramente aos refugiados da Ucrânia quando passar a onda solidária?
Todos sabemos a resposta, a começar pelo Presidente da República e os governantes que, sem recato, foram receber migrantes a Figo Maduro vindos num voo que nem sequer foi operado pela TAP nem pago pelo Estado. Face a esta vaga de refugiados, o mínimo é criar uma efetiva task-force, desde que não seja dirigida por um político ou um burocrata. Se for, é melhor não fazer nada…
2. Há um recrudescimento dos casos de covid-19 e de Gripe A. Surgem informações preocupantes sobre uma sexta vaga da pandemia. É importante que Governo e DGS informem sobre a evolução e as medidas profiláticas necessárias. Só nos faltava juntar um pico de pandemia à degradação económica que a guerra está a trazer.
3. No PSD está definido o calendário para a substituição de Rui Rio, o mais derrotado líder da história do partido. Fala-se de vários candidatos, mas nenhum confirmou o avanço. O Conselho Nacional de segunda-feira foi um deserto quanto a potenciais candidatos. Salvo Ribau Esteves, todos primaram pela ausência. Rio também faltou, por estar infetado com covid. Luís Montenegro é dado como candidato certo.
É um político bem preparado e provavelmente o único capaz de arriscar uma longa marcha de quatro anos, apesar de contaminado por certos anticorpos que persistem no PSD e no país em relação a Passos Coelho, de quem era muito próximo. Verdade se diga que, face a tudo o que temos vivido no país e no mundo, nada garante que a sólida maioria absoluta do PS não se derreta como a neve face ao calor do sol. Quem liderar o PSD pode beneficiar de uma súbita mudança política.
Entretanto, tem-se falado de Duarte Pacheco como hipótese de consenso para líder da bancada parlamentar social-democrata. Já Adão Silva, que atualmente ocupa essas funções, tem-se movimentado para ocupar a vice-presidência da AR que cabe aos sociais-democratas. Isto, apesar de Adão se ter distanciado de Rio e ter mesmo hostilizado figuras próximas dele. Para a Presidência do Parlamento persistem dúvidas sobre se será Augusto Santos Silva que, assim, daria também um passo rumo a uma candidatura a Belém em 2026. Como aqui se escreveu, há, todavia, quem entende que António Costa deveria manter Santos Silva no MNE, onde tem larga experiência.
4. No momento em que os preços dos combustíveis atingem níveis impensáveis, é tempo de Carlos Moedas cumprir promessas. Moedas ainda não acionou os tais transportes gratuitos para os lisboetas até aos 24 anos e acima dos 65. E não também há também nota de diligências para concretizar o princípio de que o passe social sirva para se usar as bicicletas “Gira” que a autarquia aluga. Já a EMEL e a Polícia Municipal prosseguem na sua enorme inutilidade. Até parece que Medina ainda está na Praça do Município.
5. Uma boa notícia veio do congresso da ANAFRE, que junta as freguesias. No fim de semana, rejeitou a regionalização, por 247 votos contra 135. Quanto mais próximos do povo, mais os dirigentes percebem o embuste que seria estraçalhar Portugal e alargar a classe político-administrativa.
6. Ana Gomes, a grande fiscalizadora mediática da moral e da ética, tem uma mansão à venda por cerca de dois milhões de euros. Só que o imposto respetivo tem sido avaliado sobre um preço de 400 mil. Ou seja, não tem pago o adicional conhecido por imposto Mortágua. Nem de propósito a dita Mortágua, a Mariana, foi apanhada a receber cachet da SIC para fazer comentários, violando a exclusividade que requereu como deputada. A moçoila do Bloco apressou-se a explicar que desconhecia a lei, coisa que nunca se pode invocar. Mais inocência só Ricardo Salgado ter dito ao tribunal que “lhe foi atribuída doença de Alzheimer”, a fim de tentar fugir às responsabilidades. Levou seis anos de cadeia, num processo que só avançou porque Ivo Rosa não andou a engonhar, ao contrário de outro magistrado.