A guerra, o meu olhar


A escalada do conflito pode, no limite, extravasar as partes em contenda, e envolver terceiros, o que agigantaria o espectro nuclear.


Não sou especialista, nem analista, nem comentador. Não domino as peripécias históricas em todo o seu esplendor, nem os detalhes geo-estratégicos e menos ainda as especificidades do arsenal militar russo ou ucraniano. Sei, ainda assim, coisas importantes. Sei que a escalada do conflito pode, no limite, extravasar as partes em contenda – o agressor e o agredido -, e envolver terceiros, o que agigantaria o espectro nuclear. Sei também, intuo, pelo menos, que sem a NATO, a pulsão vertiginosa de Putin que está na iminência de engolir a Ucrânia não resistiria à tentação de abocanhar outros territórios e refundar um bloco de leste, formado por países cujos governos seriam subjugados à coação moral de Moscovo. Sei ainda que a inversão de política da Europa, não só no que respeita à sua autonomia, mas, sobretudo, no processo de remilitarização que se vai iniciar vai elevar brutalmente os gastos na defesa, o que conduzirá inelutavelmente ao retrocesso em áreas para as quais o envelhecimento da população reclama reforço.

Mas sei, acima de todas as outras considerações de alcance limitado, que estamos perante um momento crítico. Um momento que define o caminho da civilização. Desde a 2.ª Guerra Mundial que se suprimiu em larga medida a ideia de que um país pode ser riscado do mapa, que a mera força militar do vizinho era suficiente razão para um país temer pela sua sobrevivência e isso contrasta com a lógica prévia da anexação, a lei da selva que regia a relação entre países, em que reis, sultões e czares ficavam para a história por guerras sangrentas que visavam dominar as matérias-primas e infraestruturas do derrotado. 

É, por isso, que esta disputa também é nossa. Porque ela define o que se pode ou não fazer, o que é ou não aceitável. E isso é mais do que tudo o resto.

A guerra, o meu olhar


A escalada do conflito pode, no limite, extravasar as partes em contenda, e envolver terceiros, o que agigantaria o espectro nuclear.


Não sou especialista, nem analista, nem comentador. Não domino as peripécias históricas em todo o seu esplendor, nem os detalhes geo-estratégicos e menos ainda as especificidades do arsenal militar russo ou ucraniano. Sei, ainda assim, coisas importantes. Sei que a escalada do conflito pode, no limite, extravasar as partes em contenda – o agressor e o agredido -, e envolver terceiros, o que agigantaria o espectro nuclear. Sei também, intuo, pelo menos, que sem a NATO, a pulsão vertiginosa de Putin que está na iminência de engolir a Ucrânia não resistiria à tentação de abocanhar outros territórios e refundar um bloco de leste, formado por países cujos governos seriam subjugados à coação moral de Moscovo. Sei ainda que a inversão de política da Europa, não só no que respeita à sua autonomia, mas, sobretudo, no processo de remilitarização que se vai iniciar vai elevar brutalmente os gastos na defesa, o que conduzirá inelutavelmente ao retrocesso em áreas para as quais o envelhecimento da população reclama reforço.

Mas sei, acima de todas as outras considerações de alcance limitado, que estamos perante um momento crítico. Um momento que define o caminho da civilização. Desde a 2.ª Guerra Mundial que se suprimiu em larga medida a ideia de que um país pode ser riscado do mapa, que a mera força militar do vizinho era suficiente razão para um país temer pela sua sobrevivência e isso contrasta com a lógica prévia da anexação, a lei da selva que regia a relação entre países, em que reis, sultões e czares ficavam para a história por guerras sangrentas que visavam dominar as matérias-primas e infraestruturas do derrotado. 

É, por isso, que esta disputa também é nossa. Porque ela define o que se pode ou não fazer, o que é ou não aceitável. E isso é mais do que tudo o resto.