Por Sónia Leal Martins, Politóloga
A 7 de maio de 1945 terminava o conflito mais sangrento e traumático da História da humanidade – a II Guerra Mundial.
Nasci 43 anos depois do fim da guerra na Europa. A guerra foi fazendo parte da história e dos livros de história, parecendo um acontecimento distante com o desaparecimento daqueles que a vivenciaram.
As primeiras memórias que tenho de uma guerra remontam à Guerra da Bósnia – o conflito mais prolongado e violento da Europa desde o fim da II Guerra e aquele que geograficamente tivemos mais perto.
Mais tarde, recordo-me da Guerra do Afeganistão e do temível Osama bin Laden até porque, nunca mais, nos esqueceremos do dia 11 de setembro de 2001, quando todos achámos que estávamos a assistir a um filme, em direito nos telejornais.
Era demasiado drástico para ser verdade, mas foi, era a resposta dos Talibã aos EUA – estava declarada a guerra contra o terrorismo – e, em 2003, lembro-me bem do início da Guerra do Iraque, com a invasão dos Estados Unidos a Bagdá e a outras cidades do Iraque. Ficará para sempre na memória a queda da estátua de Saddam Hussein na praça de Firdos – que caiam todos os ditadores pensei eu.
Longe de imaginar, que em plano século XXI, a guerra voltaria à Europa e com o medo de que a invasão à Ucrânia seja o início da III Guerra Mundial.
A guerra na Ucrânia parece-nos bem mais próxima, do que, por exemplo, a guerra na Bósnia, mas na verdade não é, estamos a mais de 3.000 quilómetros da Ucrânia, no entanto, senti que a guerra está por trás da porta.
Há aqui um fator determinante, para nos sentirmos mais envolvidos, mais chocados, mais preocupados e consequentemente, mais perto desta guerra, o meio digital. É a primeira guerra na Europa na era digital, na era das redes sociais e dos chamados novo media.
A guerra e o sofrimento por ela causado a milhares de seres humanos está ao alcance de um smartphone – produto amplamente democratizado e ao alcance da esmagadora maioria da população do ocidente.
As imagens, os vídeos, as declarações e os rebentamentos de bombas são vistas muitas vezes em direto, não apenas nas televisões, mas também no mundo digital, amplificando ainda mais o horror causado pela guerra.
A guerra que provocou milhões de refugiados, principalmente, idosos, mulheres e crianças, que deixam o seu país em busca de salvação, fragmentando muitas famílias, provocando sofrimento àqueles que deixam os maridos ou filhos para trás, a combater o inimigo, a salvar a pátria.
Sou da geração da democracia e da paz, e por isso, sinto-me, como todos nós, indignada com o que vamos assistindo, sendo avassalador o sentimento de impotência, tal é o impacto do que vamos vendo e ouvindo.
Ninguém é, nem pode ser indiferente, a este momento tão triste da nossa história coletiva. A sociedade civil, tem mostrado estar mobilizada no sentido de minimizar a dor e o sofrimento deste povo, que merece a nossa mais profunda solidariedade. Estar ao lado do povo ucraniano é estar no lado certo da História, porque acredito que a diáspora ucraniana é o principal esteio dessa nação que as teorias estratégicas de Putin querem apagar. Os refugiados dessa pátria aprisionada não são um peso para o Ocidente, mas sim um sinal de resistência.
Neste dia, em que se assinala o Dia Europeu das Vítimas de Terrorismo, acredito que juntos e sem intransigências venceremos – a bem da Liberdade, da Democracia e da Paz.