Um país parado em tempos de ação


Estamos num momento de tanta incerteza económica. Incerteza em virtude do retrocesso económico-social que a pandemia nos trouxe e, claro, de duas semanas de certeza absoluta que não vivemos um clima de paz no nosso continente e que terá repercussões ainda não quantificáveis ao nível das matérias-primas, do gás natural e na diplomacia mundial. 


Já não sabemos bem o que é estar na vida como ela era até inícios do ano 2020. Desde que a pandemia entrou nas nossas vidas que ansiamos por algo dito “normal”. Por algo que arrume todos os pesadelos reais que assistimos. Afinal não é para já, quando nos preparávamos para dar o passo em frente ao nível da saúde pública, o mundo deu umas décadas de passos atrás e abriu um conflito militar em pleno continente europeu.

Ainda não será agora que recuperamos a “normalidade”, se é que alguma vida é considerada normal desde o momento em que nascemos até ao momento em que somos apenas memória de quem outrora viveu connosco, não é para já que voltamos a ter um dia vivido como foi até 2019.

Porém, há matérias demasiado sensíveis. Há questões cuja sensibilidade e abrangência não podem parar em tempos pandémicos. Nem em tempos de conflitos militares e de ausência de paz no nosso continente.

Sempre repeti que “tudo o que fazemos é política”. Seja discutir políticas do território do nosso município e as políticas dos órgãos autárquicos locais, na rua uma numa assembleia municipal qualquer. Seja uma reunião de trabalho entre serviços da nossa atividade profissional. Ou, ainda, seja até uma questão tática de qualquer desporto que acompanhamos pela televisão e debatemos num café.

Emitir a nossa opinião é o estado mais nobre da ação política. Porém, há uma dita “política”, a governamental, que afeta o dia-a-dia de todas essas normalidades, de ação pessoal, que temos como política.

Essa política de todos, embora assuma a sociedade que “fazer política” é só quando se fala do PS, do PSD, da Assembleia da República e dos Presidentes de Câmara. Não é. A corrente do que “suscita likes” e “aprovação popular” é mandar abaixo tudo o que meta a palavra “política” no meio. Mas, lamento desiludir alguns incoerentes ditos “anti-política” que passam o dia a debater temáticas, a apresentar as suas opiniões, a projetar ideias e… a fazer política (não partidária).

Nesse campo, da política partidária, vivemos também tempos estranhos.

Não falo da segunda maioria absoluta da história do PS, nas mais recentes eleições legislativas, que é perfeitamente aceitável porque o povo e os eleitores são soberanos e decidem sempre de forma correta. Nem falo de qualquer resultado, seja em Autárquicas ou eleições Presidenciais. Esses resultados são consequência de uma escolha e, todos eles, são tempos normais da democracia.

Falo de um tempo estranho de aparente inação ao nível superior da nossa política.

Estamos num momento de tanta incerteza económica. Incerteza em virtude do retrocesso económico-social que a pandemia nos trouxe e, claro, de duas semanas de certeza absoluta que não vivemos um clima de paz no nosso continente e que terá repercussões ainda não quantificáveis ao nível das matérias-primas, do gás natural e na diplomacia mundial. Sem referir os custos já quantificáveis, por exemplo, nos preços dos combustíveis ou, também, no facto da Ucrânia bloquear desde ontem as exportações de cereais, açúcar, sal e carne. Referir que a Ucrânia é o quarto maior exportador de alimentos do mundo e responsável por cerca de 20% das importações de trigo da União Europeia. Isto é quantificável.

Mesmo com estes retrocessos, vemos um país aparentemente parado quando deveria estar a mexer-se a toda a velocidade.

Um país sem Governo em plenas funções. Um país sem Parlamento ainda. Um país sem Orçamento de Estado aprovado e que está desde 1 de janeiro de 2022 a ser gerido em duodécimos. Isto, os duodécimos, significa que terá o mesmo enquadramento que o mês equivalente de 2021, travando medidas que impliquem maiores gastos que este ano, por exemplo. Ou seja, irrealista.

Um país em que o segundo maior partido em votação, tendencialmente o dito “líder de oposição”, está a navegar no vazio e sem ação nenhuma diária que concretize a célebre máxima de que “oposições fortes fazem governos melhores”. À data é uma oposição inexistente.

Um país, portanto, sem rasgo no poder e na oposição quando o mundo apela a coragem, superação e muita ação diária. Muita ação com criatividade e propostas inovadoras porque as fórmulas antigas não vão responder a quão o mundo mudou desde a COVID-19 e agora com o flagelo militar Rússia-Ucrânia.

Vivemos parados quando se exige uma ação permanente para capacitar uma resposta nacional para os milhões que se querem aplicados, vindos da União Europeia, num PRR.

Vivemos parados quando se exige capacidade de entender que o mundo pode ser mesmo melhor. Melhor com a transição digital, com a globalização e apoio intercontinental que ficou para lá do Vírus SARS-CoV-2 ou melhor com um território mais sustentável.

Com uma Transição Digital que permita dar respostas na saúde que outrora eram difíceis. Seja com uma mais eficiência de tempo-útil ou de consumos inúteis em transportes, através das TeleConsultas. No acompanhamento e diagnóstico médico via Telemedicina ou ainda fruto da capacidade real de Telemonitorização de doentes crónicos através de dispositivos médicos que emitem resultados fisiológicos com toda uma equipa clínica multidisciplinar a acompanhar remotamente. O chamado bloco, que engloba todas estas valências (e outras), o eHealth será uma salvaguarda de melhoria para utentes, doentes e profissionais de saúde.

Uma transição digital que permita combater os malefícios das alterações climáticas e permita aos vários dispositivos de análise ambiental, por exemplo e neste simples exemplo, podermos poupar água. Podermos poupar eletricidade através de quantificadores de utilidade de tempo de uso real. Podermos ser mais amigos do ambiente mas de forma real.

Um mundo digital onde agora, só agora, parece “banal” ou normal ter a possibilidade de ligar em videochamada familiares ou profissionais de todos os cantos do mundo, mas que isto sirva para acautelar uma maior produtividade e eficiência laboral também.

Um Portugal que, quando se discute e fala diariamente de uma guerra por territórios no Leste Europeu tem, em pleno século XXI, os seus Planos Diretor Municipal quase todos por cumprir. Todos caducos. Todos ultrapassados na larga maioria dos 308 municípios portugueses e, naturalmente, causa dificuldades aos portugueses que querem valorizar os seus terrenos ou adaptar o seu património como, porque não, os próprios territórios públicos que seguramente até em políticas do solo muitos alteraram o seu estado e consequente utilidade. Isto afeta a qualidade de vida das pessoas. Isto também não pode parar. Cada vez mais, as políticas do território são um valor que devemos estimar, estimular e trabalhar.

Há tanto por fazer. Há tanto caminho que nos leva a pensar: “Não podemos parar mesmo!”.

Porém, olhando para a política que interfere em todas as nossas políticas e convicções pessoais, estamos num país parado há demasiado tempo. E cada dia a mais é um conjunto de oportunidades e de esperança a menos.

Portugal hoje parece um país parado em tempos de ação. De ação digital, de ação territorial, de ação ao nível da inovação e da ciência e de ação humanitária.

 

Saibamos tirar todos, em conjunto, cada um na sua área política de ação, o pé do travão e carregar bem fundo no acelerador.

Um país parado em tempos de ação


Estamos num momento de tanta incerteza económica. Incerteza em virtude do retrocesso económico-social que a pandemia nos trouxe e, claro, de duas semanas de certeza absoluta que não vivemos um clima de paz no nosso continente e que terá repercussões ainda não quantificáveis ao nível das matérias-primas, do gás natural e na diplomacia mundial. 


Já não sabemos bem o que é estar na vida como ela era até inícios do ano 2020. Desde que a pandemia entrou nas nossas vidas que ansiamos por algo dito “normal”. Por algo que arrume todos os pesadelos reais que assistimos. Afinal não é para já, quando nos preparávamos para dar o passo em frente ao nível da saúde pública, o mundo deu umas décadas de passos atrás e abriu um conflito militar em pleno continente europeu.

Ainda não será agora que recuperamos a “normalidade”, se é que alguma vida é considerada normal desde o momento em que nascemos até ao momento em que somos apenas memória de quem outrora viveu connosco, não é para já que voltamos a ter um dia vivido como foi até 2019.

Porém, há matérias demasiado sensíveis. Há questões cuja sensibilidade e abrangência não podem parar em tempos pandémicos. Nem em tempos de conflitos militares e de ausência de paz no nosso continente.

Sempre repeti que “tudo o que fazemos é política”. Seja discutir políticas do território do nosso município e as políticas dos órgãos autárquicos locais, na rua uma numa assembleia municipal qualquer. Seja uma reunião de trabalho entre serviços da nossa atividade profissional. Ou, ainda, seja até uma questão tática de qualquer desporto que acompanhamos pela televisão e debatemos num café.

Emitir a nossa opinião é o estado mais nobre da ação política. Porém, há uma dita “política”, a governamental, que afeta o dia-a-dia de todas essas normalidades, de ação pessoal, que temos como política.

Essa política de todos, embora assuma a sociedade que “fazer política” é só quando se fala do PS, do PSD, da Assembleia da República e dos Presidentes de Câmara. Não é. A corrente do que “suscita likes” e “aprovação popular” é mandar abaixo tudo o que meta a palavra “política” no meio. Mas, lamento desiludir alguns incoerentes ditos “anti-política” que passam o dia a debater temáticas, a apresentar as suas opiniões, a projetar ideias e… a fazer política (não partidária).

Nesse campo, da política partidária, vivemos também tempos estranhos.

Não falo da segunda maioria absoluta da história do PS, nas mais recentes eleições legislativas, que é perfeitamente aceitável porque o povo e os eleitores são soberanos e decidem sempre de forma correta. Nem falo de qualquer resultado, seja em Autárquicas ou eleições Presidenciais. Esses resultados são consequência de uma escolha e, todos eles, são tempos normais da democracia.

Falo de um tempo estranho de aparente inação ao nível superior da nossa política.

Estamos num momento de tanta incerteza económica. Incerteza em virtude do retrocesso económico-social que a pandemia nos trouxe e, claro, de duas semanas de certeza absoluta que não vivemos um clima de paz no nosso continente e que terá repercussões ainda não quantificáveis ao nível das matérias-primas, do gás natural e na diplomacia mundial. Sem referir os custos já quantificáveis, por exemplo, nos preços dos combustíveis ou, também, no facto da Ucrânia bloquear desde ontem as exportações de cereais, açúcar, sal e carne. Referir que a Ucrânia é o quarto maior exportador de alimentos do mundo e responsável por cerca de 20% das importações de trigo da União Europeia. Isto é quantificável.

Mesmo com estes retrocessos, vemos um país aparentemente parado quando deveria estar a mexer-se a toda a velocidade.

Um país sem Governo em plenas funções. Um país sem Parlamento ainda. Um país sem Orçamento de Estado aprovado e que está desde 1 de janeiro de 2022 a ser gerido em duodécimos. Isto, os duodécimos, significa que terá o mesmo enquadramento que o mês equivalente de 2021, travando medidas que impliquem maiores gastos que este ano, por exemplo. Ou seja, irrealista.

Um país em que o segundo maior partido em votação, tendencialmente o dito “líder de oposição”, está a navegar no vazio e sem ação nenhuma diária que concretize a célebre máxima de que “oposições fortes fazem governos melhores”. À data é uma oposição inexistente.

Um país, portanto, sem rasgo no poder e na oposição quando o mundo apela a coragem, superação e muita ação diária. Muita ação com criatividade e propostas inovadoras porque as fórmulas antigas não vão responder a quão o mundo mudou desde a COVID-19 e agora com o flagelo militar Rússia-Ucrânia.

Vivemos parados quando se exige uma ação permanente para capacitar uma resposta nacional para os milhões que se querem aplicados, vindos da União Europeia, num PRR.

Vivemos parados quando se exige capacidade de entender que o mundo pode ser mesmo melhor. Melhor com a transição digital, com a globalização e apoio intercontinental que ficou para lá do Vírus SARS-CoV-2 ou melhor com um território mais sustentável.

Com uma Transição Digital que permita dar respostas na saúde que outrora eram difíceis. Seja com uma mais eficiência de tempo-útil ou de consumos inúteis em transportes, através das TeleConsultas. No acompanhamento e diagnóstico médico via Telemedicina ou ainda fruto da capacidade real de Telemonitorização de doentes crónicos através de dispositivos médicos que emitem resultados fisiológicos com toda uma equipa clínica multidisciplinar a acompanhar remotamente. O chamado bloco, que engloba todas estas valências (e outras), o eHealth será uma salvaguarda de melhoria para utentes, doentes e profissionais de saúde.

Uma transição digital que permita combater os malefícios das alterações climáticas e permita aos vários dispositivos de análise ambiental, por exemplo e neste simples exemplo, podermos poupar água. Podermos poupar eletricidade através de quantificadores de utilidade de tempo de uso real. Podermos ser mais amigos do ambiente mas de forma real.

Um mundo digital onde agora, só agora, parece “banal” ou normal ter a possibilidade de ligar em videochamada familiares ou profissionais de todos os cantos do mundo, mas que isto sirva para acautelar uma maior produtividade e eficiência laboral também.

Um Portugal que, quando se discute e fala diariamente de uma guerra por territórios no Leste Europeu tem, em pleno século XXI, os seus Planos Diretor Municipal quase todos por cumprir. Todos caducos. Todos ultrapassados na larga maioria dos 308 municípios portugueses e, naturalmente, causa dificuldades aos portugueses que querem valorizar os seus terrenos ou adaptar o seu património como, porque não, os próprios territórios públicos que seguramente até em políticas do solo muitos alteraram o seu estado e consequente utilidade. Isto afeta a qualidade de vida das pessoas. Isto também não pode parar. Cada vez mais, as políticas do território são um valor que devemos estimar, estimular e trabalhar.

Há tanto por fazer. Há tanto caminho que nos leva a pensar: “Não podemos parar mesmo!”.

Porém, olhando para a política que interfere em todas as nossas políticas e convicções pessoais, estamos num país parado há demasiado tempo. E cada dia a mais é um conjunto de oportunidades e de esperança a menos.

Portugal hoje parece um país parado em tempos de ação. De ação digital, de ação territorial, de ação ao nível da inovação e da ciência e de ação humanitária.

 

Saibamos tirar todos, em conjunto, cada um na sua área política de ação, o pé do travão e carregar bem fundo no acelerador.