Por Fátima Castanheira Geada, PhD, CRMA, Economista, Professora Universitária e Presidente do IPAI – IIA Portugal
Fundado a 6 de Março de 1992, o Instituto Português de Auditores Internos (IPAI) tem como objetivo fundamental a credibilização e a formação dos auditores internos no nosso país. É o representante em Portugal do Institute of Internal Auditors (IIA) dos Estados Unidos. O IIA é um organismo internacional que tem certificações profissionais em Auditoria válidas em mais do que 170 países e “chapters” nesses países. O IIA tem como representante em Portugal o IPAI que realiza uma conferência Nacional anual e várias conferências / Fóruns locais ao longo do ano.
Procurando percorrer os marcos mais significativos da atividade do IPAI cabe-me realçar o papel desempenhado pelo Instituto para a certificação da profissão, promovendo as formações necessárias à proficiência dos auditores e ao disponibilizar a informação bastante que permita a sua atualização permanente. “Crescer pela partilha” é não só o lema do IPAI, mas a cartilha que tem regido a sua atuação.
Na atividade desenvolvida pelo IPAI, a preocupação de envolver novos “públicos” e novas vertentes profissionais, tem resultado num reforço de atuação desenvolvida no âmbito dos núcleos especializados (Transportes, Infraestruturas e Reguladores e Núcleo Financeiro) e dos fóruns Setorais (Saúde e Autarquias). Deste modo, foi possível alargar a reflexão sobre os temas da Auditoria, Controlo e Governação transversalmente na Sociedade e em parceria com Institutos Politécnicos, levar a discussão a diferentes públicos geograficamente mais distantes de Lisboa e Porto.
O IPAI através da sua Presidente faz parte da reunião magna dos presidentes do Instituto Internacional (IIA) – Global Council, bem como da European Conferederation of Instittues of Internal Auditing (ECIIA), permitindo assim estar alinhado com o que são os seus objetivos estratégicos bem como com as suas metodologias e as suas certificações dirigidas aos auditores internos. Nesse âmbito procura-se desenvolver em Portugal um conjunto de atividades que têm diferentes níveis de atuação. No nível global salienta-se a conferência anual e os diferentes Webinares e Fóruns com temáticas especificas, que ao longo do ano são realizadas.
O Webinar realizado este dia 7 de março para assinalar o 30º aniversário do IIA Portugal procurou realçar o trajeto que o Instituto tem levado a cabo para a credibilização da função Auditoria Interna através de parcerias estabelecidas com reputadas Universidades e outros organismos de Ensino e investigação.
A preocupação principal tem sido os grandes desafios da auditoria em termos de utilização de data analytics, novas metodologias para a auditoria e simultaneamente a prevenção da fraude e os novos enquadramentos regulamentares, na prática eles mesmos desafios para a própria função da auditoria interna.
Os desafios para os próximos anos são muitos e o papel que uma Associação Profissional, com as características do IPAI pode desempenhar nesse contexto é muito relevante, por um reforço da Auditoria na Governação das Empresas, reafirmando assim a sua independência e o seu contributo para as Instituições e Sociedade, bem como reforçar a sua atuação na preparação profissional dos auditores (técnica e comportamental) o que irá indiscutivelmente contribuir para o reconhecimento cada vez maior do seu papel nas organizações e na sociedade.
A Auditoria Interna fornece garantia objetiva e visão sobre a eficácia e eficiência da gestão de riscos, sistema de controlo interno e processos de governação das organizações. Uma função de Auditoria Interna dinâmica e ágil é um recurso indispensável para uma Corporate Governance sólida. No âmbito dos desafios salientam-se os resultantes da própria pandemia, que realçou a exposição das organizações na continuidade das TI e processos de gestão de crises. O conceito de Environment Sustentability and Governance (ESG) tem vindo a ser alvo de cada vez mais atenção e o desenvolvimento digital a que as empresas foram sujeitas, acelerando drasticamente a sua transformação digital está a forçar as organizações a implementar iniciativas cada vez mais robustas de cibersegurança, o que vai obrigar a auditorias “end to end” do processo de resposta cibernética de modo a deter vulnerabilidades na resposta.
Neste marco, que a comemoração dos trinta anos do IPAI, IIA Portugal, constitui , os desafios representam uma oportunidade da Função Auditoria Interna rever e reposicionar as suas prioridades, identificar novos drivers de transformação, reavaliando o seu contributo efetivo na Corporate Governance das Instituições , promovendo um plano de auditoria mais ágil e dinâmico, uma avaliação de risco em tempo real, baseada em dashboards com reporte dinâmico, baseado em indicadores de qualidade e perfomance.
Torna-se oportuno refletir sobre algumas das questões que nos permitem avaliar de que forma o papel da auditoria interna numa organização está a ser apreendido pela própria organização:
– Quão profundamente está a AI envolvida na discussão sobre os riscos da organização?
– Está a AI devidamente posicionada e com recursos que lhe permitam exercer com independência e competências as suas funções?
– A reportabilidade ao órgão de gestão é efetuada com regularidade e com frequência são estabelecidas reunião com os órgãos de supervisão e de fiscalização?
– A gestão de topo reconhece as intervenções da Auditoria Interna? Como é que o Conselho de Administração e os órgão de supervisão se articulam com a AI, de modo garantir uma atuação da AI ágil e inovadora?
O papel do IPAI – IIA Portugal é particularmente relevante para proporcionar conhecimento e formação adequada aos Auditores, bem como dinamizar as certificações como forma de credibilização da profissão de Auditor Interno e a sua intervenção nas organizações.