O mercado de seguros de saúde não pára de aumentar. De acordo com os últimos dados divulgados pela Associação Portuguesa de Seguradores (APS), este segmento duplicou em onze anos, ultrapassando os mil milhões de euros em 2021. Em causa está um total de mais de 3,3 milhões de beneficiários. O regulador dos seguros diz que esta subida se deveu às “respostas eficazes” do setor privado na área dos seguros de saúde, numa altura em que, devido à pandemia, o Serviço Nacional de Saúde esteve focado no combate à pandemia.
Há ofertas para todos os gostos e preços e continuam a surgir neste mercado novas ofertas. E, para muitos consumidores, o seguro de saúde é visto como um importante complemento ao SNS. No entanto, escolher um plano adequado às suas necessidades pode ser uma tarefa complexa. E a explicação é simples: o prémio do seguro a pagar depende das coberturas contratadas. Como tal, esse é um dos critérios a ter em conta no momento de escolher o seguro de saúde.
A verdade é que a dinâmica deste mercado é cada vez maior e, por isso mesmo, é frequente assistirmos à possibilidade de contratar planos de saúde completamente personalizáveis, adaptados à realidade de cada indivíduo, à medida das suas necessidades, construídos pelo próprio segurado.
Mas nem tudo são facilidades. Um dos entraves diz respeito ao limite de idade. As seguradoras definem um limite máximo para contratar o seguro – regra geral, 60 anos. Além disso, muitas definem também um limite de permanência a partir do qual a pessoa é excluída (65 ou 70 anos). Algumas companhias prescindem desse limite se o seguro for contratado antes dos 45 anos. Os filhos deixam de estar abrangidos aos 25 anos.
Outro motivo de preocupação prende-se com a condição de não haver risco grave de doença para a contratação de seguro por parte do utente sem que haja aumento do prémio de saúde. Ao mesmo tempo, a duração anual dos seguros pode deixar os consumidores “desprotegidos”. Por exemplo, uma vítima de acidente que requeira tratamentos superiores a um ano pode ver a sua seguradora inviabilizar a renovação da apólice no final desse ano.
Também a maioria das ofertas exclui doenças preexistentes. E exige um período de carência, o que significa que o segurado só pode ativar as coberturas do seguro depois de decorrido este período de carência. Na prática, trata-se de um adiamento do início do seguro, aplicado apenas em caso de doença, e nunca em caso de acidente. O período de carência mais usual é de 90 dias para todas as coberturas, exceto na de parto, que varia entre 365 e 540 dias. A maioria das seguradoras definem períodos de carência mais alargados para determinado tipo de despesas.
Seguro ou cartão de saúde? O custo está geralmente na base da decisão quando opta por um cartão em detrimento de um seguro de saúde. Por norma, os primeiros são quase sempre mais baratos; no entanto, não substituem os seguros. “Além disso, arrisca-se a comprar um e verificar, mais tarde, que pouca utilização lhe pode dar, por não haver médicos nem serviços na sua zona de residência com os quais o cartão tenha acordo”, alerta a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco).
No entanto, para a entidade, o seguro também não é a melhor solução para todos os casos. “Mesmo que o preço não seja um entrave para si, se pretende apenas fazer tratamentos dentários, subscrever um seguro de saúde pode não compensar”. Ainda assim, admite que, no caso de não ter restrições orçamentais, o cliente fica “à partida mais bem servido com um seguro. Os cartões são uma alternativa mais barata para quem quer ir ao privado, mas poucos cobrem internamento e a sua utilidade é reduzida se vive fora dos grandes centros urbanos”.
ADSE vs. seguros A ADSE corresponde, de certa forma, a um plano de saúde que é facultado aos funcionários públicos, pelo qual estes pagam uma quantia que, atualmente, equivale a 3,5% do seu vencimento.
No entanto, a partir de janeiro e, de acordo com este subsistema de saúde cerca de 100 atos da nova tabela do regime convencionado foram objeto de reavaliação.
“As alterações, que determinam uma revisão em alta dos preços dos atos comparticipados, incidem sobretudo nas tabelas de cirurgia e medicina, onde estão incluídos alguns meios de diagnóstico e terapêutica, atos de ginecologia, obstetrícia (partos), urologia, anatomia patológica e certas situações de exames radiológicos e enfermagem”, acrescentando que “no caso dos partos, os novos preços mantêm a repartição dos encargos na proporção de 90% suportados pela ADSE e 10% suportados pelos beneficiários. Por sua vez, os preços dos restantes atos mantêm inalterada a percentagem do copagamento a cargo do beneficiário”.
Critérios a ter em conta
Identificar necessidades
Antes de escolher o seguro de saúde deve analisar muito bem a oferta e identificar quanto gasta por ano e qual o orçamento que tem disponível anualmente só para esta área. Outro critério a ter em conta é se tem filhos ou, no caso de ser mulher, se está a pensar engravidar.
Forma de pagamento
O valor do seguro poderá ser pago mensal, trimestral, semestral ou mesmo anualmente. A forma de pagamento é estipulada na altura da subscrição da apólice. Analise as diferenças de preço entre as modalidades e escolha a que mais lhe convém.
Descontos
A maioria das seguradoras costumam aplicar um desconto pela inclusão do agregado familiar no seguro, diminuindo o montante do prémio. A desvantagem é que o seguro terá de ser igual para todos, o que nem sempre é o ideal, uma vez que há necessidades diferentes até por causa da idade. Subscrever o seguro numa seguradora onde já tenha outros produtos pode fazê-lo beneficiar de um desconto.
Coberturas
Os seguros de saúde dispõem de várias opções de cobertura, das mais simples às mais completas.
Período de carência
Já existem no mercado algumas opções sem período de carência mas, geralmente, quando existe, é de 90 dias. Isto significa que, até ter decorrido esse período, o seguro não pode ser utilizado. No entanto, por exemplo para o parto,o período pode ir até um ano e meio.
Idade
A maioria das companhias de seguros não aceitam novas adesões de quem tem mais de 55 anos e não renovam
o seguro quando se chega aos 65. Informe-se sobre as condições de cada apólice.
Escolha o melhor seguro
Seguro de reembolso
Se a sua intenção é escolher os médicos, os hospitais e as clínicas onde é assistido, opte por um seguro de reembolso. É válido para quem mora longe dos grandes centros urbanos, onde o número de prestadores de serviços associados à rede de cuidados da seguradora é mais limitado. Primeiro, o consumidor paga tudo do seu bolso mas, mais tarde, pode reaver uma boa parte se apresentar à companhia os recibos ou faturas.
Seguro de assistência
Se mora na cidade ou nos arredores, pode optar por um seguro de assistência. Caso recorra aos profissionais e às instituições da rede de cuidados médicos da companhia, esta paga quase a totalidade das despesas abrangidas pelo seguro, até ao limite de capital contratado. Se tiver de ir a outras zonas do país, fica limitado na escolha dos médicos ou pode correr o risco de não encontrar nenhum da companhia.
Seguro misto
Estes são mais flexíveis, pois permitem optar pela rede de cuidados médicos da seguradora ou por serviços fora da rede. É o segurado quem decide o que mais lhe convém em cada momento.
Vantagens
• Geralmente há uma linha telefónica disponível para o ajudar na eventualidade de surgir algum problema
• Reduz o tempo de espera característico do SNS
• Tem acesso a um conjunto de possibilidades bastante mais amplo que as alternativas públicas
• Algumas apólices apresentam uma certa flexibilidade na escolha dos profissionais e dos estabelecimentos
Desvantagens
• Elevado custo das apólices
• Franquias dos seguros
• Períodos de carência
• Limitações impostas através da exclusão de doenças comuns não abrangidas pela esmagadora maioria das apólices
• Determinadas zonas do país não estão propriamente bem localizadas em relação aos estabelecimentos que compõem a rede decuidados das seguradoras
Principais coberturas
Hospitalização
Paga as despesas de maior valor com internamentos superiores a 24 horas: intervenção cirúrgica, diária hospitalar, aluguer do piso de operações, honorários médicos, enfermeiros e anestesistas, testes e exames médicos. No entanto, exclui despesas particulares (como telefone ou televisão), enfermagem privativa, etc.
Estomatologia
Paga despesas com consultas e tratamentos dentários. No entanto, muitos seguros mistos só garantem o pagamento se forem realizados no âmbito da rede da seguradora. Não inclui doenças já existentes, aparelhos de correção e aplicação de metais preciosos.
Ambulatório
Paga consultas de clínica geral e de especialidade, exames médicos, tratamentos e pequenas cirurgias sem internamento. Exclui psiquiatria e psicologia, exames de rotina, fisioterapia, tratamentos de infertilidade, inseminação artificial, ou obesidade, hemodiálise, termas, medicinas alternativas e doenças profissionais.
Parto
Cobre despesas relativas à gravideze ao parto. Inclui interrupção espontânea da gravidez. No parto paga diária hospitalar de ambos, honorários médicos e cirúrgicos, obstetra, pediatra, sala de operações e os medicamentos ministrados. Não paga despesas particulares.