Portugal continua a ser aquele país meio estranho em que os nossos emigrantes, pese embora sempre muito falados e elogiados pelo poder político quando lhe dá jeito, rapidamente são esquecidos ou desrespeitados quando é mais cómodo.
Foi sempre assim ao longo de toda a nossa História. Mas chega de o ser.
Também por isso mesmo, torna-se difícil escrever sobre tudo o que aconteceu no círculo eleitoral da Europa nas passadas legislativas e que agora levará a uma repetição das mesmas.
Não se admite a leviandade com que os votos dos nossos emigrantes foram tratados. Não se admite que passemos anos a apelar ao voto e na hora de votar as pessoas sejam total e grosseiramente ignoradas.
Da mesma forma que não se admite que pela incompetência ou pura negligência de alguns, esteja todo um país perante um novo acto eleitoral completamente desnecessário, o que significa que na melhor das hipóteses, só lá para meio de Março teremos uma nova Assembleia da República e Governo em funções.
É uma vergonha.
Interna e externamente.
Tão preocupados que muitos vivem com o prestígio da nossa Democracia e no seu momento mais nobre ferem-na profundamente.
Todo este imbróglio a que assistimos, acompanhado do sempre costumeiro e tão próprio comportamento nacional do “sacudir a agua do capote”, não é coisa que se resolva com pedidos de desculpa meio esfarrapados do primeiro-ministro, comunicados do MAI ou promessas de qualquer entidade de que tal não mais se repetirá.
Há que apurar responsabilidades e actuar em conformidade.