O PCP foi fundado em 1921, como a Seção Portuguesa da III Internacional Comunista (Komintern, promovido por Lenine e dirigido a partir da URSS). Em 1927 é ilegalizado e resiste na clandestinidade à ditadura militar e ao Estado Novo, tendo vários dos seus dirigentes sido presos, torturados e mortos pela Polícia Política do Regime.
Nesses 48 anos de clandestinidade, o Partido tem a sua grande prova de resistência, sendo uma das principais organizações de oposição à ditadura.
No pós-25 de abril de 1974, o PCP teve um papel muito ativo no acelerar da Revolução. A ideia dos comunistas, apesar de nunca a manifestarem diretamente, era a de instaurar em Portugal, um regime pró-soviético de partido único, no entanto, os seus intentos foram impedidos pelo Golpe Militar do 25 de novembro, que pôs fim ao denominado PREC e possibilitou a instauração em Portugal de um regime democrático pluralista, do tipo ocidental.
O PCP perdeu, mas resistiu! Ao contrário de outros partidos de extrema-esquerda que foram ilegalizados, os comunistas – após uma reunião decisiva entre Álvaro Cunhal e Melo Antunes – não são ilegalizados, sendo ainda considerados por Melo Antunes, em entrevista à RTP, no dia 26 de novembro de 1975, como indispensáveis para a construção do socialismo em Portugal.
Os comunistas aceitaram o jogo democrático, deram voto favorável à aprovação da Constituição de 1976 e até 2015 fizeram oposição aos diversos governos.
Com a implosão da URSS, no início da década de 90, o PCP entra em crise. Primeiro porque perde o apoio internacional que o PCUS lhe dava e depois porque a linha política da direção de Álvaro Cunhal começou a ser contestada por vários dirigentes.
Cunhal não condescendeu, os críticos foram expulsos do partido e quando todos os analistas pensaram que iria ser o início do fim do PCP, ao contrário do que aconteceu à esmagadora maioria dos partidos comunistas da Europa Ocidental – abanou, manteve a sua matriz ideológica e resistiu.
Porventura, Soares tinha razão, no seu discurso do 1.º de Maio de 1975, quando apelidou Cunhal, como um grande resistente.
A resistência do PCP volta a ser colocada à prova, fruto da pesada derrota das últimas eleições legislativas. O PCP que tinha 12 deputados na Assembleia da República passou para metade, sendo que figuras de relevo do Partido nem foram eleitas, como é o caso do histórico deputado comunista, António Filipe ou do seu líder da bancada parlamentar, João Oliveira – apontado muitas vezes como o futuro Secretário-geral do Partido.
A queda começou logo em 2019, em 2015, o PCP tinha 17 deputados e em 2019, elegeu 12, isto é, entre 2015 e 2022 o PCP perdeu 11 deputados, é obra!
A perda de influência do PCP, não se circunscreveu, à Assembleia da República. No Poder Local, em 8 anos (2013-2021), o PCP perdeu a presidência de 15 Câmaras Municipais – uma mega tombo gigante na sua influência local.
Esta queda parece estar intimamente ligada, mas não só, ao apoio parlamentar, que o PCP decidiu dar ao governo do PS, em 2015. O que é certo e os números confirmam, é que nos atos eleitorais após esta decisão, o PCP teve derrotas significativas, perdendo muito do seu eleitorado.
Para além dos problemas que enfrenta, fruto da geringonça, outras questões se colocam ao PCP.
A base social de apoio do partido parece estar a extinguir-se, isto é, a classe operária é cada vez menor, porque a economia portuguesa assenta essencialmente na transação de bens e serviços, as grandes unidades fabris foram desaparecendo – este desaparecimento retira muito fulgor ao PCP, existem cada vez menos operários em Portugal.
Internacionalmente, está acurralado! Os seus apoios surgem de países como a China, Cuba, Coreia do Norte – países com ditaduras indesejáveis e impensáveis para a esmagadora maioria dos portugueses.
Outro fator que não abona em favor do PCP, é o desgaste do seu líder. Jerónimo de Sousa é Secretário-geral do partido há 18 anos! Isto só acontece num partido em que a sua organização interna se baseia num centralismo democrático, onde não são permitidas vozes discordantes, nem eleições internas. É urgente dar voz aos mais novos!
A questão que se coloca é a de sabermos se o PCP conseguirá, uma vez mais, resistir a esta conjuntura sociopolítica.
Possivelmente, a resistência é cada vez menor, e agora sim poderemos estar no início do fim da influência do PCP na sociedade portuguesa. Ou o PCP se renova, quer a nível das caras, como a nível ideológico ou tende a desaparecer.