Na Universidade Técnica, no ISCSP, formaram-se muitas gerações, que ali prenderam a formar a sua consciência política e social, com grandes Mestres, alguns verdadeiros ícones do Antigo Regime de Salazar e Caetano, com uma bagagem cultural e técnica impressionante, e alguns até com ideias inovadoras que só pessoas fora de série o podiam fazer, como por exemplo, na cadeira de Direito Internacional, o Mestre, um antigo ministro da Saúde de Salazar, personalidade que deu uma aula espantosa de dois dias sobre a Teoria do Conhecimento, que valia mais do que assistir a qualquer espetáculo público, ao saber que um seu aluno sujeito à oral, à sua cadeira, que já possuía duas licenciaturas, ordenou-lhe que ocupasse a sua cadeira de Mestre, em cima do estrado, sentando-se ele na cadeira do examinando, dizendo-lhe: faça-me o exame.
O aluno, em 71/72, obteve 15 valores. Ali, naquela faculdade, ensinava-se os alunos a pensar e não a empinar, evitando-se dessa maneira, formar analfabetos funcionais, ou seja, aqueles que sabem ler, mas que não entendem aquilo que leem. Vem isto a propósito de afirmações públicas da líder da bancada do PS, acerca do líder do Chega dizendo, “que não é exigível a um democrata que possa votar em alguém que esteja contra a democracia” (CM 8/02/22). Claro que na Faculdade de Direito, recebe-se formação jurídica, de muito bom nível, mas não pode rivalizar com o ISCSP em formação política.
Pensamos que a ilustre deputada do PS, que muito apreciamos, até pelas qualidades demonstradas no exercício das suas funções políticas, confunde certas ideias, podendo até iludir terceiros e ser levada a dizer inverdades. Assim deixamos ao Tribunal Constitucional a missão da análise da constitucionalidade do Chega, embora não possamos compreender, e muito menos aceitar, que algumas pessoas, até do PS, considerem democráticos o PCP e o Bloco de Esquerda, visto serem dois partidos antidemocráticos, fascistas de esquerda, com uma estrutura vertical, e que não querem nem a União Europeia nem a NATO, enquanto ao mesmo tempo, apoiam a China, a Rússia, a Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, etc., etc..
Isto para nós é incompreensível e por isso nunca percebemos como foi possível o PS “abraçar” esses dois partidos, na ‘‘geringonça’’. Em abono da verdade sempre fomos apoiantes do PS do Dr. Mário Soares, o homem que meteu o Socialismo na gaveta, para salvaguardar os interesses do país em detrimento de outros particulares e até pessoais, e por isso sempre o venerámos como líder político com autoridade política para conduzir os destinos da política portuguesa. E não podemos esquecer a manifestação na Alameda D. Afonso Henriques, onde estivemos, que mudou o rumo político de Portugal que afinal estava ameaçado por um parceiro da ‘‘geringonça’’.
Afirmar que o líder do Chega “personifica a antítese da democracia” e admitir, através do silêncio, que o PCP e o Bloco de Esquerda são democráticos, no ISCSP, da UTL, dava um chumbo redondo na cadeira de Ciência Política, não só por ser errado como é autêntica desinformação para uma percentagem de portugueses, ainda apreciável, que em matéria política, estão numa situação de analfabetismo.
Esperemos que a futura ministra, leia mais sobre História das Ideias Políticas, para ver se muda o seu discurso, porque, neste momento, é confuso, antidemocrático, anti-coesão social, discriminatório e, sobretudo, incompatível numa líder do PS. O PS nunca foi um partido de discriminação política. Só os grandes e poderosos podem ser generosos, e o PS é um partido político generoso.