Não houve ‘teatro’ na Guiné-Bissau

Não houve ‘teatro’ na Guiné-Bissau


Presidente da Guiné-Bissau critica aqueles que sugerem que o atentado de terça-feira, onde morreram 11 pessoas, foi ‘encenado’


Com a paz e a calma restabelecidas na Guiné-Bissau, depois do golpe de estado falhado de terça-feira, o Presidente Umaro Sissoco Embaló deixou fortes críticas a todos aqueles que descreveram a tentativa de golpe como «teatro».

«É preciso que fique claro que foi um ato de um grupo de bandidos que queria assaltar o poder, a mando de pessoas como eles», disse, esta quinta-feira, o Presidente guineense, quando regressou ao Palácio do Governo.

«Há pessoas que gostam de fazer cinema e teatro, isso é muito sério. Há pessoas que morreram e nem sequer fizemos o funeral. Isso não brincadeira, e é lamentável que pessoas que dizem ser responsáveis e que considero responsáveis pensem que isso é teatro», afirmou.

O Governo confirmou que, vítimas deste ataque, morreram 11 pessoas, entre civis, polícias e militares, morreram no ataque, assim como vários vários seguranças da mais alta confiança do Presidente Umaro Sisso Embaló, assassinados durante o assalto ao Palácio do Governo da Guiné-Bissau, avançou uma fonte próxima ao Nascer do SOL. 

O edifício foi cercado, entre fogo de bazuca e tiros de metralhadora, em pleno Conselho de Ministros, com a presença do Presidente e do primeiro-ministro Nuno Nabiam, e ambos foram feitos reféns, com vários ministros, funcionários e jornalistas, a quem foram confiscados os telemóveis, num impasse que durou quase cinco horas, sendo finalmente libertados por volta das 18h, avançou a Rádio Sol Mansi. 

O Presidente da República assume-se como «pessoa de risco» e informou que o seu dispositivo de segurança vai ser reforçado «devido à gravidade dos últimos acontecimentos».

Suspeita de ‘teatro’ 

As informações que chegam da Guiné-Bissau são contraditórias, portanto, não é possível saber exatamente o que despoletou esta tentativa de golpe.

Todos os dedos estão apontados para as lideranças militares balantas, uma etnia, que representa cerca de um quarto da população e domina as forças armadas guineenses – uma fonte bem colocada avançou ao Nascer do Sol que militares envolvidos no golpe saíram de Mansoa, uma cidade maioritariamente balanta. 

Contudo, é seguro afirmar que a relação entre Embaló e Nabiam – em tempos candidato do PRS – se tem degradado nos últimos meses, após o Governo mandar reter um avião Airbus A340 que aterrara no aeroporto de Bissau, vindo do Gâmbia com autorização presidencial, segundo a Lusa. O primeiro-ministro anunciou que tomou essa decisão por suspeitar de que a aeronave transportasse armas, ordenando uma investigação por peritos americanos. Algo de que o Presidente não gostou, tendo chegado a ameaçar demitir Nabiam. 

O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Biagué Na N’Tan, ainda em outubro avisara que se preparava um golpe na Guiné-Bissau, oferecendo uns meros dez mil francos CFA, o equivalente a 15 euros, a cada soldado. Pedindo aos militares para «não alinharem com as pessoas que estão a mobilizar militares nos quartéis, porque nada se esconde hoje».

Enquanto não há certeza sobre este ataque, a investigação foi entregue ao Ministério Público, assegurou o Presidente da República, que pretende provar que a Guiné-Bissau é um país «viável». 

«A nossa juventude tem que acreditar, todos nós devemos acreditar que este país é viável. Há situações com que naturalmente podemos ser confrontados, mas temos que ter força e sabedoria para podermos ultrapassar as situações menos boas».