Um absoluto, vários superlativos e muitos relativos


No domingo o socialismo venceu o trotskysmo do Bloco e o estalinismo do PCP.  Sobrará espaço para a luta sindical nos sectores onde ainda há sindicatos.


O resultado das eleições tem suscitado um coro de “porquês”, mantendo-se muitas dúvidas quanto ao “para quê”, mas já começa a ser possível descortinar o “como” vai o resultado eleitoral afectar os diversos actores políticos.

O Supremo Magistrado da Nação, que não foi a votos no domingo, recuperará o protagonismo do qual, com grande sacrifício pessoal, andou arredado. E terá de acertar contas com a história que tem escrito desde 2016: corre o risco de ser o único Presidente da III República que durante dois mandatos não deu posse a um Primeiro Ministro da sua família política.

Pela família socialista a orgânica do XXIII Governo constitucional deverá servir para condicionar a sucessão de António Costa: entrada de Medina para Ministro, marcando Pedro Nuno, e promoção a Ministro do seu alcaide, Duarte Cordeiro. Esgotada, por excesso de uso, a fórmula dos Ministros de Estado, poderá surgir um(a) Vice-Primeiro Ministro, cargo tradicional em Governos de coligação mas que no XXIII poderá assinalar uma preferência na sucessão ou a necessidade, dolorosamente sentida nos dois Governos anteriores, de haver um número 2 digno desse nome. Em 2024 reabrem, com as eleições para o Parlamento Europeu, as “chaises musicales” na União Europeia, vagando os lugares de Presidentes da Comissão, do Conselho e do Parlamento. Sentado à mesa do Conselho Europeu, António Costa terá as condições ideais para junto dos seus pares preparar o salto. O trauma Barroso obrigará à realização de eleições antecipadas, posteriores à instalação de uma nova liderança no PS.

Até lá haverá novos líderes noutros partidos. O PSD está em retiro espiritual em busca de um cordeiro pascal para imolar, sendo os respectivos líderes dados à combustão espontânea quando o PSD está na oposição.

Alguns dos futuros líderes partidários não terão assento parlamentar o que não deixará de tornar mais sofrida a sua subsistência política, obrigando a uma difícil articulação com os parlamentares mais afoitos e que tendem a ocupar o espaço mediático, em particular quando dão fífias na leitura da pauta aberta pelo líder.

Mesmo com o líder instalado na cadeira deputal, os correligionários parlamentares são capazes de condutas inomináveis. Sob a liderança de um seminarista arrependido resta saber quanto tempo decorrerá até que um dos seus 11 apóstolos se transforme em Joacine.

As novas marcas partidárias correm sempre o risco perder o favor dos eleitores (aí esteve o PAN agora quase reduzido aos animais e à natureza, desprovidos, por enquanto, de capacidade eleitoral) e o risco aumenta com a proliferação de novas marcas nas prateleiras do supermercado eleitoral. As viúvas e os órfãos de Pedro Passos tiveram tanto sucesso com a Iniciativa Liberal que perderam a primeira oportunidade de mandar num Governo em coligação com o PSD.

Nos próximos dias o protagonismo mediático pertencerá à orgânica governamental, à contagem dos que transitam e dos que saem, com informadas certezas quanto às razões que moldaram o trânsito. Serão escrutinados a origem e os pergaminhos curriculares dos governantes, apurando-se quantos serão os não profissionais da política, subitamente atraídos pelo serviço à causa pública, numa legislatura completa e servida por uma maioria absoluta. No XXIII haverá novidades, com possibilidades de estreia, de acordo com as modas que continuam a vir de Paris, de uma futura Ministra da Defesa Nacional.

Escreve à sexta-feira, sem adopção das regras do acordo ortográfico de 1990

Um absoluto, vários superlativos e muitos relativos


No domingo o socialismo venceu o trotskysmo do Bloco e o estalinismo do PCP.  Sobrará espaço para a luta sindical nos sectores onde ainda há sindicatos.


O resultado das eleições tem suscitado um coro de “porquês”, mantendo-se muitas dúvidas quanto ao “para quê”, mas já começa a ser possível descortinar o “como” vai o resultado eleitoral afectar os diversos actores políticos.

O Supremo Magistrado da Nação, que não foi a votos no domingo, recuperará o protagonismo do qual, com grande sacrifício pessoal, andou arredado. E terá de acertar contas com a história que tem escrito desde 2016: corre o risco de ser o único Presidente da III República que durante dois mandatos não deu posse a um Primeiro Ministro da sua família política.

Pela família socialista a orgânica do XXIII Governo constitucional deverá servir para condicionar a sucessão de António Costa: entrada de Medina para Ministro, marcando Pedro Nuno, e promoção a Ministro do seu alcaide, Duarte Cordeiro. Esgotada, por excesso de uso, a fórmula dos Ministros de Estado, poderá surgir um(a) Vice-Primeiro Ministro, cargo tradicional em Governos de coligação mas que no XXIII poderá assinalar uma preferência na sucessão ou a necessidade, dolorosamente sentida nos dois Governos anteriores, de haver um número 2 digno desse nome. Em 2024 reabrem, com as eleições para o Parlamento Europeu, as “chaises musicales” na União Europeia, vagando os lugares de Presidentes da Comissão, do Conselho e do Parlamento. Sentado à mesa do Conselho Europeu, António Costa terá as condições ideais para junto dos seus pares preparar o salto. O trauma Barroso obrigará à realização de eleições antecipadas, posteriores à instalação de uma nova liderança no PS.

Até lá haverá novos líderes noutros partidos. O PSD está em retiro espiritual em busca de um cordeiro pascal para imolar, sendo os respectivos líderes dados à combustão espontânea quando o PSD está na oposição.

Alguns dos futuros líderes partidários não terão assento parlamentar o que não deixará de tornar mais sofrida a sua subsistência política, obrigando a uma difícil articulação com os parlamentares mais afoitos e que tendem a ocupar o espaço mediático, em particular quando dão fífias na leitura da pauta aberta pelo líder.

Mesmo com o líder instalado na cadeira deputal, os correligionários parlamentares são capazes de condutas inomináveis. Sob a liderança de um seminarista arrependido resta saber quanto tempo decorrerá até que um dos seus 11 apóstolos se transforme em Joacine.

As novas marcas partidárias correm sempre o risco perder o favor dos eleitores (aí esteve o PAN agora quase reduzido aos animais e à natureza, desprovidos, por enquanto, de capacidade eleitoral) e o risco aumenta com a proliferação de novas marcas nas prateleiras do supermercado eleitoral. As viúvas e os órfãos de Pedro Passos tiveram tanto sucesso com a Iniciativa Liberal que perderam a primeira oportunidade de mandar num Governo em coligação com o PSD.

Nos próximos dias o protagonismo mediático pertencerá à orgânica governamental, à contagem dos que transitam e dos que saem, com informadas certezas quanto às razões que moldaram o trânsito. Serão escrutinados a origem e os pergaminhos curriculares dos governantes, apurando-se quantos serão os não profissionais da política, subitamente atraídos pelo serviço à causa pública, numa legislatura completa e servida por uma maioria absoluta. No XXIII haverá novidades, com possibilidades de estreia, de acordo com as modas que continuam a vir de Paris, de uma futura Ministra da Defesa Nacional.

Escreve à sexta-feira, sem adopção das regras do acordo ortográfico de 1990