A continência na Igreja Católica e o Desporto


Como pode, um cidadão católico, influenciar a nomeação de um bispo ou de um cardeal? Não pode. A Igreja Católica tem uma hierarquia vertical, e por isso não é uma instituição democrática.


Há palavras com vários segundos sentidos, várias interpretações e sobre tudo, com conotações várias… Temos para nós que o exemplo deve vir sempre do topo da hierarquia, seja do que for, e por isso ficamos um pouco “chocados”, quando é a própria direção (topo) da Igreja Católica, em Portugal, a dar conselhos para fora (da Igreja) enquanto, para “dentro”, fala pouco e não atua com o mesmo desassombro, como quando recomenda, aos ainda não completamente desligados do primeiro casamento (ainda não anulado) “continência”, ou seja, não podem consumar o casamento civil, enquanto a situação não estiver resolvida, isto para todos os católicos que quiserem receber sacramentos. É fácil falar sobre assuntos que não se conhecem, por experiência própria, mas a sociedade civil, ensina, no estudo do Direito, que um casamento não consumado, pode ser anulado, porque o seu objetivo não foi concretizado. A própria Igreja Católica, no passado, aceitava este fundamento e, depois de perícias médicas para o comprovar, anulavam o casamento (cúria romana). Mas, “meus irmãos”, e os sacerdotes que se esquecem da “continência”, em várias modalidades, podem continuar a ser sacerdotes? E podem ser pais e continuar padres? Parece-nos que era melhor falar primeiro para “dentro” porque a Igreja, no fundo, não é de todos nós… Como pode, um cidadão católico, influenciar a nomeação de um bispo ou de um cardeal? Não pode, neste aspeto a Igreja Católica tem uma hierarquia vertical, e por isso não é uma instituição democrática. Isto pode chocar aqueles que nunca pensaram nestas problemáticas, mas é exatamente assim. Por isso aconselhamos, quem aconselha, publicamente certos cidadãos a praticar “continência”, que olhem primeiro para dentro da instituição a que pertencem e que ponham ordem, e rigor, na sua organização diária, e depois, mas só depois, deem conselhos para fora, porque de outra forma estão a aproximar-se da desonestidade intelectual e a prestar um mau serviço à Igreja. É que houve muita gente ofendida, no passado, que nunca foi ressarcida dos abusos sofridos por parte de membros do clero, e seria bom que a Instituição tivesse mais atenção, e informação, sobre o que se passou, e passa, na sua “casa”. Academicamente, pode discutir-se qualquer assunto, desde que se use de boa-fé, de elevação intelectual, de honestidade e, sobre tudo, que se tente acrescentar o nosso contributo (positivo) para esclarecer, elucidar, ou aprender mais qualquer coisa tendo em vista uma mais-valia. E de momento, apoiados na Fisiologia Humana, na Psicologia, na Sociologia e Antropologia e na Fé, recomendamos vivamente a prática do Desporto, sobre tudo, quando se vive num impasse, ou melhor, num compasso de espera em que queremos ser um ser humano melhor, e mais útil aos outros, e aos mesmo tempo cumprir, temporariamente, continência, de modo a não ficar excluído de um “passaporte”, com dignidade, para o além. Assim seja.

 

Sociólogo

Escreve quinzenalmente