Para o Fórum para a Competitividade não há margem para dúvidas: Portugal registou a “segunda recuperação mais atrasada da União Europeia” e garante que a manterem-se as atuais políticas em vigor, só em 2028 o país regressará à trajetória económica que registava antes da pandemia de coronavírus. Isto significa que, o “crescimento perdido” pela pandemia só será recuperado daqui a seis anos. “Entretanto, em 2024 conseguiríamos chegar à trajetória mais modesta da zona euro”, alerta na sua nota de conjuntura.
O documento vai mais longe ao lembrar que, no ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) português cresceu 4,9%, acima do previsto pelo Governo, mas abaixo da média da Zona Euro. Uns números que indicam que Portugal não convergiu com a média europeia, após ter contraído, em 2020, mais do que a economia da área da moeda única. Já para este ano, as previsões apontam para um crescimento nacional acima da média europeia.
A entidade liderada por Pedro Ferraz da Costa diz ainda que “temos um grave problema de crescimento e que precisamos de reformas profundas para o resolver, não bastam mudanças cosméticas”. E face a esse cenário deixa um recado para o próximo Governo: “É imperioso que consiga um apoio parlamentar alargado sempre que estiverem em causa alterações estruturais que permitam sair da estagnação das últimas duas décadas”, recordando que “a maioria absoluta do PS deverá libertá-lo da influência dos partidos mais à esquerda e deveria ser aproveitada para realizar as reformas a que aqueles se opuseram nos últimos seis anos. O programa eleitoral do PS tinha assumido – finalmente – o desígnio da convergência com a UE e, para que isso se possa concretizar, será necessário introduzir alterações importantes, na fiscalidade, na formação profissional, no mercado de trabalho, na burocracia e na justiça, entre outras áreas”.
Por outro lado, lembra que o país tem verificado uma forte subida de novos casos de covid-19, “persistindo”, alguma “incerteza” quanto às restrições, que chegaram a ser endurecidas entre o final de 2021 e o início de 2022, mas foram entretanto aliviadas. Uma situação que leva a entidade a garantir que este confinamento nos primeiros dias de janeiro levou a um início “débil“, frisa o Fórum para a Competitividade, do ano de 2022, tendo sido registado um enfraquecimento da atividade, ainda que com alguma recuperação já no final do mês de janeiro.
“Espera-se que o resto do trimestre consiga contrariar esta contração, mas ela serve para nos recordar do impacto negativos de eventuais futuros confinamentos”, lê-se na referida nota da conjuntura.
Em termos internacionais, o Fórum antecipa que 2022 será um ano “mais difícil do que se esperava”, mas será de continuação de recuperação, embora a um “ritmo inferior ao anteriormente previsto”, devido à Omicron, à inflação e às dificuldades nas cadeias de abastecimento. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já reviu em “clara baixa” as suas estimativas para 2022 para as principais economias.