MP do Brasil alerta para aumento de suicídios de jovens indígenas

MP do Brasil alerta para aumento de suicídios de jovens indígenas


Em comunicado, o MPF informou que, juntamente com o MPPR, se tem reunido com diversos órgãos municipais, com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e com representantes das comunidades indígenas, a fim de adotar providências para evitar os suicídios que vêm ocorrendo entre indígenas da etnia Avá-Guarani, da região oeste do Paraná, principalmente entre jovens.


O aumento de casos de suicídio entre jovens indígenas brasileiros deixou em alerta os Ministérios Públicos Federal e do estado do Paraná (MPF e MPPR), que indicaram hoje que racismo e pobreza podem ter contribuído para as mortes.

Em comunicado, o MPF informou que, juntamente com o MPPR, se tem reunido com diversos órgãos municipais, com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e com representantes das comunidades indígenas, a fim de adotar providências para evitar os suicídios que vêm ocorrendo entre indígenas da etnia Avá-Guarani, da região oeste do Paraná, principalmente entre jovens.

De acordo com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai, vinculada ao Governo brasileiro), de janeiro a dezembro de 2021 foram registadas 20 tentativas de suicídio e 12 óbitos, a maioria entre jovens de até 20 anos.

Além das tentativas e dos suicídios consumados, estão a ocorrer casos de automutilação entre os jovens nas escolas, de acordo com o MPF.

Durante a última reunião dos vários órgãos, realizada em dezembro, foram levantados os principais problemas que afligem os povos da região e que podem estar entre as possíveis causas dos suicídios, como a "perda de território e de áreas para o plantio, racismo, pobreza e a falta de assistência social nas áreas de saúde e educação, que os colocam em situação de vulnerabilidade social".

Nessa reunião, uma liderança indígena presente descreveu como a covid-19 vem afetando as aldeias, as dificuldades enfrentadas pelos jovens "em decorrência das pessoas que trabalham nas escolas, principalmente as que adotaram o militarismo" e da falta de assistência, de material escolar, funcionários e de refeições.

"A liderança (…) ressaltou, sobretudo, situações de preconceito e racismo enfrentados pelos indígenas seja nas escolas, seja quando vão receber as escassas cestas básicas (cabazes com produtos alimentares), que chegam com atraso e são insuficientes para atender todas as famílias que delas necessitam", relatou o MPF.

Para entender e evitar futuras mortes, foi criado um grupo de trabalho com o objetivo de consciencializar para o tema e estabelecer um canal de comunicação com as lideranças e jovens indígenas.

Nesse sentido, o grupo de trabalho já realizou visitas às aldeias e conversou com as lideranças indígenas, professores, grupo de jovens, entre outros, e tem tentado perceber como é que as comunidades estão a lidar com essas questões.

Integram esse grupo de trabalho representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Sesai, do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP/PR) e da Funai, órgão tutelado pelo executivo federal que coordena e implementa políticas de proteção aos povos nativos.