António Costa, secretário-geral do PS, admitiu, esta quarta-feira, que o chumbo do Orçamento logo na fase da generalidade foi "absolutamente imperdoável", ao afirmar que desde o início que quiseram "cortar as pernas" ao Governo, sem dar espaço para qualquer negociação.
Estas críticas ocorreram durante um discurso que Costa deu no encerramento de um comício na Escola Profissional de Faro, após uma intervenção da cabeça de lista socialista por este círculo eleitoral, a dirigente e ex-secretária de Estado da Saúde Jamila Madeira.
Sem nunca se referir aos partidos com os quais formou a "Geringonça" em 2015 – BE e PCP -, o candidato socialista considerou "absolutamente imperdoável a forma como, num momento em que se exigia unidade, em que todos deviam arregaçar as mangas para se recuperar aquilo que se perdera durante a crise pandémica", se chumbou o Orçamento do Estado para 2022, fazendo cair o Governo.
"Aquilo que fizeram foi derrubar o Governo, chumbando o Orçamento do Estado para 2022. Não venham com desculpas de que queriam afinal negociar, porque estivemos vários meses a negociar", sublinhou António Costa, como forma de resposta a posições que o Bloco de Esquerda e PCP têm vindo a assumir.
Segundo o secretário-geral do PS, o PCP, BE e PEV "não deram sequer oportunidade de prolongar as negociações e tentar melhorá-lo na especialidade, reservando o voto para a votação final". "Não, quiseram logo cortar-nos as pernas ao início e chumbaram o Orçamento logo na generalidade", vincou, ao considerar o comportamento destes partidos "muito mal", visto que, para Costa, o Orçamento não era dele nem do Governo, mas sim "para as portuguesas e para os portugueses".
"Este Orçamento, se estivesse em vigor, teria permitido a todos os pensionistas, com pensões até 1.097 euros, que já tivessem recebido este mês o aumento extraordinário. Um aumento extraordinário de pensões que não vão recebê-lo porque esses partidos chumbaram no parlamento o Orçamento", apontou.
O candidato já enumerou várias vezes que o Orçamento já teria permitido reduzir os impostos da classe média, das famílias com filhos e dos jovens em início de atividade. No entanto, para António Costa, os partidos "perderam uma excelente oportunidade de termos menos impostos ao não terem aprovado o Orçamento para 2022", uma medida que todos têm apontado como uma das principais a ter em conta no seu Governo.