Tonga. O silêncio que deixa as famílias em desespero

Tonga. O silêncio que deixa as famílias em desespero


Uma erupção vulcânica e um tsunami deixaram Tonga sem comunicações. A erupção foi ouvida no Alasca, a quase dez mil quilómetros de distância, e o tsunami alterou nível do mar nos Açores.


A falta de notícias que estão a chegar da Tonga, país da Oceânia constituído por 177 ilhas, depois de uma erupção e um tsunami terem cortado as ligações desta nação, está a preocupar a comunidade internacional.

A erupção do vulcão submarino Hunga-Tonga-Hunga-Ha’apai, na sexta-feira, deixou a região coberta de cinza vulcânica, contaminou o sistema de abastecimento de água e cortou as comunicações deste país, impedindo a realização de uma avaliação completa dos danos provocados por estas catástrofes naturais. Até ao momento, ainda não reportou qualquer vítima mortal, mas desconhece-se ainda se isso se deve a não haver de facto vítimas a lamentar ou simplesmente à falta de comunicações.

Face a esta situação, a Austrália e a Nova Zelândia enviaram aviões para a região, que conta com cerca de 105 mil habitantes, de forma a determinar a magnitude dos danos.

“O tsunami teve um impacto significativo na costa norte de Nuku’alofa”, mas não foram reportadas vítimas, disse Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia, que enviou um avião de reconhecimento militar para sobrevoar a área na segunda-feira.

Apesar das complicações nas comunicações, foram partilhados diversos vídeos nas redes sociais que ajudam a compreender a situação vivida neste país. O Guardian cita o caso de um vídeo publicado nas redes sociais que mostra várias pessoas a fugir para terrenos elevados depois da erupção, que foi ouvida no Alasca, a cerca de 9700 quilómetros de distância, e provocou ondas com vários metros de altura.

Para já, uma mulher britânica, Angela Glover, de 50 anos, que vivia na Tonga desde 2015, e o seu marido foram foi dada como desaparecidos na capital, Nuku’alofa.

“A Angela e o seu marido foram varridos pelas ondas este sábado”, relatou o seu irmão, Nick Eleini, ao jornal inglês, numa altura em que estão a ser realizadas buscar para encontrar o casal. No entanto, Eleini não está com grandes esperanças de voltar a encontrar a irmã. “Já passaram mais de 48 horas, não acredito que isto terá um final feliz”, reconheceu.

As famílias fora desta região estão desesperadas para saber notícias dos seus familiares e entes queridos.

“Não saber nada sobre o que se está a passar é muito doloroso para as nossas famílias”, disse ao Guardian Jenny Salesa, membro do Parlamento neozelandês que tem ligações a Tonga. “Mas ainda estamos à espera para ver o efeito do tsunami nessas áreas costeiras e na ilha principal. Existem milhares de pessoas que vivem aqui e ainda estão à espera para saber se os seus familiares estão bem. Estamos à espera pacientemente e esperamos que poucas vidas tenham sido perdidas ou levadas pelo mar”.

A diretora executiva da Save the Children Fiji Shairana Ali, disse à Al Jazeera, que a situação em Tonga era “bastante má”. “Existe uma necessidade imediata de comida e água devido à forte queda de cinzas que contaminaram as fontes de água na maioria das ilhas afetadas”, alertou. “Também nos preocupamos com a qualidade do ar, mas também com as crianças que obviamente sofreram um trauma mental por causa desse evento único na vida”.

Embora tenha tido origem quase nos antípodas, o tsunami desencadeado pela erupção do vulcão em Tonga teve influência em Portugal e provocou alterações no nível do mar nos Açores, na Madeira e na zona de Peniche, divulgou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).