O ex-acionista da TAP David Neeleman aguarda um pedido de desculpas de António Costa, considerando que o primeiro-ministro "faltou à verdade" com declarações que afetaram o seu “nome e reputação”, no decorrer da pré-campanha para as eleições legislativas.
David Neeleman acusa, cita a Lusa, o líder do PS de ter tecido "afirmações falsas" sobre a sua pessoa no debate com o candidato do PSD, Rui Rio, no qual António Costa afirmou que o Estado comprou a companhia "'para prevenir precisamente que aquele privado que lá estava e que não merecia confiança, não daria cabo da TAP no dia em que fosse à falência'".
O empresário argumenta que "desde o início" da sua carreira teve "a oportunidade de criar cinco empresas de aviação em diferentes países, como os Estados Unidos da América, Canadá e Brasil" e que, "apesar de nos dois últimos anos a indústria da aviação ter passado pela sua maior crise de sempre [devido à pandemia de covid-19], nenhuma dessas empresas foi à falência nem foi sujeita a qualquer tipo de intervenção similar até à presente data".
No frente-a-frente entre o líder do PS e o presidente do PSD, António Costa afirmou que se o Estado não tivesse readquirido 50% do capital da transportadora aérea nacional, a TAP teria “ido para o buraco” quando as várias empresas de David Neeleman foram à falência.
"Comprámos [a TAP] para prevenir precisamente que aquele privado que lá estava e que não merecia confiança, não daria cabo da TAP no dia em que fosse à falência. Em 2020, as empresas do senhor Neeleman foram caindo em todo o mundo", disse na altura o candidato do PS.
Agora, o antigo acionista da TAP contrapõe que, "ao contrário do que o Dr. António Costa disse nesse debate", todas as empresas de aviação que fundou "foram e continuam a ser projetos de grande sucesso com valorizações consideráveis para os seus 'stakeholders', tendo demonstrado ser sustentáveis e resilientes o suficiente para sobreviver neste cenário de crise".
Neeleman alega igualmente que "há muita informação sobre essas empresas, desde logo por serem cotadas", sendo, por isso, "dispensável estar a detalhar a situação de cada uma delas", fazendo referência, contudo, a algumas notícias nas quais são destacados "os enormes sucessos" da Jet Blue e da Azul, detidas pelo empresário, e do mais recente projeto nos Estados Unidos da América, a Breeze, que "iniciou atividade em plena pandemia".
"É com surpresa que noto que o Dr. António Costa entende que eu não sou merecedor de 'confiança', isto depois de após o início da pandemia o Dr. António Costa ter reconhecido em 30 de abril de 2020 em entrevista à RTP que a TAP até à pandemia estava a executar o plano estratégico que tinha sido aprovado pelo Estado", reforça.
E conclui: "O Dr. António Costa faltou à verdade e com as suas declarações afetou o meu nome e a minha reputação, pelo que espero um pedido de desculpas".
Recorde-se que o Estado português, em 2020, deu início à aquisição de participações sociais dos acionistas privados da TAP, no qual o consórcio Atlantic Gateway, de David Neeleman, detinha 45% do capital.