Covid-19. Semana com recorde de infetados deixa 630 mil em isolamento

Covid-19. Semana com recorde de infetados deixa 630 mil em isolamento


Apenas em Lisboa a semana terminou com menos diagnósticos do que a anterior, sendo incerto se se inicia descida ou se há estabilização. Infeções voltaram a disparar nas crianças.


A semana arrancou com mais de 630 mil portugueses em isolamento por causa da covid-19, entre infetados e contactos de risco. Depois de um recorde de infeções diagnosticadas nos último sete dias, são mais 130 mil pessoas em isolamento do que há uma semana, de acordo com os boletins da Direção Geral da Saúde. Isto numa altura em que a epidemia dá sinais de descida em Lisboa, sendo ainda incerto se se caminha para uma descida geral ou uma estabilização, o que pode prolongar no tempo um absentismo já em níveis recorde.

Em Lisboa, os diagnósticos baixaram 4% na última semana, mas no resto do país a tendência manteve-se de aumento, notando-se em particular o aumento dos diagnósticos nas crianças até aos nove anos, que regressaram à escola na última semana, e no grupo dos adolescentes, ainda que menor. Nos últimos sete dias, o número de testes positivos para o SARS-CoV-2 na faixa etária dos 0 aos 9 anos voltou mesmo a disparar 74%, com um recorde de 24 955 diagnósticos nesta faixa etária. Somando-se a cerca de 32 mil casos diagnosticados entre os 10 e os 19 anos, são cerca de 50 mil os jovens que não estão nas aulas presenciais.

De acordo com os dados da DGS desagregados por faixa etária, que o i analisou, na última semana houve a nível nacional um recorde de 246 594 diagnósticos positivos para infeção com o SARS-CoV-2, mais 9% do que na semana anterior, com as crianças e jovens a representar quase 25% dos novos casos. Os diagnósticos diminuíram apenas na faixa etária dos 20 aos 29 anos e dos 60 anos, mas continuam por exemplo a subir acima da média na faixa etária dos maiores de 80, o que tem sido acompanhado do aumento da mortalidade de idosos infetados, não sendo feita a distinção nos boletins da DGS se as mortes se devem a doença grave covid-19 ou a outras causas.

Hospitais tentam gerir aumento de pressão Com a infeção disseminada na comunidade e a regra de testar todas as pessoas antes de serem internadas separando pessoas positivas para o SARS-CoV-2 de doentes negativos, os hospitais lidam com uma pressão crescente de doentes positivos para a covid-19 que tem obrigado a aumentar as enfermarias dedicadas a estes casos. Segundo o i apurou, em Lisboa, onde estão internados quase mil doentes positivos para a covid-19, metade dos doentes internados no país com diagnóstico positivo para a SARS-Cov-2, começa a haver impacto na desmarcação de atividade cirúrgica programada, embora menor do que há um ano quando os hospitais lidavam com uma pressão maior de doentes com covid-19.

Agora o perfil é também outro, com mais casos de pessoas que testam positivo para a covid-19 quando estão a ser internadas por outras causas, com enfermarias com muitos casos de infeção SARS-CoV-2 assintomática em que os doentes estão a receber tratamento para outras patologias.

Outro problema notório é a maior dificuldade em dar resposta a tempo útil na testagem: um doente sintomático relatou ao i ter feito o teste da covid-19 numa ida à urgência num hospital de Lisboa na sexta-feira e o resultado chegou apenas esta segunda-feira, quando já tinha decidido fazer um novo teste que acusara positivo.

A duas semanas das eleições, são esperadas esta semana decisões quanto às regras para pessoas isoladas irem votar, o que deverá passar por uma resolução do Conselho de Ministros. No fim de semana, em declarações à Lusa, Baltazar Nunes, epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, estimou que 3% a 7% da população poderá estar em isolamento a 30 de janeiro, apontando-se que nessa altura a epidemia esteja em fase descendente. Ainda assim, se o número de infeções nas crianças e jovens começar a subir, um dos cenários de incerteza é poder voltar a haver um aumento de infetados noutras faixas etárias que até aqui têm mostrado uma desaceleração nos diagnósticos.