Privatizações: TAP sim, Caixa não mas dúvidas na RTP

Privatizações: TAP sim, Caixa não mas dúvidas na RTP


Análise custo-benefício deverá ser tida em conta em eventuais alienações de empresas públicas.


Portugal tem de mudar a “lógica de investimento público baseada em amiguismos e compadrio sem qualquer lógica de retorno”. A afirmação é de João Cotrim de Figueiredo, dando destaque às alienações da TAP, RTP e CGD. Para os economistas contactados pelo i não há dúvidas: a TAP deverá ser privatizada, enquanto a Caixa Geral de Depósitos deverá manter-se nas mãos do Estado, já as dúvidas assentam na RTP.

De acordo com Mira Amaral, a TAP “tem um grande problema de viabilidade económica e ninguém fala nisso” e, por isso, defende após “esta injeção de capital de dinheiros públicos terá de se arranjar rapidamente um parceiro que tome conta da empresa”. E acrescenta: “Não é uma questão ideológica é uma questão de cariz económico. Este dinheiro está gasto agora é preciso pensar no futuro. Isto não pode continuar a ser um sorvedouro para o contribuinte”. Já em relação à Caixa considera que é mais moderado. “Não temos grandes bancos em mãos portuguesas”, diz ao i.

Também Luís Aguiar-Conraria diz que “não se devia ter metido o dinheiro que se meteu e o que se vai pôr com este acordo com a União Europeia, agora estando isso feito e já sendo um custo irreversível sou a favor que a privatizem na esperança que daqui a 10 anos, quando voltar a dar prejuízo já não seja para os contribuintes”. Mais reticente está em relação à RTP por considerar que não sabe valorizar a importância do canal Açores, Madeira e África, nem qual o apoio que dá ao cinema. Provavelmente se não fosse a RTP teria de ser o Estado a encontrar outras formas de apoiar a cultura, e por isso, não consigo fazer uma análise custo beneficio”. Ainda assim, reconhece que não seria “nenhum drama se fosse privatizada”.

Opinião diferente tem em relação à Caixa. “Durante muitos anos fui a favor da sua privatização, mas mudei de opinião quando houve a última crise financeira e o facto de a a Caixa ser pública deu alguma estabilidade ao sistema”. Mas deixa um alerta: “É preciso manter como está agora: funcionar da mesma forma do que um banco e funcionar como reserva no caso de haver uma grande crise financeira”, diz ao i.

Já João Duque garante que ninguém tem dúvidas que é preciso alienar a TAP chamando a atenção que até “o próprio ministro das Infraestruturas reconhece isso. Isso é um assunto que já nem é discussão porque já se chegou à conclusão que é inviável sozinha e que é preciso arranjar um parceiro”. Quanto à Caixa afirma que não vê mal nenhum ter um banco no sistema que sirva de modelo, mas para isso tem de servir como bom modelo. “Não acho mal ser um player do mercado, desde que seja para mostrar os bons exemplos, que tenha boas práticas”. Em relação à RTP lembra que essa discussão já foi tida e, como elemento do grupo de trabalho criado por Pedro Passos Coelho, recorda que a proposta era o Estado ficar com o canal 2 e vender o canal 1. “Já nessa altura, os privados não queriam. O passo lógico era a Media Capital e a Impresa comprarem a RTP para a seguir fecharem-na”.

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