Após o debate entre o líder do PSD e o presidente do Chega ficou bem demonstrado que à pergunta, repetida nas últimas semanas até à exaustão pelo “spin” da direita, sobre se o PS no caso de perder as eleições viabilizaria um orçamento do PSD, não havia necessidade de qualquer resposta, uma vez que o PSD não terá qualquer problema em fazer qualquer espécie de acordo com o Chega para poder governar o país. À semelhança, aliás, com o que aconteceu nos Açores com estas mesmas lideranças.
Obviamente que esta questão, enunciada anteriormente, tinha como único propósito fazer passar a mensagem que o PSD estaria mais próximo de ganhar as eleições do que realmente acontece.
Até ao momento, não há qualquer sondagem ou estudo de opinião que dê o PSD em vantagem nestas eleições e que a esquerda seja minoritária no parlamento. Dificilmente tal acontecerá, portanto se Rui Rio e o PSD fossem coerentes com aquilo que apregoam agora com eleições marcadas, ter-se-iam abstido na votação do OE de 2022, assegurando a tal estabilidade, o que não fizeram de todo.
Outra das questões que servem para tapar o sol com uma peneira, prende-se com o outro “spin” da direita relativamente à liderança do PS. Foram já vários os comentadores e dirigentes partidários, afetos à direita portuguesa, que tentaram passar a mensagem que a escolha nestas eleições seria entre Rio e o sucessor de António Costa, como que agitando um qualquer papão de esquerda em Portugal, como se a maioria dos portugueses não tivessem gostado da solução governativa de 2015 a 2019.
A realidade é que o que está mesmo em disputa é se queremos um governo progressista que combate as desigualdades liderado pelo PS e António Costa ou, ao invés, um governo liderado por Rio e acolitado pelo Iniciativa Liberal e Chega, que defenderá salários baixos para aumentar a competitividade, menos prestações sociais para quem precisa, menos SNS e menos Escola Pública. A cartilha, independentemente da forma como está embrulhado, é a mesma de sempre.
Em suma estas eleições resumem-se a quem queremos que governe e de que forma. Desenganem-se aqueles que acham que não interessa quem é. Interessa e muito.