Padre pede que PJ encontre crianças desaparecidas com a mesma celeridade com que encontrou Rendeiro

Padre pede que PJ encontre crianças desaparecidas com a mesma celeridade com que encontrou Rendeiro


“Devíamos refletir se os mesmos meios para apanhar este foragido à justiça, ao fim de três meses, se foram os mesmos há 23 anos para procurar o Rui Pedro”, disse o pároco.


O pároco de Priscos, João Torres, pediu, este domingo, à Polícia Judiciária (PJ) celeridade para encontrar crianças desaparecidas, tal como aconteceu com o ex-banqueiro João Rendeiro, detido na África do Sul.

As declarações foram feitas este domingo, à margem da inauguração do Presépio Vivo de Priscos, que este ano é dedicado às crianças desaparecidas, e na qual estiveram presentes os pais de Rui Pedro, desaparecido há 23 anos.

Citado pelo jornal regional O Minho, o pároco começou por felicitar a PJ por ter detido João Rendeiro, referindo depois que também é “preciso que a PJ tenha meios e recursos humanos para ajudar” as famílias “a encontrar as suas crianças desaparecidas”.

“Devíamos refletir se os mesmos meios para apanhar este foragido à justiça, ao fim de três meses, se foram os mesmos há 23 anos para procurar o Rui Pedro, porque eu não vejo as autoridades nacionais a terem o mesmo empenho a procurar estas crianças desaparecidas do que têm em outras circunstâncias”, considerou.

O padre disse que o tema deste ano pretende “levar as autoridades a refletir na prevenção e nas estratégias a implementar, em colaboração com as entidades responsáveis pela Educação, pela Justiça e pela Segurança” e criticou “a falta de apoio do Estado” para com as famílias que têm pessoas desaparecidas.

Uma afirmação corroborada por Manuel Mendonça, pai de Rui Pedro, que confirmou que nunca houve “qualquer ajuda por parte do Estado”.

As críticas do pároco não ficaram por aqui e o alvo foi a falta de financiamento ao presépio.

“Somos um país de comilões”, disse. “E também a nossa Igreja em Portugal tem que deixar de ser de uma vez por todas um pau mandado da política nacional, a Igreja tem que ter uma voz mais ativa”, defendeu.

Já a mãe de Rui Pedro, Filomena Teixeira, disse que não perdeu “a esperança” de encontrar o filho.

“Eu acredito na Virgem Santíssima e tenho fé que um dia ainda verei o Rui Pedro”, disse Filomena Teixeira, completando que irá continuar a luta para que este não seja esquecido.