O azar de Rio é não ter graça


É extraordinário como Rio raramente consegue dizer duas coisas certas seguidas.


Rendeiro foi preso e a judiciária festejou em grande, desde as primeiras horas de sábado, iniciando um vasto programa de festejos e propaganda que, subliminarmente, favorece o governo e tapa a incompetência ou desorganização de um sistema de justiça ora relapso ora incompetente, mas normalmente desadequado. Os jornalistas experts, que bebem do fino, ajudaram as cerimónias com encómios e louvores a uma detenção feita através da ativação de sistemas internacionais, como sucede milhares de vezes, diariamente, em todo o mundo. Tudo corria normalmente até que Rui Rio disse, por uma vez, o óbvio: a PJ fez o seu trabalho e o resto foi propaganda. O problema é que Rio acrescentou, lamentavelmente, que o azar de Rendeiro foi haver eleições em janeiro. Aí espalhou-se ao comprido. É extraordinário como Rio raramente consegue dizer duas coisas certas de seguida. O candidato a primeiro-ministro bem poderia ter lembrado que a detenção era o minino que se pedia à judiciária, que tem meios e instalações como ninguém mais. Se não conseguisse acionar os protocolos de colaboração e ter mais ou menos uma ideia do sítio onde Rendeiro andava, então a PJ seria uma inutilidade. Ora sabe-se que, independentemente dos meios, é uma polícia competente, capaz e também dotada de um marketing notável e de magníficos contactos na comunicação social. Quando apanha peixe graúdo aproveita e favorece qualquer governo que seja, porque, efetivamente, tende a hipervalorizar os sucessos. Já quando não apresenta resultados fecha-se em copas, o que é raro. Quanto a Rio, quem o conhece bem diz que se trata de um tipo patusco e com sentido de humor. Só que volta e meia estica-se e a coisa sai-lhe mal. Acontece aos melhores e até aos humoristas. Foi o caso de Ricardo Araújo Pereira com o “sketch” de absoluto mau gosto que produziu domingo na SIC, glosando sobre um imaginário funeral do BMW de Cabrita. Mostrava-se uma moto viúva e dois carrinhos pequenos órfãos. Uma tristeza! Mas se até RAP tem episódios tão lamentáveis, porque há de se crucificar Rio que não faz da graçola modo de vida política, embora às vezes pareça?

 

 

 

O azar de Rio é não ter graça


É extraordinário como Rio raramente consegue dizer duas coisas certas seguidas.


Rendeiro foi preso e a judiciária festejou em grande, desde as primeiras horas de sábado, iniciando um vasto programa de festejos e propaganda que, subliminarmente, favorece o governo e tapa a incompetência ou desorganização de um sistema de justiça ora relapso ora incompetente, mas normalmente desadequado. Os jornalistas experts, que bebem do fino, ajudaram as cerimónias com encómios e louvores a uma detenção feita através da ativação de sistemas internacionais, como sucede milhares de vezes, diariamente, em todo o mundo. Tudo corria normalmente até que Rui Rio disse, por uma vez, o óbvio: a PJ fez o seu trabalho e o resto foi propaganda. O problema é que Rio acrescentou, lamentavelmente, que o azar de Rendeiro foi haver eleições em janeiro. Aí espalhou-se ao comprido. É extraordinário como Rio raramente consegue dizer duas coisas certas de seguida. O candidato a primeiro-ministro bem poderia ter lembrado que a detenção era o minino que se pedia à judiciária, que tem meios e instalações como ninguém mais. Se não conseguisse acionar os protocolos de colaboração e ter mais ou menos uma ideia do sítio onde Rendeiro andava, então a PJ seria uma inutilidade. Ora sabe-se que, independentemente dos meios, é uma polícia competente, capaz e também dotada de um marketing notável e de magníficos contactos na comunicação social. Quando apanha peixe graúdo aproveita e favorece qualquer governo que seja, porque, efetivamente, tende a hipervalorizar os sucessos. Já quando não apresenta resultados fecha-se em copas, o que é raro. Quanto a Rio, quem o conhece bem diz que se trata de um tipo patusco e com sentido de humor. Só que volta e meia estica-se e a coisa sai-lhe mal. Acontece aos melhores e até aos humoristas. Foi o caso de Ricardo Araújo Pereira com o “sketch” de absoluto mau gosto que produziu domingo na SIC, glosando sobre um imaginário funeral do BMW de Cabrita. Mostrava-se uma moto viúva e dois carrinhos pequenos órfãos. Uma tristeza! Mas se até RAP tem episódios tão lamentáveis, porque há de se crucificar Rio que não faz da graçola modo de vida política, embora às vezes pareça?