Montepio. Virgílio Lima acumula pensão com salário na Mutualista

Montepio. Virgílio Lima acumula pensão com salário na Mutualista


O atual presidente da associação e também recandidato à Mutualista ganha quase 38 mil euros mensais, além do subsídio de refeição e carros.


O atual presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) e agora recandidato da lista A para a liderança da associação, Virgílio Lima, recebe desde julho de 2018 uma pensão do Banco de Montepio de 8555,66 euros por mês, um valor que acumula com o salário de 29073 euros mensais. Feitas as contas, dá quase 38 mil euros por mês. A esta verba há que acrescentar ainda o subsídio de almoço de 9,72 euros por dia, o que dá ao final do ano quase 2200 euros. Ao seu dispor tem ainda dois carros: um Mercedes classe S e um Tesla model S.

Contactado pelo i esclarece que “o salário de presidente da Associação Mutualista Montepio Geral foi definido pela comissão de remunerações antes mesmo de eu assumir funções. Esta é a única remuneração de que aufiro por todos os cargos que, atualmente, desempenho no grupo. Depois de mais de 40 anos de descontos para o fundo de pensões privado do Banco Montepio tenho, como qualquer outro contribuinte com igual histórico de contribuições, acesso ao período de recebimento. O que não acarreta qualquer custo para a Associação Mutualista Montepio Geral ou para o Banco Montepio”.

A situação ganha maior revelo quando a associação continua a apresentar prejuízos. No ano passado, apresentou uma perda consolidada de 86 milhões de euros em 2020, após um lucro de nove milhões de euros em 2019, penalizado pelas perdas de 81 milhões de euros do Banco Montepio. Uma situação que, de acordo com Virgílio Lima, já está a ser dada a volta. “O banco neste momento está a cumprir os seus planos que foram aprovados pela acionista, pela supervisão. Globalmente o grupo está, em termos consolidados, a ter resultados positivos”, disse em entrevista ao Nascer do SOL.

Também o candidato da lista D, Pedro Gouveia Alves, acumula dois salários: administrador do Montepio Crédito – uma das instituições que dá lucro ao grupo, desde que assumiu funções – e administrador não executivo do Banco Montepio, o que dá um total de 18 mil euros por mês.

É certo que estas remunerações têm sido alvo de críticas por parte da lista C, liderada por Eugénio Rosa, que também concorre à liderança da associação. A ideia, segundo o candidato, passa por uma redução significativa no salário dos administradores e o estabelecimento de uma nova grelha salarial em que o salário mínimo praticado seja uma variável para calcular o salário máximo.

É certo que o economista enquanto membro do concelho geral da Mutualista tinha direito a senhas de presença de 700 euros por sessão e enquanto membro do conselho geral e de supervisão do banco recebia cinco mil euros por mês, sendo já pensionista da ADSE.

No entanto, em entrevista ao Nascer do SOL, Eugénio Rosa não hesitou em garantir que pretende avançar com um conjunto de medidas que podem não ter um peso financeiro grande, mas apresentam um valor simbólico importante. “É certo que não são revelados os salários dos administradores, mas de acordo com os últimos números que tivemos acesso, altura em que Tomás Correia era também administrador do banco, os valores rondavam os 31 mil euros por mês, enquanto os vogais ganhavam entre 25 a 26 mil euros. Além disso têm acesso a carros de alta gama, a despesas todas pagas, assim como a cartões de crédito”.

Na mesma entrevista chamou ainda a atenção para o facto de existir uma situação injusta, no que diz respeito às pensões. “Por cada ano, o administrador tem direito a 5% da remuneração. Isto significa que basta 20 anos para ter a reforma completa e que é financiado totalmente por um fundo de pensões, para o qual os próprios administradores não contribuem nada. Faz lembrar o que existia na Assembleia da República, que era a tal subvenção vitalícia que entretanto acabou. É certo que há um limite e se tiverem a pensão de outro banco essa pensão conta no valor global. A nossa ideia é acabarmos com isso, assim como acabar com os carros de alta gama”, disse na mesma entrevista.