Rio e o efeito “Moedas”


No passado dia 27 de Novembro o PSD reelegeu Rui Rio foi dando-lhe mais energia para adicionar à que trazia das eleições autárquicas, eleições que embora o PSD não tenha vencido souberam a vitória. Este cenário deixa clara a configuração política que se vai apresentar nas eleições legislativas de 30 de Janeiro de 2022 onde…


No passado dia 27 de Novembro o PSD reelegeu Rui Rio foi dando-lhe mais energia para adicionar à que trazia das eleições autárquicas, eleições que embora o PSD não tenha vencido souberam a vitória.

Este cenário deixa clara a configuração política que se vai apresentar nas eleições legislativas de 30 de Janeiro de 2022 onde teremos em disputa dois modelos diferentes de governação.

Um modelo Socialista que aposta num reforço da posição do Estado na vida das pessoas, nas instituições e na economia e que assenta numa governação de 6 anos com uma marca de relativo insucesso, onde a progressão social e económica não parece poder ir para além do mínimo dos mínimos e onde as várias áreas de governação têm tido problemas constantes que agravam a situação geral do País;

Por outro lado, temos um modelo Social-democrata que aposta na criação de riqueza para estimular a economia e oferecer melhores salários; um modelo que valoriza o mercado e a saudável concorrência; um modelo que não distingue os indivíduos pela sua condição económica e social; que aposta na descentralização como fator de desenvolvimento do território; que não tem aversão à iniciativa privada e pretende que a mesma conviva com a iniciativa pública para trazer melhores resultados ao País; um modelo que aposta numa política fiscal que utilize bem os recursos financeiros para oferecer melhores serviços ao contribuinte;

Tendo estes dois modelos em confronto e fazendo uma análise fria Rui Rio tem a vantagem de não ter o desgaste da governação, colhendo assim a expectativa positiva de quem quer uma alternativa ao modelo Socialista corporizado por António Costa. Rui Rio corporiza o modelo mais próximo das expectativas do eleitorado moderado de centro-esquerda e de centro-direita.

Nestas circunstâncias podemos voltar a ter uma surpresa tal como sucedeu em Lisboa nas eleições autárquicas, onde os lisboetas escolheram um projeto alternativo a uma governação Socialista (suportada pelo Bloco de Esquerda e Partido Comunista), que levava já 14 anos.

Aliás as autárquicas são a constatação de que as grandes conquistas nem sempre são feitas pelos que se rendem ao “status quo”, às modas passageiras e às opiniões avulsas, sem adesão à realidade, de “opinion makers” criados por alguma comunicação social.

Não é de todo impossível que no panorama nacional o mesmo fenómeno possa acontecer e para isso basta que Rui Rio e o PSD consigam cativar os dois tipos de eleitorado que estarão em disputa com o PS de António Costa.

O primeiro é um eleitorado urbano (que tem uma subcategoria nas áreas periféricas), mais concentrado no litoral. O segundo é um eleitorado mais concentrado nas regiões do interior com características rurais, embora em várias localidades tenha algumas características urbanas de menor escala.

O eleitorado urbano valoriza menos as raízes, mas aposta mais em lógicas e projetos liberais e progressistas, fugindo da tradição mais conservadora, estando disposto a apostar nas candidaturas e alternativas mais sólidas e consistentes (muito conotadas com o centro político).

Dentro do eleitorado urbano existe também o que reside nas áreas periféricas que é composto pelos que, não podendo viver na “urbe”, não querem abdicar de ser cosmopolitas. No entanto este eleitorado simboliza, em grande parte, os descontentes com o sistema, que podem estar tendencialmente inclinados a ter um voto contra esse mesmo sistema.

Aqui, no eleitorado urbano, Rui Rio pode capitalizar o descontentamento evidente que a governação Socialista trouxe.

Quanto ao eleitorado das regiões do interior, este é mais conservador nos costumes e com um sentido de comunidade mais valorizado que assenta na identidade local e tradição. Aqui a imagem conservadora e de rigor de Rio é um ponto forte, embora um eleitorado com maior sentido de comunidade e identidade local tenha tendência a reforçar as suas crenças rejeitando o desconhecido. Porém, o descontentamento pode ser o motivo para correr alguns riscos em nome de uma nova esperança.

Aqui parece evidente que só Rui Rio poderá capitalizar face a um António Costa que ao longo destes anos já disse uma coisa e o seu contrário, várias vezes, o que gera insegurança nos eleitores.

Se até aqui eram favas contadas para António Costa e para o PS, depois das eleições autárquicas e de vitórias improváveis como a de Carlos Moedas em Lisboa ou a de José Manuel Silva em Coimbra, e depois da liderança de Rui Rio sair reforçada das eleições internas do PSD, tudo pode acontecer e nem as sondagens (cada vez mais falíveis) podem ajudar a travar este efeito “Moedas”, um movimento silencioso que parece querer mudança.

 

Rodrigo Gonçalves

Gestor e Mestre em Ciência Política

 

 

Rio e o efeito “Moedas”


No passado dia 27 de Novembro o PSD reelegeu Rui Rio foi dando-lhe mais energia para adicionar à que trazia das eleições autárquicas, eleições que embora o PSD não tenha vencido souberam a vitória. Este cenário deixa clara a configuração política que se vai apresentar nas eleições legislativas de 30 de Janeiro de 2022 onde…


No passado dia 27 de Novembro o PSD reelegeu Rui Rio foi dando-lhe mais energia para adicionar à que trazia das eleições autárquicas, eleições que embora o PSD não tenha vencido souberam a vitória.

Este cenário deixa clara a configuração política que se vai apresentar nas eleições legislativas de 30 de Janeiro de 2022 onde teremos em disputa dois modelos diferentes de governação.

Um modelo Socialista que aposta num reforço da posição do Estado na vida das pessoas, nas instituições e na economia e que assenta numa governação de 6 anos com uma marca de relativo insucesso, onde a progressão social e económica não parece poder ir para além do mínimo dos mínimos e onde as várias áreas de governação têm tido problemas constantes que agravam a situação geral do País;

Por outro lado, temos um modelo Social-democrata que aposta na criação de riqueza para estimular a economia e oferecer melhores salários; um modelo que valoriza o mercado e a saudável concorrência; um modelo que não distingue os indivíduos pela sua condição económica e social; que aposta na descentralização como fator de desenvolvimento do território; que não tem aversão à iniciativa privada e pretende que a mesma conviva com a iniciativa pública para trazer melhores resultados ao País; um modelo que aposta numa política fiscal que utilize bem os recursos financeiros para oferecer melhores serviços ao contribuinte;

Tendo estes dois modelos em confronto e fazendo uma análise fria Rui Rio tem a vantagem de não ter o desgaste da governação, colhendo assim a expectativa positiva de quem quer uma alternativa ao modelo Socialista corporizado por António Costa. Rui Rio corporiza o modelo mais próximo das expectativas do eleitorado moderado de centro-esquerda e de centro-direita.

Nestas circunstâncias podemos voltar a ter uma surpresa tal como sucedeu em Lisboa nas eleições autárquicas, onde os lisboetas escolheram um projeto alternativo a uma governação Socialista (suportada pelo Bloco de Esquerda e Partido Comunista), que levava já 14 anos.

Aliás as autárquicas são a constatação de que as grandes conquistas nem sempre são feitas pelos que se rendem ao “status quo”, às modas passageiras e às opiniões avulsas, sem adesão à realidade, de “opinion makers” criados por alguma comunicação social.

Não é de todo impossível que no panorama nacional o mesmo fenómeno possa acontecer e para isso basta que Rui Rio e o PSD consigam cativar os dois tipos de eleitorado que estarão em disputa com o PS de António Costa.

O primeiro é um eleitorado urbano (que tem uma subcategoria nas áreas periféricas), mais concentrado no litoral. O segundo é um eleitorado mais concentrado nas regiões do interior com características rurais, embora em várias localidades tenha algumas características urbanas de menor escala.

O eleitorado urbano valoriza menos as raízes, mas aposta mais em lógicas e projetos liberais e progressistas, fugindo da tradição mais conservadora, estando disposto a apostar nas candidaturas e alternativas mais sólidas e consistentes (muito conotadas com o centro político).

Dentro do eleitorado urbano existe também o que reside nas áreas periféricas que é composto pelos que, não podendo viver na “urbe”, não querem abdicar de ser cosmopolitas. No entanto este eleitorado simboliza, em grande parte, os descontentes com o sistema, que podem estar tendencialmente inclinados a ter um voto contra esse mesmo sistema.

Aqui, no eleitorado urbano, Rui Rio pode capitalizar o descontentamento evidente que a governação Socialista trouxe.

Quanto ao eleitorado das regiões do interior, este é mais conservador nos costumes e com um sentido de comunidade mais valorizado que assenta na identidade local e tradição. Aqui a imagem conservadora e de rigor de Rio é um ponto forte, embora um eleitorado com maior sentido de comunidade e identidade local tenha tendência a reforçar as suas crenças rejeitando o desconhecido. Porém, o descontentamento pode ser o motivo para correr alguns riscos em nome de uma nova esperança.

Aqui parece evidente que só Rui Rio poderá capitalizar face a um António Costa que ao longo destes anos já disse uma coisa e o seu contrário, várias vezes, o que gera insegurança nos eleitores.

Se até aqui eram favas contadas para António Costa e para o PS, depois das eleições autárquicas e de vitórias improváveis como a de Carlos Moedas em Lisboa ou a de José Manuel Silva em Coimbra, e depois da liderança de Rui Rio sair reforçada das eleições internas do PSD, tudo pode acontecer e nem as sondagens (cada vez mais falíveis) podem ajudar a travar este efeito “Moedas”, um movimento silencioso que parece querer mudança.

 

Rodrigo Gonçalves

Gestor e Mestre em Ciência Política