O diretor-geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) pressionou hoje a Síria e a Rússia para serem transparentes sobre a alegada utilização de armas tóxicas.
Damasco continua a não declarar o seu arsenal de armas químicas e a não acolher os investigadores da organização no país, disse Fernando Arias durante a reunião anual da OPAQ, em Haia, Países Baixos, segundo a agência de notícias France-Presse.
Arias disse também que o envenenamento do dissidente russo Alexei Navalny, atualmente preso na Rússia, continua a ser visto como uma "séria ameaça" ao esforço global de erradicação das armas químicas.
A Síria negou a atualização de armas químicas após um alegado ataque com gás sarin que matou 1.400 pessoas na periferia da capital, Damasco, em agosto de 2013.
O regime de Damasco também diz que entregou todos os seus 'stocks' químicos sob supervisão internacional ao abrigo de um acordo alcançado em 2013, quando aderiu à OPAQ.
Em abril deste ano, os Estados-membros da OPAQ suspenderam os direitos de voto da Síria na organização, depois de uma investigação ter denunciado o envolvimento de Damasco em novos ataques com gás venenoso.
Os direitos da Síria permanecerão suspensos até que os Estados-membros decidam que Damasco tenha declarado plenamente todas as suas armas químicas e instalações de produção de armas.
"Até à data, a Síria não implementou nenhuma destas medidas", disse o diretor-geral da OPAQ.
Fernando Arias disse que as declarações da Síria "ainda não podem ser consideradas exatas e completas" e que pretende discutir a questão com o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio.
Na reunião, a Rússia foi acusada de não responder às perguntas sobre o envenenamento de Navalny em 2020, que os países ocidentais atribuem ao regime de Moscovo.
A Rússia nega o envolvimento no incidente.
"A utilização de armas químicas no território da Federação Russa é também uma séria ameaça para a convenção", afirmou Arias.
Também a subsecretária de Estado norte-americana para o desarmamento, Bonnie Jenkins, apelou para que a Rússia e a Síria "cumpram as suas obrigações".