No próximo sábado, já amanhã, portanto, cerca de 50 mil militantes do PSD vão decidir quem vai liderar o partido, no imediato, nas próximas eleições, em janeiro do próximo ano.
Os dois candidatos, o atual líder, Rui Rio, e o desafiador, Paulo Rangel, apresentam-se, ao mesmo tempo, como candidatos a chefiar um futuro governo, caso o partido ganhe as eleições, ou consiga uma maioria parlamentar que lhe permita governar.
Não são, portanto, umas eleições meramente partidárias.
Na verdade, o calendário não é minimamente favorável ao partido, dividido numa disputa pela liderança, a dois meses das legislativas, sabendo que cada crítica que os candidatos façam um ao outro será devidamente registada pelos outros partidos, nomeadamente pelo PS, seu principal rival.
Rui Rio afirma que Paulo Rangel não tem condições para ser primeiro-ministro. Se este candidato vencer, vai ouvir vezes sem conta durante a campanha eleitoral que até no seu próprio partido havia dúvidas sobre as suas capacidades para liderar um governo.
Se Rui Rio vencer, vai ser certamente confrontado com a sua disponibilidade demasiado abrangente para entendimentos pós-eleitorais.
Rangel tem um discurso mais ambicioso do que o de Rio, este talvez mais realista em relação às perspetivas dos resultados eleitorais do partido.
Se os militantes do PSD acreditarem realmente que o PSD tem hipóteses sérias de ganhar as eleições e, mesmo, formar governo, talvez Rui Rio tenha mais hipóteses, uma vez que é considerado o candidato melhor preparado para ser primeiro-ministro.
Pelo contrário, se os militantes sociais-democratas entenderem que o partido se vai manter na oposição por mais uns anos, então Paulo Rangel tem mais hipóteses de vencer, uma vez que se apresenta com um discurso e uma atitude muito mais incisivas.
Uma terceira hipótese, embora remota, deve, no entanto, ser equacionada. Se os militantes acreditarem que o PS ganha as eleições sem maioria e que não vai conseguir maioria à esquerda e optar por um entendimento com o PSD, será Rui Rio o líder ideal para viabilizar esse entendimento, uma vez que Rangel já o excluiu liminarmente.
As eleições diretas têm a vantagem de exprimirem a verdadeira vontade das bases partidárias e, assim sendo, excluírem as “desculpas de mau pagador”.
Cabe, de facto, aos militantes, a palavra definitiva.
Jornalista