O Alto Comissariado agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) têm defendido, junto de autoridades polacas e bielorrussas, a deslocação de migrantes para áreas mais seguras fora das fronteiras.
Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a ACNUR e a OIM querem prestar ajudas aos migrantes em áreas seguras, enquanto "estão a negociar" o acesso à fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia.
A ACNUR e a OIM "têm defendido junto de autoridades a deslocação de pessoas para locais seguros longe da fronteira, onde possam receber assistência e aconselhamento adequados", de acordo com uma declaração, divulgada na quarta-feira, de Dujarric.
"As duas agências da ONU sublinham que o acampamento improvisado na fronteira não é um lugar seguro (…) e pode causar mais mortes", acrescentou o porta-voz.
A ACNUR conta com escritórios em Varsóvia e Minsk, mas não tem presença permanente ou regular na fronteira, em nenhum dos lados, indicou a ONU.
Do lado bielorrusso, uma equipa da ACNUR teve acesso à fronteira "quatro vezes desde o início da crise", informou Stéphane Dujarric, detalhando que a equipa visitou e prestou ajuda a um grupo de afegãos retidos na fronteira em setembro, outubro e há uma semana, em 11 de novembro.
Em visita a um campo improvisado localizado perto de Bruzgi, ponto de passagem da fronteira internacional entre a Bielorrússia e a UE, a ACNUR e a OIM entregaram "alguma ajuda de emergência, incluindo itens de higiene para crianças e mulheres, bem como itens alimentares", disse.
A Cruz Vermelha Bielorrussa, parceira das agências da ONU, deverá fazer a entrega de mais ajudas aos migrantes, consistentes em cobertores, roupas quentes, luvas, chapéus e botas para crianças.
Alguns migrantes na fronteira do lado bielorrusso já estão a ser retirados em autocarros, disse na quarta-feira o vice-ministro do Interior da Polónia, Maciej Wasik.
Não se sabe para onde os migrantes estão a ser levados e as informações fornecidas pelas autoridades são difíceis de verificar, devido às restrições que os jornalistas enfrentam, em ambos os lados da fronteira.
Na terça-feira, a ONU considerou que os trabalhadores de assistência humanitária estão "prontos e disponíveis" para chegarem às áreas mais problemáticas, mas estão numa fase de lidar com as autoridades competentes para obterem acesso regular à fronteira, uma dificuldade que se mantém desde o início da crise.
A ONU reconheceu que os migrantes estão a ser usados "nas disputas que envolvem os países".
Questionado na terça-feira sobre qual devia ser o destino para os migrantes que se encontram retidos entre a Bielorrússia e a Polónia, o porta-voz adjunto do secretário-geral da ONU, Farhan Haq, respondeu que deviam ser ouvidas as vozes e preocupações dos próprios migrantes.
O número de migrantes acampados na fronteira bielorrussa, à espera de entrar na Polónia e, consequentemente na UE, ronda as dez mil pessoas, estimou à agência Lusa a ativista humanitária local Natalia Gebert.
Um número que a representante do Grupa Granica — iniciativa que reúne 14 organizações não-governamentais (ONG) que trabalham na área dos direitos humanos e apoiam refugiados e migrantes na Polónia — disse acreditar ser maior, mas que é impossível de contabilizar com precisão.