Não é para falarmos de uma nova Parceria Público-Privada nem para puxar o tema da Saúde (sempre sensível) sobre a PPP do Hospital de Braga, para analisarmos o que era e como é hoje a sua gestão. Também não é para validar conceitos históricos ou crenças de cada um, que é livre de as ter, como é óbvio.
É sobre os grandes partidos políticos, fundadores da nossa democracia, que ocupam o espaço ideológico de centro-direita moderada em Portugal, o PSD e o CDS-PP.
E a PPP que estes dois partidos políticos devem fazer, o quanto antes, não é nenhuma parceria. É uma PPP diferente, é: Parar, Pensar e Planear.
Sufocante a vida quotidiana de PSD e CDS-PP. Atingiram o momento mais alto de imprevisibilidade, em muito tempo, das consequências deste caminho que está a ser internamente trilhado. É totalmente indecifrável, à data, quão grande será o dano interno, o prejuízo reputacional e a dimensão eleitoral a que PSD e CDS-PP ficam sujeitos com o combate fratricida que estão a travar dentro de portas.
É importante recomeçarem. Como? Parando.
É necessário que, dirigentes e militantes de base ou até simpatizantes, entendam que os seus partidos não têm adversários internos perante o país. Esse debate é para registo interno, necessariamente com menos decibéis para a comunicação social do que terá quando se quer falar de alternativas às políticas destes últimos anos de Governo do PS.
Disputas internas vale muito pouco fora de cada congresso ou conselho nacional. Isso tem muito pouco “interesse nacional”, é um tema desinteressante aos olhos dos portugueses. Os portugueses esperam, isso sim, que o PSD apresente soluções alternativas à gestão e ao Governo do PS destes últimos anos, seja com Paulo Rangel ou com Rui Rio que, ideologicamente, representam o que esse espectro eleitoral agrega.
Não sou dois candidatos antagónicos.
A troca de galhardetes pública entre apoiantes de Rui Rio para com o seu companheiro de Partido, em situação de adversário nas diretas de 4 de dezembro, não dá um voto ao PSD numas eleições legislativas contra o PS de António Costa. Da mesma forma, ataques entre Francisco Rodrigues dos Santos e Nuno Melo valem o que para que o CDS-PP não se afunde? Nada.
Por fim, ambos os partidos de centro-direita nacional têm de planear como vão agrupar-se (é por isso que estão todos no mesmo Partido, não?). Seguramente que Rui Rio e Paulo Rangel têm de ambos estar disponíveis para a fortalecer um PSD que chegará às urnas após um processo eleitoral interno há muito sabido que teria de ser assim. O CDS-PP é bom que também tenha a sua democracia interna a funcionar, pelo menos tão bem quando a desconstrói publicamente ao longo destes últimos dias com saídas de dirigentes históricos e trocas de palavras menos simpáticas entre a atual direção – que não o seu Presidente – e alguns dos dissidentes e históricos centristas.
Mas há um mal subjacente a todos estes que estão a acontecer. Na política nacional, raros são os líderes que não atuam como se tivessem as “7 vidas” de um gato. Já se enraizou que é possível sempre errar porque “não se morre politicamente”. Com os erros, decresce a credibilidade perante os eleitores de um partido. Decresce, e tem acontecido, a participação eleitoral. E depois, vem o outro erro, uma espécie de “irmão-gémeo” do primeiro erro: Quando os erros acumulam e os resultados tardam em aparecer, haverá sempre prevista a chegada dos “Deuses” ou do Dom Sebastião que virá resolver tudo.
Não é necessário pegar em frases feitas ou meros “clichés” para sabermos que o futuro se resolve lá à frente e que o passado já para trás ficou. Mas mais que frases já ditas, sobre este assunto, é olharmos para vários resultados de candidatos “Sebastiónicos” que em muitas das 308 autarquias do país voltaram a ser candidatos para “recuperar o que era seu” (diziam!) e ficaram pelo caminho quase todos… caminho que muita vez nem em 2ª força política mais votada os colocou.
Os portugueses, felizmente, parece, gostam de andar para a frente.
Mas, se o centro-direita português precisa de uma nova PPP, porque devem agora ser epicuristas?
Na Grécia antiga, o filósofo Epicuro defendeu que a adoração de deuses era um desperdício, que não havia vida depois da morte e que a felicidade era o único objetivo presente na vida. Os epicuristas, nessa altura, foram cabalmente rejeitados. Hoje, há muitos epicuristas, já é comummente aceite.
Politicamente, dava muito jeito que o PSD e o CDS-PP não acreditassem que têm uma outra vida política se cometerem suicídio neste final de 2021.
É bom que sejam politicamente epicuristas e que acreditem que têm de fazer já, nesta vida, a procura da melhor “felicidade” (leia-se trabalho, elevação e propostas políticas) porque não haverá uma nova oportunidade para vencer António Costa e o PS completamente órfão de apoios à Esquerda.