França promete alojamento alternativo a deslocados dos campos de Calais

França promete alojamento alternativo a deslocados dos campos de Calais


Estas propostas não respondem à principal exigência dos ativistas, que exigem uma “moratória” sobre as evacuações dos acampamentos de migrantes.


O Estado francês, pressionado por uma greve de fome de ativistas, anunciou hoje que vai propor "sistematicamente" alojamento aos migrantes que são retirados dos acampamentos improvisados e ilegais em Calais (norte).

 

A proposta surge no 23.º dia da greve de fome de três ativistas que denunciam uma situação "intolerável" para os migrantes, num cenário de evacuações, por vezes brutais, de campos, que ocorrem quase diariamente nesta cidade francesa do norte, usada como ponto para tentativas de passagem para o Reino Unido.

O padre Philippe Demeestère, de 72 anos, e dois ativistas, Anaïs Vogel e Ludovic Holbein, pedem o fim do desmantelamento de acampamentos durante o inverno.

"Vamos disponibilizar sistematicamente alojamento, que será principalmente em Pas-de-Calais, no Hauts-de-France (norte), mas não em Calais", disse o chefe do Gabinete francês para a Imigração e Integração (Ofii) Didier Leschi, mediador do processo, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

O compromisso do Estado também responde ao medo de ver a "selva" de Calais reconstituída, cinco anos após o desmantelamento, em outubro de 2016, deste gigantesco acampamento que reuniu, em condições humanitárias caóticas, até 10.000 candidatos à passagem para o Reino Unido.

"Este medo está ligado à escalada dos fluxos: desde o início do ano, chegaram quase 40 mil pessoas" à costa norte, explicou Didier Leschi.

"O Estado não pode conscientemente permitir que seja organizada uma base de partida clandestina, e ver as pessoas arriscarem as suas vidas atravessando o Canal da Mancha [entre França e o território britânico]", acrescentou.

Para responder a este compromisso, o Estado terá de "aumentar o seu parque habitacional" em "várias centenas de locais", sublinhou o chefe do Gabinete francês para a Imigração e Integração.

Este responsável reconheceu, de facto, que as evacuações de campos em Calais nem sempre foram acompanhadas de propostas de abrigo, mas que esta é, no entanto, a regra.

Concretamente, será agora dado aos migrantes um período de "cerca de 45 minutos" para recolherem os seus pertences, e "não haverá mais evacuações surpresa", prometeu o mediador.

Estas propostas não respondem à principal exigência dos ativistas, que exigem uma "moratória" sobre as evacuações dos acampamentos de migrantes.