Descoberta proteína que atrasa desenvolvimento da Alzheimer por equipa liderada por português

Descoberta proteína que atrasa desenvolvimento da Alzheimer por equipa liderada por português


Investigação pode contribuir para criação de medicamentos com “potencial terapêutico”.


Uma equipa de cientistas liderada por Cláudio Gomes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), descobriu que a proteína “S100B” atua sobre a proteína ‘tau’, atrasando assim o desenvolvimento da doença de Alzheimer.

A investigação foi levada a cabo por cientistas do I3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, da Universidade de Lille, em França, da Universidade de Hohenheim, na Alemanha, e da Universidade do Texas, nos EUA e publicada na revista científica Nature Communications.

Estes concluíram que a proteína ‘S100B’ atua sobre a proteína ‘tau’, “cuja deposição tóxica no cérebro está associada a várias demências e à fase de agravamento da doença de Alzheimer”, referiu em comunicado a FCUL sobre o trabalho feito com culturas de células de bactérias que foram modificadas geneticamente para expressar as proteínas humanas produzidas em laboratório.

Na ótica dos autores do estudo, a descoberta tem implicações na doença de Alzheimer, tendo em conta que “o aparecimento de sintomas cognitivos e demência estão associados aos danos causados pelos agregados da proteína ‘tau’ e à disseminação da patologia para múltiplas regiões do cérebro”.

“Este estudo desvenda um novo mecanismo biológico de proteção, relevante nas fases iniciais da doença, que se torna ineficiente ao longo do tempo com o crescente acumular de agregados tóxicos no cérebro”, assinalou Cláudio Gomes, adiantando, em declarações à agência Lusa, que “a hipótese” em que a sua equipa tem “vindo a trabalhar” é de que a proteína ‘S100B’ terá funções protetoras contra a agregação de proteínas na fase que antecede o aparecimento de sintomas da doença, mas na qual “ocorrem já alterações nas células” cerebrais (neurónios) e “acumulação de depósitos” de proteínas “como parte da resposta inflamatória precoce”.

Os investigadores do trabalho esperam que a compreensão do funcionamento, e do efeito protetor, de proteínas como a ‘S100B’ conduza ao desenvolvimento de medicamentos com “potencial terapêutico”, que atuem de forma semelhante.

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência que causa danos progressivos e irreversíveis em diversas funções cognitivas, sendo que Portugal é o quarto país com mais casos diagnosticados de demência, de acordo com o relatório “Health at a Glance 2017” da OCDE.