“Não existe nenhuma oferta oficial na mesa, de qualquer uma das partes. Qualquer clube com um pouco de profissionalismo sabe que é suposto negociar com o outro lado se quer um jogador ou treinador que está sob contrato.” Estas foram as palavras de Ahmed Al Ansari, diretor de comunicação do Al Sadd, clube do Qatar onde o espanhol Xavi Hernández é, ainda, segundo reforça o próprio clube, técnico oficial.
As declarações surgiram num tweet oficial do diretor de comunicação do clube, após a comunicação social dar conta de uma provável ida de Xavi para o FC Barcelona, clube que o ex-jogador representou durante quase duas décadas, e para o qual deverá, agora, rumar, mas como treinador. O objetivo é ocupar o lugar deixado pelo holandês Ronald Koeman, que depois de uma série de maus resultados – entre eles uma derrota frente ao Benfica por 3-0 na Liga dos Campeões – acabou por deixar o clube.
A comunicação social dá como praticamente certa a ida de Xavi para Camp Nou, e os catalães não negaram o interesse no ex-jogador, mas os diretores do Al Sadd não gostaram da brincadeira, e o próprio Joan Laporta, presidente do clube blaugrana, que muitos apontam como o principal orquestrador da chegada do ex-internacional espanhol, anunciou que, apesar de Xavi ser efetivamente uma das opções em cima da mesa para substituir Koeman, não é 100% certo que seja ele a ficar com o lugar. Ainda assim, Rafa Yuste, vice-presidente do clube catalão, confirmou que os blaugrana estão de olho em Xavi. “A secretaria técnica está a trabalhar há alguns dias para encontrar a melhor solução. Temos várias opções e Xavi é uma delas”, revelou em declarações ao Mundo Desportivo, sem, no entanto, dar conta de qualquer janela temporal para a apresentação do novo treinador culé, cargo ocupado atualmente por Sergi Barjuan, interino.
Qatar incomodado No domingo, o jornal desportivo espanhol Marca publicou um artigo onde avançava que “a chegada de Xavi ao banco do Barcelona pode demorar mais tempo do que seria expectável”.
O jornal garantiu que tanto Laporta como Xavi estão ansiosos por trabalhar juntos, e por ver o mítico barcelonista aceitar o desafio de treinar a equipa. O problema, no entanto, prende-se com a direção do clube do Qatar, que, citada pelo jornal, garante que ninguém do Barcelona entrou em contacto com o Al Sadd. “A direção do Al Sadd reafirma que Xavi tem um contrato de dois anos com o clube e está totalmente focado nos próximos jogos”, pode-se ler numa nota publicada pelo clube, na rede social Twitter, onde a direção do emblema deixa bem claro que não está no futuro próximo do espanhol, pelo menos até onde o Al Sadd sabe, um regresso a Barcelona, de onde saiu em 2015, na altura para ir jogar no próprio Al Sadd, onde ficou – como jogador – até 2019.
Aliás, o próprio também já se expressou sobre o assunto, respondendo, quando questionado pela comunicação social sobre se estaria a pensar em regressar a Barcelona, estar “muito focado no trabalho com o Al Sadd”. “Não quero falar sobre mais nada”, disparou o espanhol de 41 anos.
A Marca dá conta ainda de uma relativa “tranquilidade” nos corredores do Barcelona, que quererá levar as negociações com “calma”, até porque, garante o jornal, “ninguém do Barcelona ainda falou com a equipa do Al Sadd, até porque o assunto está a ser tratado pelo próprio Xavi”.
O antigo internacional espanhol chegou aos comandos técnicos do Al Sadd em 2019, depois de pendurar as chuteiras e dedicar-se a uma carreira como treinador profissional. Atualmente, o clube está no primeiro lugar da Qatar Stars League, o principal campeonato de futebol do país do Médio Oriente.
REGRESSO DO PATROCÍNIO? Recorde-se que, em 2017, o Barcelona e a companhia aérea Qatar Airways puseram fim a um lucrativo contrato de patrocínio que, agora, com a possível chegada de Xavi ao comando técnico da equipa, poderá, avançam diferentes meios de comunicação, voltar a acontecer. Trata-se de um estilo de maná, numa altura em que o Barcelona se encontra numa grave crise financeira, oferecendo um “colete salva-vidas” aos blaugrana. É que, com Xavi ao comando, cria-se uma ponte de negociação entre os catalães e a empresa do Qatar, que poderão aproveitar a familiaridade de Xavi com o país para renegociar o contrato de patrocínio.