Direção do PSD quer diretas no dia da morte de Sá Carneiro

Direção do PSD quer diretas no dia da morte de Sá Carneiro


Rio preferia esperar por OE mas direção leva proposta de 4 de dezembro a Conselho Nacional


A Comissão Política do PSD aprovou, esta quarta-feira, uma proposta para que as eleições diretas do partido se realizem a 4 de dezembro (dia da morte de Sá Carneiro, o que valeu muitas críticas) e o congresso a 14, 15 e 16 de janeiro. Agora, caberá ao Conselho Nacional – que se reúne, esta quinta-feira, às 21h00, num hotel em Lisboa – decidir se esta será mesmo a data final. 

Não obstante esta ser a data oficial apresentada pela direção do partido – defendida, por exemplo, por José Silvano – note-se que Rui Rio pediu aos seus conselheiros “ponderação” e defendeu que a definição da data das eleições internas devia apenas acontecer depois da votação do Orçamento de Estado (OE), ou seja, depois de 25 de novembro.

Enquanto a sua direção propõe dia 4 de dezembro para eleições diretas, Rio defende que essa seria, sim, uma boa altura para se marcarem as eleições diretas. Isto porque, caso o Orçamento de Estado seja chumbado, as eleições legislativas realizar-se-iam praticamente em paralelo (em janeiro) com a disputa interna alaranjada – o que não abona a favor do partido.

“Com a probabilidade de o Orçamento do Estado poder não passar, entendo que o PSD e, particularmente, o seu Conselho Nacional, daqui até lá, deviam ponderar muito bem se devem marcar as eleições diretas e o congresso para estas datas. Se o OE não passar, como já era relativamente previsível, o PSD é apanhado, em plenas diretas, completamente impossibilitado de disputar umas eleições legislativas taco a taco. Independentemente da proposta que fazemos há aqui um facto político muito relevante. Se tivermos eleições legislativas os portugueses querem um PSD em condições de combater o PS”, explicou Rui Rio ao final da tarde de quarta-feira. 

Note-se que, desta forma, Rio pressiona a sua oposição interna – com Paulo Rangel à cabeça – para ‘sair da toca’ e apresentar a sua candidatura. Quanto mais tempo este demorar a fazê-lo, mais “prejudica” o partido no sentido de contribuir para a indefinição de como se há este de apresentar nas putativas legislativas: ou com um Rio por reeleger (que poderá ser eleito primeiro-ministro antes de reeleito no PSD), ou com um Rio reeleito, ou com um novo presidente – Rangel. 

De sublinhar que, na missiva interna que circulou na Comissão Política Permanente, José Silvano, secretário-geral do PSD, afirma que as soluções alternativas a 4 de dezembro – diretas a 8 ou 15 de janeiro e congresso em fevereiro – “não servem os interesses do partido”, pois “prolonga por demasiado tempo o momento do ato eleitoral referido”.