Apesar de Rui Costa ter sido eleito o vencedor das mais recentes eleições do Benfica, que aconteceram durante o dia de sábado, para o ex-atleta conhecido como “o Maestro”, o verdadeiro vencedor deste processo foi o clube.
“O grande vencedor destas eleições históricas foi o Sport Lisboa e Benfica e a sua grandeza”, sublinhou o novo presidente do clube da Luz. “Com 40.085 sócios votantes, tivemos a maior mobilização de sempre em eleições de um clube em Portugal. Por isso, quero agradecer aos milhares de benfiquistas que fizeram questão de dizer presente, num processo eleitoral que decorreu com enorme dedicação e civismo e a todos nos enche de orgulho”, afirmou no discurso de tomada de posse como presidente dos encarnados para o quadriénio 2021-2025.
O resultado das eleições foi divulgado no domingo de manhã: Rui Costa, líder da lista A, foi o candidato vencedor com a esmagadora maioria, amealhando mais de 84% dos votos, batendo o empresário Francisco Benitez, pela lista B, e tornando-se assim o 34.º presidente em 117 anos de história.
Rui Costa, um dos maiores talentos futebolísticos da sua geração, que passou por clubes como Benfica, Fiorentina e AC Milan, garantiu que “o Benfica sai bem mais forte deste processo eleitoral”, graças a “um debate vivo e democrático”, deixando ainda elogios à oposição liderada por Francisco Benitez (que alcançou 12,24% dos votos).
“Quero deixar uma palavra de elogio, na pessoa de Francisco Benitez, a todos os benfiquistas que se candidataram aos mais diversos lugares dos órgãos sociais do nosso clube e que fizerem jus ao seu lema Servir o Benfica, contribuindo para esta eleição histórica”, afirmou.
O dirigente avançou também que sente uma “responsabilidade acrescida” por ter sido eleito com o maior número de votantes até hoje registado, o anterior registo, de 38.102 votos, nas eleições que aconteceram há menos de um ano, onde Luís Filipe Vieira fora reeleito, tendo, entretanto, renunciado ao cargo, ação que despoletou novamente este processo democrático.
Sucessor do “Vieirismo”?
Tem sido um ano tumultuoso para o Benfica, com o país a ver o seu ex-presidente, no comando do clube durante 18 anos, detido por estar implicado na operação judicial Cartão Vermelho e a apresentar a renúncia da presidência.
Após a saída de Vieira, Rui Costa, vice-presidente da direção anterior, assumiu a presidência do Benfica, tendo, agora, oficializado e legitimado esta posição.
Um dos maiores entraves para a vitória de Rui Costa era ultrapassar a desconfiança dos benfiquistas que o consideram como o “príncipe herdeiro de Luís Filipe Vieira”, começando pela forma como agendou eleições antecipadas, impossibilitando os seus adversários de preparem uma campanha com o devido tempo.
No entanto, após a vitória, o mais recente presidente do SLB deixou palavras elogiosas ao empresário que foi detido em julho. “Sucedo a Luís Filipe Vieira, cuja obra de recuperação e consolidação do Benfica ao longo de 18 anos merece o melhor dos reconhecimentos. Mas, amanhã, inicia-se um novo ciclo, com redobrada ambição no futuro. Para isso, temos de nos unir para sermos ainda mais fortes, respeitando a diversidade, mas unidos na ação, porque a causa que nos une é o glorioso SLB”, disse Rui Costa.
“É a esta família que expresso o meu compromisso de tudo fazer para honrar esta confiança. O nosso objetivo é ganhar, ganhar sempre onde estivermos presentes. É essa a prioridade absoluta e tudo o resto terá de ser feito para que isso se concretize. Vamos a isto e à Benfica”, garantiu Rui Costa.
Luís Filipe Vieira, que, entretanto, foi libertado da prisão domiciliária, apresentou-se no Pavilhão n.º 2 da Luz para entregar o seu voto. Recebido com apupos por parte dos adeptos, o ex-presidente aproveitou para falar aos meios de comunicação, assegurando nunca ter lesado ou roubado o Benfica.
“Não consegui acabar ainda aquilo que pensei. Todos sabem o que se passou comigo, mas quero adiantar a todos os benfiquistas que não lesei, nem nunca roubei o Benfica. Que fique claro para toda a gente”, disse Vieira à BTV, nas suas primeiras declarações desde a detenção.