A arrogância do poder


O país não sai da cepa torta, apesar dos números da economia serem animadores mas, como quase sempre, com impacto quase nulo na vida do dia-a-dia dos portugueses. E, como canta Fausto, “assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal”.


“Se quiseres pôr à prova o caráter de um homem, dá-lhe poder”.

Abraham Lincoln

 

Como sai o primeiro-ministro/secretário-geral António Costa desta “vitória” nas autárquicas?

Percebeu o aviso? Não me parece.

A arrogância é a mesma, a falta de vontade de ouvir a população
é evidente. A manutenção de um Governo que, por um lado, se está a transformar num “saco de gatos” e, por outro, onde se mantêm impávidos ministros que, há muito, deviam estar em casa, é a prova da altivez de António Costa, convencido pelas sondagens de que a vitória nas próximas legislativas “está no papo”.

Sondagens? Talvez valha a pena ter algum cuidado.

Este é o mesmo António Costa que há semanas atrás ameaçou com voz grossa uma empresa privada, prometendo dar-lhe “uma lição exemplar”, e atacava o governo regional da Madeira, afirmando, no que respeita à sua relação com o Governo da República, que “pela frente são só sorrisos, mas, por trás, lá vem a facada.”

Quanto a facadas, Costa sabe do que fala.

Enquanto, em plena campanha eleitoral, agitava o saco de dinheiro da “bazuca”, prometendo “mundos e fundos” nos concelhos onde apoiava os candidatos socialistas, o primeiro-ministro, com o fato de secretário-geral do PS, ou vice-versa, passava por Matosinhos onde ameaçava a Galp por ter encerrado a refinaria, o que é conhecido desde finais de 2020, sem que, na altura, o Governo se tivesse pronunciado.

Já agora, no que respeita a Coimbra, ficamos à espera da prometida maternidade.

Em maio deste ano, numa conferência promovida pelo grupo socialista do Parlamento Europeu, António Costa referiu-se ao encerramento da refinaria de Matosinhos, como “um exemplo dos desafios que se colocam no domínio ambiental e que exigem um pilar forte na Europa para criação de oportunidades de emprego”.

“Foi um enorme ganho para a redução das emissões, mas, também, um enorme problema, pela necessidade de garantir emprego a todos aqueles que aqui trabalham” – acrescentou.

 Estas palavras sensatas contrastam com as ameaças recentes, em tom de campanha eleitoral.

Já agora, que “lição exemplar” promete António Costa dar à Galp? E para quando? O Governo vai deixar de ter os cartões de abastecimento da sua frota automóvel daquela empresa, por exemplo?

A ausência de oposição, por um lado, e o facto de ter amarrados o PCP e o BE, que agora estrebucham e ameaçam chumbar o Orçamento do Estado, dão a António Costa a esperança de continuar no poder e, com essa esperança, um evidente crescendo de arrogância, ao mesmo tempo que o partido e seus apaniguados invadem o Estado e criam uma teia de compadrios e interesses que, não sendo inédita, é certamente a maior de sempre.

Enquanto isto, o país não sai da cepa torta, apesar dos números da economia serem animadores mas, como quase sempre, com impacto quase nulo na vida do dia-a-dia dos portugueses.

E, como canta Fausto, “assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal”.

 

Jornalista


A arrogância do poder


O país não sai da cepa torta, apesar dos números da economia serem animadores mas, como quase sempre, com impacto quase nulo na vida do dia-a-dia dos portugueses. E, como canta Fausto, “assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal”.


“Se quiseres pôr à prova o caráter de um homem, dá-lhe poder”.

Abraham Lincoln

 

Como sai o primeiro-ministro/secretário-geral António Costa desta “vitória” nas autárquicas?

Percebeu o aviso? Não me parece.

A arrogância é a mesma, a falta de vontade de ouvir a população
é evidente. A manutenção de um Governo que, por um lado, se está a transformar num “saco de gatos” e, por outro, onde se mantêm impávidos ministros que, há muito, deviam estar em casa, é a prova da altivez de António Costa, convencido pelas sondagens de que a vitória nas próximas legislativas “está no papo”.

Sondagens? Talvez valha a pena ter algum cuidado.

Este é o mesmo António Costa que há semanas atrás ameaçou com voz grossa uma empresa privada, prometendo dar-lhe “uma lição exemplar”, e atacava o governo regional da Madeira, afirmando, no que respeita à sua relação com o Governo da República, que “pela frente são só sorrisos, mas, por trás, lá vem a facada.”

Quanto a facadas, Costa sabe do que fala.

Enquanto, em plena campanha eleitoral, agitava o saco de dinheiro da “bazuca”, prometendo “mundos e fundos” nos concelhos onde apoiava os candidatos socialistas, o primeiro-ministro, com o fato de secretário-geral do PS, ou vice-versa, passava por Matosinhos onde ameaçava a Galp por ter encerrado a refinaria, o que é conhecido desde finais de 2020, sem que, na altura, o Governo se tivesse pronunciado.

Já agora, no que respeita a Coimbra, ficamos à espera da prometida maternidade.

Em maio deste ano, numa conferência promovida pelo grupo socialista do Parlamento Europeu, António Costa referiu-se ao encerramento da refinaria de Matosinhos, como “um exemplo dos desafios que se colocam no domínio ambiental e que exigem um pilar forte na Europa para criação de oportunidades de emprego”.

“Foi um enorme ganho para a redução das emissões, mas, também, um enorme problema, pela necessidade de garantir emprego a todos aqueles que aqui trabalham” – acrescentou.

 Estas palavras sensatas contrastam com as ameaças recentes, em tom de campanha eleitoral.

Já agora, que “lição exemplar” promete António Costa dar à Galp? E para quando? O Governo vai deixar de ter os cartões de abastecimento da sua frota automóvel daquela empresa, por exemplo?

A ausência de oposição, por um lado, e o facto de ter amarrados o PCP e o BE, que agora estrebucham e ameaçam chumbar o Orçamento do Estado, dão a António Costa a esperança de continuar no poder e, com essa esperança, um evidente crescendo de arrogância, ao mesmo tempo que o partido e seus apaniguados invadem o Estado e criam uma teia de compadrios e interesses que, não sendo inédita, é certamente a maior de sempre.

Enquanto isto, o país não sai da cepa torta, apesar dos números da economia serem animadores mas, como quase sempre, com impacto quase nulo na vida do dia-a-dia dos portugueses.

E, como canta Fausto, “assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal”.

 

Jornalista